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Gripe aviária: novo caso em humanos nos EUA é diferente e levanta preocupações

O surto atual de gripe aviária afetou rebanhos leiteiros em 14 Estados norte-americanos

Um novo caso de gripe aviária em humanos confirmado no Estado de Missouri, nos Estados Unidos, está sendo visto como um sinal de que o vírus pode representar uma ameaça cada vez maior a humanos. O novo caso, divulgado na semana passada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e autoridades estaduais, é o primeiro nos EUA neste ano que não está ligado a uma exposição conhecida a animais.

O surto atual de gripe aviária afetou rebanhos leiteiros em 14 Estados norte-americanos. Até agora 13 trabalhadores em fazendas leiteiras e granjas de aves no país foram infectados.

O CDC tem dito há meses que o risco do vírus para o público em geral é baixo, mas que trabalhadores rurais devem tomar precauções. O aparente surgimento de um paciente sem vínculos conhecidos com animais é algo significativo.

A professora de epidemiologia Jennifer Nuzzo, da Universidade Brown, disse estar preocupada com a ameaça aos trabalhadores rurais, e o novo caso pode ampliar essa ameaça. “Se o vírus adquirisse a capacidade de infectar humanos com mais facilidade e se espalhar entre eles, estaríamos enfrentando outra pandemia”, disse Nuzzo.

Muitas questões sobre o caso do Missouri ainda permanecem sem resposta.

“Não acho que estamos vendo sinais de muitas outras pessoas sendo infectadas, mas esperamos estar à frente desse vírus”, afirmou Nuzzo.

O CDC ainda não determinou se o vírus que infectou o paciente de Missouri é o mesmo que está circulando entre o gado leiteiro. Embora o vírus de Missouri pertença ao amplo grupo H5 de vírus da influenza aviária, levará tempo para saber se é um vírus H5N1 e se suas impressões genéticas correspondem às do vírus que está se espalhando pelas fazendas leiteiras.

Embora centenas de pessoas tenham contraído o H5N1 desde que os primeiros casos em humanos foram identificados, em 1997, a transmissão de humano para humano tem sido extremamente rara. Os vírus de gripe aviária que evoluíram para se espalhar eficientemente entre humanos causaram várias pandemias no último século.

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“A última pandemia de gripe que tivemos se espalhou pelo mundo em semanas”, disse Nuzzo, referindo-se à pandemia de H1N1 de 2009, que apareceu pela primeira vez na Califórnia em abril daquele ano e, em junho, já havia se espalhado para todos os Estados e mais de 70 países. “Essa é a rapidez com que a gripe se espalha. Esse vírus atualmente não tem essa capacidade, mas tememos que possa adquiri-la.”

Carol Cardona, cientista especializada em gripe aviária e professora de saúde aviária na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Minnesota, disse que o caso de Missouri “não é bom”. O caso coloca em dúvida se a vigilância atual do vírus em animais é suficiente, disse. “Estou decepcionada com meus colegas de saúde animal e veterinários por não conseguirmos controlar isso.”

O CDC não divulgou muitos detalhes sobre a investigação do caso em Missouri. A agência disse na sexta-feira que o paciente foi hospitalizado, mas posteriormente teve alta e se recuperou. O Departamento de Saúde e Serviços para Idosos de Missouri informou em comunicado na sexta-feira que a pessoa foi hospitalizada em 22 de agosto. O CDC confirmou o teste positivo para H5 na última quinta-feira.

Nuzzo disse que o novo caso em Missouri a deixa cada vez mais preocupada com a possibilidade de transmissão entre humanos. Respostas para perguntas sobre onde o paciente contraiu a doença e se ele a transmitiu para alguém poderiam resolver essas preocupações, afirmou. “Acho que não temos escolha a não ser operar supondo o pior cenário”, disse Nuzzo. “O perigo aqui é subestimar a situação, não exagerar.”

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