Foram exatamente 40.189 os espectadores que marcaram presença no Estádio do Dragão, recinto do FC Porto, para presenciarem o jogo da primeira mão do Play-off de qualificação para o Campeonato da Europa de futebol feminino, competição que se disputa no próximo mês de julho na Suíça. Um número apreciável e bem demonstrativo da evolução da modalidade em Portugal. As “Navegadoras” portuguesas – assim batizadas no Mundial de 2023 disputado na Austrália e na Nova Zelândia – estiveram sempre por cima da partida e dispuseram de inúmeras oportunidades, mas encontraram pela frente uma defesa difícil de bater, pois as possantes e altas futebolistas checas mostraram-se sempre muito seguras.
As comandadas de Francisco Neto entraram determinadas na tentativa de marcar cedo, o que esteve quase a acontecer logo aos seis minutos, não fosse a barra da baliza checa a devolver o remate de Andreia Jacinto. Breves instantes depois Joana Marchão rematou forte à figura da guardiã Votiková. Estava dado o mote para uma exibição em cheio das portuguesas, o que de certa forma até viria a acontecer, obviamente com a forte oposição da formação checa. Aliás, a partida foi praticamente jogada durante os 90 minutos no meio-campo adversário, por vezes com recortes técnicos de belo efeito, para delírio de uma plateia que não se cansou de apoiar a seleção lusa.
Rápidas no contra-ataque, as checas inauguraram o marcador, aos 33 minutos, com um cabeceamento perfeito de Smitková, ao aproveitar da melhor forma a sua estatura, depois de um cruzamento na direita. Nada que assustasse as “Navegadoras”, que partiram de imediato à procura do golo, o que só não aconteceu em três momentos antes do término da primeira parte. Primeiro através de um desvio de Ana Capeta, com a bola a passar a escassos centímetros do poste, depois com um remate de cabeça de Jéssica, que também errou o alvo por muito pouco. E voltou a ser Ana Capeta a ter o golo nos pés com um remate forte de fora da área, mas a bola teimava em não entrar, saindo ligeiramente ao lado da baliza checa. E assim se chegou ao intervalo, com Portugal em grande, mas perdulário no capítulo da finalização.
Empate chega em boa altura, mas checas resistem
Para a segunda metade da partida, depois de algumas substituições na formação portuguesa, a avalanche ofensiva fez-se sentir ainda mais. Logo após o reatamento, eis que chega o tento do empate, bem merecido, da Seleção Nacional: Andreia Jacinto lança Kika Nazareth, que arranca um remate forte e colocado, sem a mínima hipótese de defesa. Um golo que levantou o estádio, já de si eufórico com a atuação portuguesa, recheada de jogadas de excelente recorte técnico.
Pese o domínio exercido, por vezes o método para chegar à baliza adversária nem sempre era o mais aconselhável. É um facto que os cruzamentos se sucediam a bom ritmo, tal a intensidade da supremacia lusa, só que do outro lado as bolas altas eram tarefa fácil para as possantes e altas defesas da Chéquia. Um dado a rever no jogo da segunda mão em Teplice, onde por certo as adversárias irão atuar de uma outra forma, porventura jogando mais no ataque. Portugal terá, seguramente, a vantagem de fazer valer a maior capacidade técnica das suas jogadoras, pelo que se aguarda um confronto de muita intensidade competitiva.
Até final do encontro o domínio português foi avassalador, com o senão já referido, e o golo do triunfo só não aconteceu por manifesta infelicidade. Inês Pereira, Diana Gomes e Stephanie Ribeiro andaram lá muito perto, mas a guardiã checa lá foi travando as intenções lusas. Com este empate fica tudo em aberto para o segundo e derradeiro encontro da próxima terça-feira em território checo, mas os dados recolhidos no Estádio do Dragão são a garantia de que a superioridade das “Navegadores” as levará a porto seguro.
Francisco Neto (selecionador nacional): “Estrategicamente, cumprimos com o que estava delineado, pressionar alto, ganhar bolas, conseguir desgastá-las com bola. Saíram algumas com fadiga. Falhou a nossa abordagem ao último terço, ter mais critério nas situações de finalização. Tivemos domínio e capacidade para chegar à área com muitas jogadoras, mas falhámos nas opções no último terço. Numa análise fisiológica do jogo, fomos muito melhores, mas não temos a mesma compleição física”.