Pesquisadores da UNITAU e INPE fazem estudo sobre emissão de gases de efeito estufa na região

(Foto: Divulgação/UNITAU)

Com o propósito de sensibilizar a população e contribuir para a criação de políticas públicas voltadas a um melhor planejamento urbano e às ações de reflorestamento de áreas de vegetação nativa degradadas, professores do Mestrado em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté (UNITAU) e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com apoio de alunos bolsistas de iniciação científica da UNITAU e da Unesp São José dos Campos, iniciaram na última semana um estudo no Departamento de Ciências Agrárias.

A pesquisa vai analisar e comparar as emissões de gases de efeito estufa (gás carbônico, metano e óxido nitroso) em diferentes regiões da Mata Atlântica – no Vale do Paraíba, no Litoral Norte e na Serra da Mantiqueira – e em diferentes tipos de uso e ocupação do solo – como plantações, áreas de pastagens e de vegetação nativa.

O experimento já foi realizado pela UNITAU e pelo INPE em outras regiões e biomas do Brasil e consiste basicamente em instalar aneis e câmaras de PVC nas áreas estudadas e coletar, com a ajuda de seringas e vials (frascos), os gases de emitidos pelo solo e que ficam concentrados no interior dessas câmaras.

As amostras são analisadas em laboratório por cromatografia gasosa (técnica para separação e análise de misturas).

“A emissão de gases de efeito estufa pelo solo ocorre devido à atividade de micro-organismos presentes no ambiente. Esses micro-organismos, ao respirarem e se alimentarem, são ativados pela umidade, calor e radiação solar.

Com essas condições, a matéria orgânica é consumida, resultando na produção e liberação desses gases”, explica o Prof. Dr. Willian José Ferreira, professor do Mestrado em Ciências Ambientais da UNITAU e pesquisador do INPE.

Ao longo do ano, com a variação da radiação solar, temperatura e regime hídrico, a produção de gases no solo também flutua. Em áreas de vegetação nativa, apesar de serem mais frescas, a alta umidade e a conservação dos micro-organismos podem intensificar a emissão de gases.

No entanto, o pesquisador ressalta que a cobertura vegetal é capaz de autorregular o ambiente, absorvendo os gases gerados no solo. Em contrapartida, em áreas desmatadas para cultivo agrícola ou criação de pastagem, essa autorregulação é comprometida.

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“Isso pode agravar o aquecimento global e as consequências do efeito estufa. Embora áreas florestais possam emitir mais gases do solo devido à intensa atividade microbiana, elas geralmente sequestram mais carbono em comparação a áreas desmatadas ou agrícolas, onde a capacidade de sequestro é significativamente menor. Contudo, é importante destacar que não estamos medindo a emissão total de gases de efeito estufa do sistema, mas sim o que está sendo liberado do solo.

Se a área tem vegetação capaz de absorver os gases gerados, é isso que nos importa. Chamamos isso de inventário de gases de efeito estufa. O problema é que essa autorregulação não ocorre em áreas de pastagem ou agricultura”, explica o pesquisador.

A pesquisa, que teve início na região Metropolitana do Vale do Paraíba na última semana, já foi realizada no Cerrado e na Caatinga, onde a expansão agropecuária tem levado à substituição de florestas por outros usos do solo.

“Na nossa região, investigamos se a Mata Atlântica está perdendo a capacidade de resiliência e autorregulação. Com a expansão urbana, comercial e industrial, a agricultura e a pastagem estão avançando sobre áreas antes ocupadas por vegetação nativa.

Isso já é bastante evidente em diversos setores da Serra da Mantiqueira, por exemplo”, destaca o professor do Mestrado em Ciências Ambientais da UNITAU.

Com o estudo, os pesquisadores buscam obter dados que revelem o impacto das mudanças no uso e ocupação do solo, visando sensibilizar a população e apoiar o poder público no planejamento urbano, além de contribuir para a formulação de políticas que promovam a conservação da vegetação nativa.

Pesquisa vai comparar emissões em diferentes regiões
A primeira etapa da pesquisa realizada no Departamento de Ciências Agrárias da UNITAU tem como objetivo validar a metodologia de coleta de dados aplicada em outras regiões do país, agora adaptada ao estudo iniciado no Vale do Paraíba.

Após a análise dos dados iniciais e validação da metodologia, o projeto será expandido para o Litoral Norte e a Serra da Mantiqueira. Essa expansão permitirá a criação de um comparativo sobre as emissões de gases de efeito estufa nas diferentes regiões e em variados tipos de uso do solo.

Mestrado em Ciências Ambientais está com inscrições abertas
O Mestrado Acadêmico em Ciências Ambientais da UNITAU estimula o desenvolvimento de pesquisas e propostas de soluções para os problemas contemporâneos atuais, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, visando a Agenda 2030.

O programa de Mestrado em Ciências Ambientais está com inscrições abertas. Para saber mais acesse unitau.br/pos-graduacao.

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