Ainda não foi desta que o FC Porto chegou à vitória, após três derrotas consecutivas, a primeira diante da Lazio para a Liga Europa, depois frente ao Benfica para o campeonato, e a última perante o Moreirense, que lhe valeu a eliminação da Taça de Portugal. A contestação ao técnico Vítor Bruno subiu de tom e não é de admitir que os ânimos serenem. Apesar de tudo, mesmo que o empate com o conjunto belga seja um mal menor, é um facto que houve uma nítida melhoria exibicional e outra atitude competitiva. Mas pelo que se viu no final do encontro – muitos protestos e lenços brancos – a vida de Vítor Bruno no FC Porto continua complicada.
O FC Porto entrou em campo com um “onze” substancialmente diferente daquele que foi derrotado pelo Moreirense, sendo a maior novidade a chamada do paulista Otávio Atáide – reapareceu passados mais de dois meses – ao ocupar o lugar que ultimamente tem sido de Tiago Djaló. O tempo é ainda de experiências, pois a equipa tarda em encontrar-se, muito por culpa dos desacertos exibicionais de alguns elementos, na sua maioria muito jovens e sem o traquejo que se exige a uma equipa ganhadora. Logo na jogada inicial do encontro, o Anderlecht viu um golo anulado a Dolberg que se encontrava em posição irregular, após receber um passe em profundidade. Mesmo assim, o lance serviu como primeiro aviso de que a defesa portista iria ser colocada mais vezes à prova.
Apesar da entrada mais forte dos belgas, foi o FC Porto que se adiantou no marcador na transformação de uma grande penalidade pelo internacional brasileiro Galeno, na sequência de uma decisão do VAR a castigar falta grosseira sobre Francisco Moura. O que se pensava que viria a ser um bom tónico para a tão desejada mudança do futebol dos dragões, bem pelo contrário, motivou ainda mais os homens da casa. Contudo, apesar do muito sofrimento, ainda que também com uma ou outra hipótese de chegar ao segundo golo, a primeira parte concluiu-se com os portistas em vantagem.
Pepê dá “barraca” no empate e Fábio Vieira entra e marca
A etapa complementar foi bem mais viva, registaram-se algumas jogadas vistosas de parte a parte, e foi o Anderlecht que chegou ao tento do empate, aos 53 minutos, depois de uma incrível perda de bola de Pepê – uma das unidades por norma das mais assertivas do FC Porto – em zona proibida. Degreef aproveitou bem a “balda” do brasileiro e rematou de forma imparável. Poucos instantes antes deste lance, Rits podia ter concretizado, mas o forte remate de cabeça encontrou o poste da baliza defendida por Diogo Costa. Jogava mais o Anderlecht, mas os portistas lá iam aguentado a pressão adversária como podiam, já com o defesa Martim Fernandes em campo por troca com o amarelado João Mário.
Quando Fábio Vieira, aos 83 minutos, rematou de forma certeira de fora da área – estava em campo há pouco mais de um minuto por troca com o canadiano Stephen Eustáquio -, o mundo sorriu ao FC Porto e em especial ao técnico Vítor Bruno. Restava aos dragões aguentarem o tempo que faltava para arrancarem três importantes pontos nesta fase da Liga Europa. Só que a vantagem durou muito pouco, pois aos 86 minutos Francis Amuzu arrancou um potente remate junto à base do poste esquerdo da baliza portista, que ainda tocou em Otávio e traiu Diogo Costa. Já na fase de compensações (90+5m), o FC Porto teve soberana oportunidade para vencer a partida, com o Gonçalo Borges a acelerar da direita para o meio e a rematar forte, para excelente defesa do guardião Coosemans.
Com este resultado, o FC Porto, para lá de não vencer há quatro jogos para todas as competições (três derrotas e um empate), ocupa o 23º lugar na classificação da Liga Europa, com cinco pontos, enquanto o Anderlecht, que ainda não perdeu nesta competição, é quinto classificado, com 11 pontos. No próximo dia 12 de dezembro o conjunto portista terá nova oportunidade para se redimir e subir na tabela, dia em que recebe no Estádio do Dragão os dinamarqueses do Midtjylland, 20º classificado, também com cinco pontos.
Vítor Bruno: “Nunca serei um problema para o FC Porto”
Na abordagem ao jogo, visivelmente agastado, o treinador portista foi bem claro e das suas palavras pode até depreender-se que estará preparado para qualquer eventualidade. “A principal preocupação não é comigo, é com o clube, com os jogadores, que mereciam ter ganho e mereciam estar com um sorriso na cara. Se eu me deslumbrasse ou ficasse eufórico quando falam bem de mim ou me autoflagelasse quando falam mal, era sinal de que eu não sabia quem eu era. Nunca serei um problema para o FC Porto, trabalho de alma e coração para o clube”, referiu o técnico dos dragões.
