Os Açores são atualmente um dos maiores santuários de baleias do mundo. Entre espécies residentes e migratórias, comuns ou raras, avistam-se mais de 20 tipos diferentes de cetáceos nas suas águas. Os visitantes podem partir para a aventura no mar em qualquer altura do ano e apreciar a diversidade da vida marinha, desde as baleias, os golfinhos e as tartarugas, por entre os vários vulcões existentes. As viagens são feitas em embarcações alugadas aos vários operadores turísticos na Ilha de São Miguel, sempre com a presença de guias biólogos marinhos.
O arquipélago é formado por nove ilhas reunidas em três grupos: Grupo Oriental, formado pelas Ilhas de São Miguel e Santa Maria; o Grupo Central, pelas Ilhas do Faial, Pico, São Jorge, Terceira e Graciosa; e por último, o Grupo Ocidental, pelas Ilhas das Flores e do Corvo. Todas estas ilhas são de origem vulcânica, para lá das dezenas de ilhéus não habitados. Apesar de se encontrarem adormecidos, não dando sinais de vida há séculos, são regularmente monitorizados por organismos nacionais e internacionais. Algumas das estruturas vulcânicas podem entrar em erupção a qualquer momento, pois oito delas estão submersas, sendo aproveitadas como fonte de energia geotérmica.
Vamos à bola com o Santa Clara e o Pauleta. E ao ciclismo também!
Das nove ilhas que compõem o arquipélago dos Açores, a Ilha de São Miguel é a maior e a mais populosa. Tem como capital Ponta Delgada e é nesta cidade que está sediado o Clube Desportivo Santa Clara, atualmente a militar no principal campeonato português. Aliás, a equipa orientada pelo técnico Vasco Matos ocupa um excelente 4º lugar, logo atrás de Sporting, FC Porto e Benfica, ou seja, está numa posição de acesso às competições europeias da próxima época. Claro que ainda é cedo para se avançar com prognósticos mais ousados, mas o Santa Clara tem praticado um futebol bem agradável e competitivo.
A coletividade açoriana, fundada em maio de 1927, possui o seu próprio recinto de futebol – o Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada – com capacidade para 12.500 espectadores. Naturalmente que a interioridade acarreta os seus custos, pelo que o clube não conta com um grande historial, para lá de dois títulos de campeão nacional da 2ª Liga. Feito de relevo aconteceu na temporada 2001/02, apurando-se para as competições europeias (antiga Taça Intertoto), mas o Santa Clara acabaria por ser eliminado na segunda ronda da prova.
Expoente máximo no que ao desporto rei diz respeito, o nome do avançado Pauleta, nascido em Ponta Delgada em 1973, está intimamente ligado ao clube principal clube dos Açores. Foi no Santa Clara que deu os primeiros pontapés na bola mais a sério, mas o categorizado jogador nunca atuou no principal campeonato português. Depois de uma passagem pelo Estoril Praia, Pauleta rumou a Espanha, onde representou o Salamanca e o Deportivo da Corunha, para depois se transformar num ídolo do Paris Saint-Germain, para onde se transferiu depois de ter representado os também franceses do Bordéus. Em 2010, Pedro Pauleta foi eleito melhor jogador de sempre do PSG. Exímio goleador, o craque açoriano conta com 88 internacionalizações pela principal seleção de Portugal, tendo apontado 47 golos.
A Fundação Pauleta, fundada em maio de 2006 e sediada em Ponta Delgada, é um projeto de sucesso no Açores e tem como grande objetivo o apoio ao fomento desportivo e pessoal dos jovens, bem como o apoio a causas de caráter social e solidário. Naturalmente que o futebol domina as atenções, mas Pauleta entendeu alargar os horizontes da bem-sucedida fundação, com a criação de um campo de padel. Mas, no essencial, Pedro Pauleta dedica-se a apoiar diversas causas sociais, instituições e famílias, valendo-se do futebol como meio solidário, em conjunto com diversas entidades, no intuito de minorar as carências de quem mais necessita.
O Desporto nos Açores é muito acarinhado, mais propício ao surf, ao mergulho e à pesca, assim como às escaladas, por via das suas formações rochosas, mas o ciclismo é outra das modalidades de eleição dos açorianos. O GP dos Açores – Volta à Ilha de São Miguel é uma prova constituída por três etapas em linha e reservada a atletas da categoria sub-23, com um final espetacular na Lagoa do Fogo, cujo ponto mais alto se eleva a 947 metros. A prova, inscrita no calendário da Federação Portuguesa de Ciclismo, não se realizou nos dois últimos anos, alegadamente devido a problemas de ordem financeira, mas aguarda-se que seja retomada, pois trata-se de um cartaz importante para o arquipélago.
Confesso que esta é uma competição que aprecio. Das três vezes que lá estive com uma equipa de ciclismo de Lordelo, Paredes, na retina ficaram os vários quilómetros percorridos por entre a verdejante paisagem que se perde de vista. Cenário típico ao longo do percurso é a quantidade de animais, as vaquinhas pretas e brancas na sua grande maioria, que parecem não se importar com a azáfama das corridas e do movimento automóvel. A carne dos Açores é proveniente de bovinos nascidos, criados e abatidos na Região Autónoma dos Açores, segundo moldes tradicionais. Trata-se de uma carne tenra, com grande suculência e textura macia. Mesmo dispondo de inúmeros espaços para uma experiência gustativa de excelência, os visitantes não perdem a oportunidade de uma ida à Associação Agrícola de São Miguel, um restaurante regional conhecido pela sua carne de extrema qualidade e sabor único. Eu experimentei e fiquei desde logo cliente.
Furnas do bom cozido, sem esquecer as lapas
Já que estamos com a mão na massa, ou melhor, na carne, convém não perder o famoso cozido das Furnas, assim denominado devido à zona de confeção, ou seja, debaixo da terra com o calor e vapor que sai do seu interior. A cozedura desta receita, com as tradicionais carnes de vaca e de porco, dura cerca de seis a sete horas, com temperaturas que oscilam entre os 64 e os 96°. Acompanha com batata, cenoura, repolho e couve. O cheiro exterior a enxofre, para quem gosta de apreciar o ambiente dos vapores a saírem da terra, não é muito convidativo, mas depois de confecionado… nem se fala. É de comer e chorar por mais.
Outro prato, um petisco muito apreciado, dá pelo nome de lapas. Este molusco é servido frito ou grelhado, com um molho de mistura de manteiga, pimenta e alho. Um pouco de limão melhora sempre o sabor. Há quem coma também em cru, devido ao forte sabor a mar, mas a verdade é que as lapas são uma verdadeira iguaria dos Açores. Sai uma travessa delas, depois outra, seguida de uma terceira dose, enfim, vai-se comendo e sabe a pouco. Preferencialmente aconselha-se umas cervejas artesanais dos Açores bem fresquinhas a acompanhar.
Por fim – se calhar até o melhor da festa – vamos lá aos banhos nas piscinas naturais e termais das Furnas. Devido à origem vulcânica das ilhas, a água mantém-se a uma temperatura alta, normalmente com médias de 39° C. O Parque Terra Nostra é uma das grandes atrações. Para além das piscinas termais de sonho, o seu maravilhoso jardim centenário é um enorme atrativo e regalo para os olhos. A Poça da Dona Beija, também na freguesia das Furnas, dispõe de um conjunto de piscinas termais de baixa profundidade, pelo que não há preocupação com as crianças ou para quem não sabe nadar. Reconfortante, sem dúvida, uma das experiências a não perder neste paraíso localizado no Oceano Atlântico.