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Ibovespa sobe e volta a renovar recorde, perto dos 137 mil pontos; dólar tem leve alta

Em Nova York, enquanto o Dow Jones fechou o dia em leve alta de 0,16%, o S&P 500 e o Nasdaq cederam, respectivamente, 0,32% e 0,85%

O Ibovespa iniciou a semana como fechou a anterior, em alta, acompanhando nesta segunda-feira, 26, o aumento das tensões no Oriente Médio, em Israel e no sul do Líbano, o que deu impulso na casa de 3% para os preços do petróleo na sessão, em Londres e Nova York. Na B3, Petrobras (ON +8,96%, PN +7,26%) segurou a ponta positiva do Ibovespa. No fechamento, o índice mostrava alta de 0,94%, aos 136.888,71 pontos, tendo se reaproximado do recorde histórico durante a sessão, ao marcar 137.013,05 no melhor momento, perto dos 137 039,54 pontos do intradia da última quarta, 21. Para o fechamento, a marca de hoje corresponde a nova máxima histórica

O giro ficou em R$ 20,6 bilhões nesta segunda-feira. No mês, o Ibovespa sobe 7,24%, a caminho do melhor desempenho desde novembro de 2023, quando avançou 12,54%. O índice segue rumo, também, ao terceiro ganho mensal consecutivo, colocando a alta do ano, até aqui, a 2,01%. Na ponta do Ibovespa, além de Petrobras, destaque hoje para São Martinho (+3,58%) e Natura (+2,33%). No lado oposto, CVC (-8,00%), Rumo (-2,92%) e Minerva (-2,14%).

Vale ON fechou em alta de 1,13%, o que, combinado ao forte avanço de Petrobras, mais do que compensou o fechamento dos grandes bancos, em tendência negativa na sessão à exceção de BB (ON +0,39%) e de Itaú (PN +0,22%) no encerramento.

“O início de semana foi de direção mista para os ativos de risco lá fora, com poucos indicadores novos disponíveis na sessão, em que ainda se assimilou as falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no fim da semana passada”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, referindo-se ao processo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, com início sinalizado para a próxima reunião do comitê de política monetária (Fomc), em setembro, ainda que não se tenha grande clareza, no momento, para o ritmo em que será efetivado o ajuste

Em Nova York, enquanto o Dow Jones fechou o dia em leve alta de 0,16%, o S&P 500 e o Nasdaq cederam, respectivamente, 0,32% e 0,85%.

“O movimento de hoje no Ibovespa foi muito influenciado por Petrobras e Vale, seguindo a alta do petróleo e do minério de ferro”, nesta abertura de semana, acrescenta o economista. Em Dalian, na China, o principal contrato futuro do minério subiu 3,45%, a US$ 105,33 por tonelada, enquanto, em Cingapura, a alta chegou a 4,31%, o que recolocou a tonelada na casa dos US$ 100 por tonelada, após 12 sessões abaixo desse limiar.

“No Brasil, há desdobramentos importantes na agenda da semana, como a prévia da inflação oficial de agosto, amanhã, com o IPCA-15, e a expectativa para o encaminhamento ao Congresso da PLOA de 2025, o projeto de lei orçamentária para o próximo ano, até o final da semana”, acrescenta Ashikawa.

Na agenda do exterior, destaque na quarta-feira para números trimestrais da Nvidia, importante balizadora do setor de tecnologia nos Estados Unidos, e na sexta-feira para o índice PCE, métrica de inflação ao consumidor acompanhada de perto pelo Federal Reserve, observa Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital.

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“A respirada do Brent, hoje, foi realmente o fator decisivo para que o Ibovespa se reaproximasse de máxima histórica, durante a sessão, com o impulso dado às ações de Petrobras, com peso relevante no índice”, diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos. “O temor global sobre recessão tem ficado para trás”, em relação ao que se viu no começo do mês, o que apoia a recuperação dos preços de commodities como petróleo e minério, observa o analista. Ele destaca também a relativa acomodação do câmbio, que contribui para o avanço do Ibovespa. Nesta segunda-feira, o dólar à vista permaneceu abaixo de R$ 5,50, a R$ 5,4928, em alta de 0,24% no fechamento da sessão.

