Na quarta-feira (18), o governador Tarcísio de Freitas assinou o decreto que renomeia a Escola Técnica Estadual (Etec) de Heliópolis, que passa a se chamar Etec Heliópolis – Arquiteto Ruy Ohtake.
Trata-se de uma homenagem ao autor do projeto arquitetônico da unidade, falecido em novembro de 2021, aos 83 anos.
A escola integra o Centro de Convivência de Heliópolis. O governador também inaugurou a revitalização da unidade. As obras, iniciadas em setembro de 2023 e concluídas em agosto de 2024, tiveram um investimento de mais de R$ 1,1 milhão.
“A palavra deste evento é gratidão à obra, ao trabalho e a toda dedicação desse mestre da arquitetura. Um trabalho voluntário de quem resolveu doar à sociedade todo seu talento”, ressaltou o governador.
O secretário de Tecnologia, Ciência e Inovação, Vahan Agopyan, lembrou que o arquiteto lutava para fazer uma sociedade melhor e mais bonita.
“Preciso agradecer também ao Ricardo Ohtake, responsável pelo Instituto Tomie Ohtake, que tanto incentiva e preserva a cultura brasileira.” Ele se referia ao irmão de Ruy, que compareceu ao evento acompanhado de Rodrigo, filho do arquiteto já falecido.
A diretora-superintendente do Centro Paula Souza (CPS), Laura Laganá, destacou que a Etec de Heliópolis é fruto da iniciativa e generosidade de Ohtake. “Ele foi um ser humano brilhante, visionário e, acima de tudo, apaixonado por Heliópolis.”
As obras na Etec, que tem 1.074 alunos, envolveram pintura interna e externa do prédio, incluindo portas e janelas; troca de forro; pintura da quadra poliesportiva com reforma dos gradis e manutenção da cobertura da escola.
Para o Centro Paula Souza, Ohtake projetou também a Etec de Esportes – Curt Walter Otto Baumgart, localizada na zona norte da Capital.
Patrono
Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), em 1960, o arquiteto Ruy Ohtake foi responsável por mais de 300 projetos no Brasil e no exterior.
Filho da artista plástica Tomie Ohtake, imprimiu sua marca em obras de usos diversos, como o Instituto Tomie Ohtake, os hotéis Renaissance e Unique, em São Paulo, e o prédio da Embaixada do Brasil em Tóquio.
A relação da construção com a rua, privilegiando o espaço público, tornou-se uma assinatura do arquiteto. Conhecido pela simpatia e generosidade, não se furtou a abraçar a arquitetura social.
Aluno e admirador de Vilanova Artigas (1915-1985) e amigo de Oscar Niemeyer (1907-2012), Ohtake começou a trabalhar em Heliópolis, voluntariamente, em 2003, e logo desenharia os edifícios que ficaram conhecidos como “redondinhos”, marcando a paisagem de São Paulo.
Naquele ano, uma revista de grande circulação atribuiu ao arquiteto a afirmação de que Heliópolis era o bairro mais feio de São Paulo.
Mas ele havia dito, na verdade, que o que havia de mais feio na cidade era a diferença entre os bairros ricos e os destinados à população de baixa renda como, por exemplo Morumbi e Heliópolis. Mas o estrago estava feito e João Miranda, líder comunitário local, entrou em contato com o arquiteto.
Não queria cobrá-lo pelo que soou como um desaforo. Miranda pediu sua ajuda. Se Heliópolis era feia, que colaborasse para torná-la mais bonita. Ruy Ohtake aceitou o convite e cumpriu o prometido.
Herança
A herança de Ohtake para Heliópolis inclui os “redondinhos” – 19 edifícios de cinco andares, sem elevador, com quatro apartamentos por pavimento (o térreo dispõe de dois apartamentos, destinados a moradores com pouca mobilidade), voltados à moradia popular.
Embora pareça uma decisão estética, a opção pela planta de formato circular tinha como objetivo, além de eliminar os corredores, evitar as quinas dos blocos, já que a construção circular permite ventilação e iluminação adequados.
Ele também projetou junto aos edifícios equipamentos para a brincadeira das crianças, uma quadra e área livre para o encontro dos moradores no espaço em que os carros não são permitidos.
O bairro ganhou também quadra, biblioteca e outros espaços. Conhecido pela simpatia e generosidade, Ruy Ohtake era sempre recebido calorosamente na comunidade.