Lançada missão que buscará vida em lua de Júpiter

A nave Clipper deve levar cerca de cinco anos e meio para chegar ao satélite de Júpiter

A nave Clipper deve levar cerca de cinco anos e meio para chegar ao satélite de Júpiter. (Foto: Ben Cooper)

A Nasa lançou ontem à tarde uma missão que busca descobrir sinais de vida alienígena em Europa, uma das luas geladas de Júpiter. O lançamento deveria ter ocorrido na semana passada, mas foi adiado por causa do furacão Milton.

A nave Clipper deve levar cerca de cinco anos e meio para chegar ao satélite de Júpiter. Sob uma espessa camada de gelo, a lua esconde um vasto oceano de água salgada. A presença de água é um dos principais requisitos para a existência de vida e, por isso, eventuais descobertas da missão podem alterar fundamentalmente o que sabemos sobre a vida no Sistema Solar.

“Se descobrirmos vida tão longe do Sol, significa que houve um segundo momento de surgimento da vida, além daquele que ocorreu na Terra”, disse o microbiologista planetário Mark Fox-Powell, da Open University. “Se a vida surgiu em pelo menos dois momentos distintos em nosso Sistema Solar, pode significar que a vida é algo realmente comum no Universo.”

A 628 milhões de km da Terra, Europa é um pouco maior que a nossa Lua. Se estivesse em nosso céu, ela pareceria cinco vezes mais brilhante que a Lua porque o gelo reflete muito mais a luz solar. A camada de gelo que envolve o satélite tem 25 km de espessura. É possível que a água abaixo dela tenha elementos químicos que são os principais ingredientes do surgimento de vida.

A primeira suspeita de que Europa poderia abrigar alguma espécie de vida alienígena foi nos anos 1970, quando observações por telescópio revelaram gelo no satélite. As naves Voyager 1 e 2 fizeram as primeiras imagens em close-up da lua de Júpiter. Em 1995, a nave Galileo fez novas fotos, mostrando uma superfície cheia de rachaduras, que poderiam conter compostos de sal e enxofre necessários à ocorrência de vida. O Telescópio Hubble vem fotografando Europa depois disso e revelou o que parecem ser jatos de água que chegam a 160 km acima da superfície. Mas nenhuma das missões chegou perto o bastante nem ficou por lá tempo suficiente para entender o significado das descobertas. Agora, cientistas esperam mapear a lua inteira, além de coletar partículas de poeira e fazer alguns voos através dos jatos d’água.

Professora de Ciências da Terra e da Atmosfera na Universidade de Cornell, nos EUA, Britney Schmidt contribuiu para a criação do instrumento a laser que ajudará a enxergar através da camada de gelo. “Estou muito animada para entender esse sistema subterrâneo de Europa.”

𝑝𝘶𝑏𝘭𝑖𝘤𝑖𝘥𝑎𝘥𝑒

EMPURRÃO GRAVITACIONAL

A Clipper é a maior espaçonave já construída para ir até um astro distante. A nave deve orbitar a Terra e, depois, Marte, para ganhar impulso em direção a Júpiter. Ela não tem capacidade para levar todo o combustível necessário e, por isso, precisa contar com esse “empurrão” gravitacional da Terra e de Marte.

Botão Voltar ao topo