Dólar

Após alternar sinais ao longo da tarde, dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 26, em leve alta no mercado doméstico. Segundo operadores, após as oscilações abruptas nos dois últimos pregões da semana passada – avanço de 1,98% na quinta-feira, 22, e baixa de 1,99% na sexta-feira, 23 -, investidores tomaram uma postura mais cautelosa à espera de novos sinais sobre a calibragem da política monetária aqui e nos Estados Unidos.

A formação da taxa de câmbio se deu entre forças opostas. De um lado, o sinal predominante de alta da moeda americana no exterior, em correção após o mergulho no fim da semana passada, e o aumento da tensão geopolítica no Oriente Médio jogavam o dólar para cima. De outro, a valorização firme de commodities, em especial do minério de ferro e do petróleo, e relatos de entrada de capital estrangeiro para a bolsa davam força ao real

Com máxima a R$ 5,5130 e mínima a R$ 5,4735, o dólar à vista fechou a R$ 5,4928, em alta de 0,24%. No mês, a moeda acumula desvalorização de 2,87%, o que faz do real a segunda melhor divisa latino-americana no período, atrás apenas do peso chileno

No exterior, o índice DXY – termômetro do comportamento do dólar em relação a um cesta de seis divisas fortes – trabalhou em leve alta ao longo do dia e operava ao redor dos 100,900 pontos no fim da tarde. O dólar também subiu na comparação com a maioria das divisas e de países exportadores. As cotações do petróleo superam mais de 3%, com interrupção de produção na Líbia e o confronto entre Israel e o grupo terrorista Hezbollah, no Líbano

Já incorporado aos preços o início de um processo de corte de juros nos EUA em setembro, após a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, na sexta-feira, os investidores agora aguardam os próximos indicadores para refinar as apostas sobre a magnitude da redução em setembro e o alívio monetário total. Pela manhã, o Departamento de Comércio americano informou que as encomendas de bens duráveis subiram 9,9% em julho, acima da expectativa de analistas (5%).

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o comportamento do dólar no exterior sugere “um pouco mais de aversão de risco”, o que pode refletir o aumento da tensão geopolítica. Há também a expectativa pela agenda pesada da semana, com divulgação da segunda leitura do PIB americano, na quinta-feira, 29, e do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), na sexta-feira, 30. Por aqui, amanhã, 27, sai o IPCA-15 de agosto.

“O mercado parece receoso em tomar uma posição mais significativa, porque o noticiário econômico tende a trazer muita volatilidade”, afirma Borsoi, que vê o fato de o real não ter uma depreciação forte hoje a questões técnicas do mercado de câmbio. “Tivemos uma piora na comunicação do Banco Central, o que prejudicou o real na semana passada. Parece que hoje é um dia de ajuste, com algum fluxo para a bolsa dando certo apoio ao câmbio”.

Pela manhã, em evento em Teresina (PI), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, minimizou eventuais divergências dentro do Comitê de Política Monetária (Copom), que classificou de “granulares”. Galípolo lembrou que o País passa pela primeira experiência de ter um BC autônomo e que “a melhor coisa que pode acontecer com a autonomia” é que “decisões estratégicas” sejam tomadas de forma colegiada. Ele ressaltou que o BC adotou uma postura “dependente dos dados”.

Houve certo desconforto na semana passada com o que analistas classificaram como tom dissonante de integrantes do Copom. Enquanto Galípolo teria adotado um discurso duro, com sinalização de alta iminente da taxa Selic, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, teriam optado por fala mais amena, evitando ratificar as expectativas do mercado.

Para o Rabobank, o real tende a se apreciar com um início de corte de juros pelo Fed em setembro e a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano. O banco holandês projeta taxa de câmbio em R$ 5,20 no fim de 2024 e em R$ 5,18 em dezembro de 2025. O Rabobank ressalva, contudo, que “o lento ajuste das contas públicas nacionais mantém a pressão de incertezas fiscais sobre o real”.

