Cada edição das Olimpíadas traz novidades e os Jogos Olímpicos de 2024 não fogem à regra. Pela primeira vez, o número de atletas mulheres se equipara ao de homens.
“No caso da delegação brasileira, o número de mulheres subiu para 55%”, avisa Vinícius Hirota, professor da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Esportes, localizada na Capital, e membro do núcleo de Educação Física da Cetec Capacitações do Centro Paula Souza (CPS).
O professor lembra que há cem anos, também em Paris, 95,7% dos competidores eram homens. No caso da delegação brasileira, o futebol será representado pela equipe feminina, e a alagoana Marta Vieira da Silva pisará os gramados dos Jogos Olímpicos pela sexta vez, aos 38 anos.
Novas modalidades
A introdução de modalidades esportivas também costuma ocorrer, a exemplo do skate, introduzido na última Olimpíada, em Tóquio, que revelou a brasileira Rayssa Leal, então com 13 anos.
Na época, estrearam também o surf, a escalada esportiva e o rugby. Este ano, entram o break e o caiaque cross. “A intenção do comitê olímpico é atrair cada vez mais a audiência jovem”, explica Hirota.
Com foco na sustentabilidade, Paris se prepara com muitos recursos tecnológicos. Serão 10 mil câmeras transmitindo os jogos ao mundo em tempo real. Em Tóquio, a previsão de emissão de carbono era de 2,7 milhões de toneladas.
No balanço final, o número subiu para 3,5 milhões de toneladas, que a França pretende reduzir pela metade. E está no caminho.
“Apenas 5% dos equipamentos para práticas esportivas necessários serão produzidos”, conta Hirota. Além disso, o uso de ar-condicionado foi desencorajado. Entre outras iniciativas há camas e colchões de material reciclado e o uso, sempre que possível, de energia solar ou geotérmica.
Início na Antiguidade
Paris já recebeu cinco vezes os Jogos Olímpicos – três de verão e dois de inverno. Mas a relação da França com os Jogos é estreita – a competição nasceu na Grécia pela primeira vez, em 776 a.C, e teve um segundo nascimento, em 1896, por insistência de um francês, o Barão de Coubertin, depois de um intervalo de 1,5 mil anos.
Na cidade grega de Olímpia (daí o nome Olimpíadas), as competições eram disputadas no verão, a cada quatro anos, e só foram interrompidas em 393 a.C, com a ocupação do exército romano.
O maior evento do mundo reúne delegações de 200 países e tem como símbolo cinco arcos conectados, representando os cinco continentes. Desta vez, a imagem-ícone da capital francesa, a torre Eiffel, estará representada nas medalhas, que levam uma pequena quantidade do ferro da torre na sua composição.
Rompendo limites
A cada edição, aumentam os limites a serem ultrapassados pelos atletas. “Os treinamentos vêm sendo aperfeiçoados e algumas modalidades esportivas sofrem mudanças”, comenta Hirota.
Há modalidades, porém, em que é difícil superar as marcas anteriores. “Quem vai ultrapassar os 9 segundos e 58 décimos nos 100 metros rasos do jamaicano Usain Bolt?”
O professor acompanhou a delegação brasileira dos Jogos Paralímpicos, em 2016, atuando na arbitragem da natação, quando o Rio de Janeiro sediou o evento.
Ele é um grande entusiasta dos esportes e dos valores que eles representam: a amizade, a colaboração e o fair play. Para Hirota, a beleza dos Jogos Olímpicos é o esforço de anos para um resultado de segundos.
“Imagine que, das 33 edições que já assistimos, só há 33 medalhas de ouro para uma modalidade, uma conquista a cada quatro anos. O atleta tem que se dedicar, ter comprometimento e resiliência, trabalhar muito. Depois de tudo, 20 segundos definirão a conquista de uma final”.