Dona da história mais rica do futebol mundial, a Seleção Brasileira completou 110 anos no domingo, dia 21 de julho. A data faz alusão ao primeiro jogo da equipe, disputado em 1914 contra o time inglês Exeter City, nas Laranjeiras. A partida foi vencida pelo Brasil por 2 a 0, com gols de Oswaldo Gomes e Osman.
Ainda em um período em que esportes como turfe, ciclismo, remo e críquete reinavam, a Seleção Brasileira surgiu e ajudou a transformar o futebol na paixão nacional do povo brasileiro.
Dois meses depois do primeiro jogo, a equipe levantou sua primeira taça: a Copa Roca, conquistada diante da Argentina em 27 de setembro de 2014, graças à vitória por 1 a 0, com tento de Rubens Sales.
“Gostaria de parabenizar todos os atletas que vestiram o uniforme da Seleção Brasileira nesta data marcante e fizeram da Amarelinha a camisa mais pesada dio futebol mundial.
A Seleção Brasileira é o nosso maior orgulho e símbolo da identidade nacional. A CBF vai investir cada vez mais na formação de grandes times tanto no futebol de campo quanto nas outras modalidades. Essa é nossa missão principal”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
INVESTIMENTO NÃO PARA
Só no ano passado, a CBF investiu quase R$ 200 milhões para financiar as Seleções. No total, a entidade é responsável por 16 Seleções (no futebol de campo, futsal e Beach Soccer). As “Seleções Inclusivas” também contam com o apoio da CBF. A Seleção de Futsal Nanismo disputou no ano passado a primeira Copa do Mundo da modalidade.
Neste ano, o Brasil já foi hexacampeão mundial de Beach Soccer e a Seleção Feminina se prepara na França para disputar os Jogos Olímpicos de Paris a partir da próxima semana. A estreia será diante da Nigéria, na quinta-feira (25), em Bordeaux, na França.
Em 2023, as Seleções disputaram mais de 160 partidas e conquistam 17 títulos. O principal foi a conquista da medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos de Santiago depois de mais de 30 anos sem o Brasil subir no lugar mais alto do pódio. Além de iniciar uma novo ciclo na principal, as Seleções de base mantiveram a hegemonia no continente vencendo o Sul-Americano sub-20 e sub-17.
“Estamos sempre crescendo os patrocínios para reverter cada vez mais recursos para ajudar na preparação da nossa equipe”, acrescentou Ednaldo Rodrigues.
MAIOR DO MUNDO
Berço de talentos, o Brasil sempre produziu craques que brilharam com o uniforme nacional e que foram pilares de uma época na qual o país ainda engatinhava no esporte. Entre eles, estão jogadores como Leônidas da Silva, Ademir Menezes, Zizinho e Heleno de Freitas, primeiros ídolos da Seleção Brasileira.
Antes da criação da Copa do Mundo, o Brasil buscava lograr sua relevância no cenário sul-americano, vencendo as Copas América de 1919 e 1922, frente ao protagonismo de Argentina e Uruguai, que foram multicampeões das edições inaugurais do torneio continental, chamado de Campeonato Sul-Americano até 1967.
Embora não tenha sido campeão do Mundial de 1930, a presença do Brasil foi importante porque marcou o início da trajetória do único país a participar de todas as edições do principal campeonato de seleções do mundo.
Em 1950, a Copa teve o Brasil como sua casa. O Maracanã, um dos grandes palcos do futebol mundial, foi erguido para o torneio e recebeu a decisão entre Brasil e Uruguai. Cerca de 200 mil torcedores assistiram ao jogo nas arquibancadas e choraram com a derrota do selecionado brasileiro por 2 a 1 para os sul-americanos.
Até então, a Seleção entrava em campo de branco e não vestia a Amarelinha, que começou a ser utilizada nas Eliminatórias para a Copa de 1954. Para decidir o uniforme, a Confederação Brasileira de Desportos e o jornal Correio da Manhã lançaram um concurso com participação aberta ao público, que poderiam enviar opções de uniformes com as cores do Brasil. Com a proposta da camisa verde e amarela e short azul, Aldyr Schlee foi o vencedor da iniciativa e eternizou a camisa mais pesada do futebol mundial.
Em seu livro secular de histórias, a Seleção Brasileira viveu capítulos difíceis como o do Maracanazo. A tristeza da perda do título, porém, foi superada oito anos depois pelos fãs brasileiros, que escutaram pelas ondas do rádio oriundas da Suécia que o Brasil havia conquistado a Copa de 1958, graças, em grande parte, à inventividade de Mané Garrincha e ao início do reinado do jovem Rei Pelé, aos 17 anos. Em campo, a equipe goleou os donos da casa por 5 a 2, com dois gols de Pelé e de Vavá e um de Zagallo.
OS ÚNICOS PENTA
Seleção Brasileira conquista seu primeiro título mundial em 29 de junho de 1958
Seleção Brasileira conquista seu primeiro título mundial em 29 de junho de 1958
Créditos: Divulgação
Diante da torcida sueca, chocada com a vitória brasileira, o primeiro capitão campeão mundial pela Seleção, o zagueiro Bellini, ergueu a Jules Rimet e eternizou o ato repetido até hoje em comemorações de título. Vicente Feola foi o treinador da equipe durante o campeonato.