Juros
A ausência de turbulência no mercado de câmbio, com o dólar operando ao redor da estabilidade na comparação com o real, e a especulação em torno de quais serão as indicações do governo federal para a presidência e a diretoria do Banco Central aliviaram as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) no decorrer da tarde. A expectativa de uma leitura mais benigna sobre a inflação no IPCA-15 de agosto, que será divulgado amanhã, também contribuiu para o movimento.

Na primeira etapa do pregão, as taxas chegaram a apresentar viés de alta ao longo da curva, diante da piora nas expectativas de inflação exibidas na Focus – em particular para 2025 – e da expectativa com o discurso do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Em evento no Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), ele reforçou que a interrupção do ciclo de corte de juros no País reflete a cautela e dependência da autoridade monetária em relação a dados, e manteve a porta aberta para um novo aumento da Selic. Ele também classificou como “granulares” eventuais divergências entre os diretores do Banco Central a respeito da política monetária.

Os comentários ficaram dentro do que o mercado esperava e foram mais “organizados” do que os de discursos feitos ao longo da semana passada, que trouxeram ruído à percepção do mercado sobre a rota a ser seguida pelo Banco Central, segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Sem surpresas no conteúdo do discurso, o que chamou a atenção dos investidores foi a antecipação da fala de Galípolo – de 10h para 9h30, aproximadamente – e a justificativa dada pelo presidente do TCE do Piauí, Kennedy Barros, para a mudança no horário. “Vamos correr um pouco com a programação porque o Dr. Galípolo recebeu uma convocação do presidente da República e não vai ficar o tempo que nós gostaríamos”, disse ele, segundo o repórter Cícero Cotrim, do Broadcast.

A “convocação” não consta na agenda nem de Lula nem de Galípolo, que é cotado para assumir o comando do Banco Central em 2025 no lugar do atual presidente, Roberto Campos Neto. Mas a possibilidade de haver uma reunião entre o presidente da República e o diretor do BC ainda nesta segunda-feira aumentou a especulação sobre ele ser indicado ao comando da instituição pelo governo federal. Essa hipótese teria provocado a queda das taxas de DI à tarde, com sucessivas renovações das mínimas intradia.

“Pode ser um efeito direto da maior probabilidade de indicação do Galípolo”, disse Gustavo Okuyama, gestor de renda fixa da Porto Asset. Segundo ele, o impacto nas taxas decorre da expectativa de que a Selic subiria agora, em linha com falas recentes do diretor sobre a possibilidade de um novo aperto na política monetária, abrindo espaço para taxas menores à frente. A Porto Asset espera quatro aumentos sequenciais da Selic de setembro em diante, de 0,25 ponto porcentual cada.

Cristian Pelizza, economista da Nippur Finance, explica que ao sinalizar a possibilidade de alta de juros, a comunicação do Banco Central “afeta os vencimentos curtos com abertura das taxas, mas traz visão de compromisso com meta inflacionária, o que acaba ancorando as expectativas futuras” e resulta em taxas de médio e longo prazo menores.

Cruz, da RB Investimentos, considera que o declínio dos juros futuros seria um reflexo do mercado “dando um voto de confiança no Galípolo, de que o nome dele é melhor do que os que foram especulados, cotados pela ala política do governo”.

A isso, segundo ele, se soma a notícia publicada no fim de semana pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, apontando que Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, e Roberto Paris, chefe da tesouraria do banco, são os nomes mais cotados no mercado financeiro para substituir Galípolo na diretoria de Política Monetária.

Também fica no radar do mercado a divulgação do IPCA-15 amanhã. A expectativa é de que os dados mostrem uma inflação mais controlada do que na leitura anterior. A Porto Asset prevê alta de 0,13% para o índice cheio em agosto ante julho, quando houve avanço de 0,30%.

Pelizza, da Nippur, aponta que alguns dos efeitos inflacionários de meses anteriores estão se dissipando. “A questão do Rio Grande do Sul gerou um pequeno choque que vem amortecendo. No cenário externo o dólar acelerou muito, depois amenizou. As commodities também não tem desgarrado. Quando olha o número em 12 meses fica perto do topo da meta, mas não deve fugir disso”, afirmou.

No fechamento, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 caía a 11,420%, de 11,485% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 diminuía a 11,385%, de 11,469%, e a taxa para janeiro de 2029 recuava a 11,495%, de 11,561%.

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