O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na segunda-feira, 23 de setembro, um prêmio pelas políticas de combate à fome e à pobreza implementadas durante seus três mandatos na Presidência da República. O reconhecimento foi dado na premiação anual da iniciativa Goalkeepers, organizada pela Fundação Bill e Melinda Gates, em Nova York, nos Estados Unidos.
“A obsessão que eu tenho para tentar cuidar de combater a fome no mundo é exatamente pela minha origem. Eu nasci num estado muito pobre do Nordeste e, com sete anos de idade, a minha mãe teve que se retirar do Nordeste para São Paulo, com oito filhos menores, na perspectiva de fazer os filhos sobreviverem”, ressaltou o presidente Lula no início de sua fala.
Antes de entregar o prêmio ao presidente Lula, o filantropo e fundador da Microsoft, Bill Gates, exaltou a atuação do líder brasileiro no enfrentamento à fome. “Presidente Lula, sua jornada, de uma experiência com fome na infância até se tornar um líder global, é verdadeiramente inspiradora. O seu trabalho nos mostra que todos nós podemos ter a visão que programas concretos podem realmente gerar progressos incríveis para deixar cada criança crescer e prosperar”, declarou Gates.
Lula demonstrou sua indignação com a persistência da fome no mundo e defendeu que os líderes globais tomem atitudes para acabar com essa mazela. “É inadmissível que no século 21, num mundo com alta tecnologia, a gente tenha criança que vai dormir de noite sem comer, e levanta de manhã sem ter um pão com manteiga para tomar café. A fome não é um fenômeno da natureza. A fome é a irresponsabilidade dos governantes do mundo que não querem enxergar as pessoas mais pobres, que não cuidam da necessidade de distribuição de alimentos”, afirmou.
POLÍTICAS PÚBLICAS — O presidente citou como exemplos de ações brasileiras de combate à fome e à pobreza o programa Bolsa Família e a política de valorização do salário mínimo. “O Bolsa Família, eu diria, sem medo de errar, que é possivelmente a experiência mais bem-sucedida de combate à fome no mundo”, disse. Lula lembrou que tentou levar o programa para países africanos e latino-americanos, mas pontuou que “ele só pode ser executado se houver decisão política de governo”.
Lula também salientou o compromisso de tirar novamente o Brasil do mapa da fome até o fim do seu terceiro mandato como presidente, em 2026. “Nós conseguimos acabar com a fome em 2014, e depois que eu voltei à presidência, agora em 2023, nós encontramos 33 milhões de pessoas com fome outra vez. Já tiramos 24,5 milhões de pessoas [da fome]. E, até 2026, eu quero outra vez apresentar ao mundo o Brasil sem fome”, declarou.
ALIANÇA GLOBAL — O presidente pontuou, ainda, que o problema da miséria no mundo será resolvido, efetivamente, por meio de políticas públicas. Por isso, destacou que a presidência brasileira no G20 lançará a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, durante a Cúpula de Líderes do grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo, agendada para os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. “No G20, nós vamos discutir três coisas importantes: a questão da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a questão da transição energética e da governança mundial”, elencou.
ENTIDADE — A Fundação Bill e Melinda Gates, fundada em 2000, é uma das maiores entidades de caridade privada do mundo. Ela é responsável pelo evento Goalkeepers, que na edição de 2024 destaca soluções para manter as pessoas saudáveis e nutridas em um mundo em rápido aquecimento.