No Mundial seguinte, em 1962, a Seleção repetiu a dose. Daquela vez, a sede foi o Chile. Sem o brilho de Pelé, machucado ainda na primeira fase, Garrincha conduziu a equipe à vitória na final por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia na final. Amarildo, Zito e Vavá balançaram as redes para a conquista, que teve Aymoré Moreira como técnico.
Eliminada na primeira fase em 1966, o Brasil chegou à Copa do Mundo de 1970 com um esquadrão histórico comandado por Zagallo. Do meio para a frente, a Amarelinha tinha uma série de craques: Pelé, Jairzinho, Rivellino, Gérson, Tostão e Clodoaldo, além do capitão Carlos Alberto Torres na lateral.
Foi com essa equipe que a Seleção Brasileira chegou ao Tri, no México, goleando a Itália na decisão por 4 a 1, com gols de Pelé, Gérson, Carlos Alberto Torres e Jairzinho, que, inclusive, se tornou o primeiro atleta a balançar as redes em todos os jogos de uma edição de Mundial e ficou conhecido como Furacão da Copa.
Apesar dos três títulos em quatro Copas do Mundo, a Seleção conviveu com um jejum que perdurou até 1994. Nesse hiato, o Brasil se emocionou com a eliminação da Copa de 1982. Reconhecida mundialmente pelo futebol bonito, o time de Telê Santana, composto por craques como Leandro, Zico, Falcão, Sócrates e Júnior, foi derrotado pela Itália nas quartas de final.
Nos Estados Unidos, a Seleção levantou a taça da Copa do Mundo pela quarta vez. O Tetra veio sob o comando de Carlos Alberto Parreira, a coordenação técnica de Zagallo, a capitania de Dunga e com o talento dos jogadores, como Taffarel, Branco, Mauro Silva, Bebeto e Romário.
O Velho Lobo, aliás, fez história e se tornou o único tetracampeão mundial – já havia conquistado dois como jogador em 1958 e 62 e um como treinador em 1970.
Em 2002, após o vice-campeonato mundial de 1998, a Amarelinha conquistou o Penta, no Mundial da Coreia do Sul e do Japão. O título consolidou a Seleção Brasileira como a única pentacampeã mundial, com uma geração formada por Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Cafu e Roberto Carlos e liderada por Luiz Felipe Scolari, o Felipão.
Em meio ao período até o Mundial de 1994, a Seleção Brasileira Feminina disputou sua primeira Copa do Mundo. Foi na edição de 1991, organizada na China. Desde então, as brasileiras seguem em busca do primeiro título da competição e estiveram mais perto da conquista em 1999, com o terceiro lugar, e em 2007, ficando com o vice-campeonato para a Alemanha.
MULHERES FAZENDO HISTÓRIA COM A AMARELINHA
De lá para cá, o futebol feminino cresceu no Brasil e, naturalmente, apareceram craques e ídolos para as novas gerações. Marta, Formiga e Cristiane, além de Sissi e Pretinha, são algumas referências cujo desempenho pela Seleção Feminina foi importante não só para a popularização da modalidade no país, mas principalmente para naturalizar o sucesso de uma mulher jogando futebol e brilhando com a Amarelinha.
TÍTULOS E MAIS TÍTULOS
Mas a história das Seleções Brasileiras não é feita apenas de Copas do Mundo, mas também de outras competições relevantes no cenário sul-americano e mundial. A categoria masculina conquistou a Copa América nove vezes (1919, 1922, 1949, 1989, 1997, 1999, 2004, 2007 e 2019), a Copa das Confederações em quatro oportunidades (1997, 2005, 2009 e 2013), além de duas medalhas de ouro nas Olimpíadas (Rio 2016 e Tóquio 2020).
Já a Seleção Feminina é a maior campeã da Copa América, com oito títulos (1991, 1995, 1998, 2003, 2010, 2014, 2018 e 2022), ficou com a medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas 2004 e Pequim 2008 e garantiu a medalha de ouro em três Jogos Pan-Americanos (Santo Domingo 2003, Rio 2007 e Hamilton 2015).
Além do futebol, a Seleção Brasileira também é parte de Beach Soccer e Futsal. Nas quadras de areia, o Brasil alcançou um feito inédito em fevereiro deste ano com a conquista do Hexa em Dubai. Os comandados por Marco Octavio foram os primeiros a conquistar seis títulos mundiais pela Amarelinha.
No Futsal, Masculino e Feminino são dominantes. Em Copas do Mundo, os jogadores levantaram a taça cinco vezes (1989, 1992, 1996, 2008 e 2012) e têm 20 Copas América (1969, 1971, 1973, 1975, 1977, 1979, 1983, 1986, 1989, 1992, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2008, 2011, 2017 e 2024). Em setembro, Marquinhos Xavier estará à frente da equipe na Copa do Mundo no Uzbequistão. Os melhores do mundo Pito e Ferrão estão no grupo convocado.
Já as atletas são hegemônicas no cenário sul-americano: venceram sete das oito edições realizadas (2005, 2007, 2009, 2011, 2017, 2019 e 2023). A equipe conta com a oito vezes melhor jogadora do mundo Amandinha. Em 2025, a FIFA irá realizar a primeira edição da Copa do Mundo Feminina de Futsal.
As Seleções Brasileiras completam 110 anos com a certeza de que ainda há muitas histórias a ser escritas, muitos ídolos para surgirem e muitos títulos.