O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursou na Assembleia-Geral da ONU pela primeira vez desde o início da guerra no Oriente Médio. Com uma assembleia esvaziada após a retirada de delegações em protesto, Netanyahu repetiu que vai continuar a campanha para destruir a milícia xiita Hezbollah, no Líbano, e ameaçou o Irã. “Se vocês nos atacarem, nós os atacaremos”, declarou.
Mais de uma vez no discurso, Netanyahu disse que o Irã é responsável pela crise no Oriente Médio e que Israel quer a paz. “Por muito tempo, o mundo apaziguou o Irã. Esse apaziguamento deve acabar”, disse.
Líderes mundiais usaram a reunião anual da ONU em Nova York nesta semana para pedir um fim urgente dos combates na Faixa de Gaza e no Líbano, e para alertar sobre o risco de uma guerra regional maior no Oriente Médio. A proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos e aliados é um possível primeiro passo, mas as perspectivas de paz são pequenas. Tanto Israel quanto o Hezbollah sinalizam que irão rejeitá-la.
Na ONU, Netanyahu retratou a derrota do Hezbollah como uma missão existencial para Israel e chamou o grupo de “um exército terrorista empoleirado em nossa fronteira norte”. Ele não mencionou a proposta de cessar-fogo para o conflito. “Continuaremos destruindo o Hezbollah até que todos os nossos objetivos sejam alcançados”, disse.
O premiê discursou utilizando imagens, como fez em outras ocasiões, e defendeu a resposta de Israel ao ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, considerado o pior ataque contra os judeus desde o Holocausto. A resposta devastou a Faixa de Gaza e deixou mais de 40 mil mortos, dos quais há milhares de civis e crianças.
Netanyahu ainda afirmou que foi a Assembleia-Geral para “responder as mentiras” que ouviu de outros líderes ao longo da semana. “Eu não pretendia vir aqui este ano. Meu país está em guerra lutando por sua vida”, disse. “Mas depois que ouvi as mentiras e calúnias dirigidas ao meu país por muitos dos oradores neste pódio, decidi vir aqui e esclarecer as coisas.”
A relação entre a ONU e Israel atingiu um ponto baixo no ano passado. Autoridades da ONU criticam abertamente a conduta dos militares israelenses em Gaza, e alguns acusam Israel de cometer crimes de guerra, e responsabilizam o país por ter bombardeado algumas instalações da organização, incluindo escolas que serviam de abrigo para civis palestinos que precisaram sair de suas casas. Pelo menos 220 funcionários da ONU foram mortos em ataques aéreos, e veículos marcados da organização também foram atacados.
Netanyahu criticou a organização em seu discurso, chamando-a de preconceituosa e antissemita. Segundo diplomatas ouvidos pelo The New York Times, ele não fala com o secretário-geral, António Guterres, há meses. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)