Café do Vale da Grama conquista selo de Indicação Geográfica

Reconhecimento agrega valor à produção, estimula economia e desenvolvimento local

(Foto: Divulgação/ Café Vale da Grama)

O Vale da Grama, região cafeeira situada no lado paulista da Serra da Mantiqueira, foi reconhecido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) como Indicação Geográfica (IG) do Café na modalidade Indicação de Procedência (IP).

Conhecido e premiado mundo afora pela produção de cafés especiais, o Vale da Grama concentra 260 produtores e está localizado no município de São Sebastião da Grama (SP), a mais de 1.000 m de altitude, com dias quentes e noites frias, o que implica numa maturação mais lenta, favorecendo a produção de café arábica de qualidade.

Esta é a oitava IG paulista, sendo a quarta de café do estado. Agora, o Vale da Grama se junta ao Café da Alta Mogiana, Café da Região de Pinhal e Café da Região de Garça.

No caso do Café Vale da Grama, a fertilidade do solo relaciona-se à origem vulcânica, o que confere ao café notas cítricas e um sensorial de caramelo, com alto teor de doçura, corpo médio e finalização prolongada, devendo a bebida atingir no mínimo 80 pontos na tabela da Specialty Coffee Association (SCA) para levar o selo da Indicação Geográfica.

O registro do Inpi chancela que a região tem tradição e know-how na produção de cafés especiais, iniciada na segunda metade do século 19, quando o clima ameno e as fontes de águas de qualidade atraíram as primeiras famílias de produtores.

Nesse período, muitas famílias europeias, sobretudo italianas, imigraram para o Brasil, diversas delas tendo como destino a região do Vale da Grama, com o objetivo de cultivar café.

A relação do Vale da Grama com a produção cafeeira é anterior à criação da cidade, que se deu em 1925. O destaque da produção cafeeira da região é evidenciado pelas participações e premiações em concursos nacionais e internacionais.

No ano passado, por exemplo, os cafés naturais da região ficaram em 1º e 4º lugar do Cup of Excellence, concurso que é considerado o Oscar dos Cafés Especiais. Já neste ano, no 4º Concurso do Terroir da Região Vulcânica, os produtores conquistaram sete troféus entre os cinco primeiros colocados em três categorias (café natural, cereja descascado e fermentado).

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As premiações são fruto da dedicação dos produtores em cada detalhe da produção, com destaque para pós-colheita e secagem. Por ser uma região montanhosa, a colheita é quase toda manual, o máximo de automação possível é a utilização de derriçadeiras de café, as famosas mãozinhas mecânicas. Com o registro concedido pelo Inpi, o Vale da Grama se torna a 18ª Indicação Geográfica do Café do Brasil.

De acordo com a Associação de Cafeicultores do Vale da Grama, antes mesmo da formalização pelo Inpi, produtores da região já estavam se reunindo com representantes da gastronomia, hotelaria e artesanato para desenvolver ações que estimulem o turismo local.

Presidente da Associação, Valdir Duarte disse que esse movimento busca divulgar o café e formar a cultura da “indicação geográfica mais que café”. A indicação de procedência tem potencial para estimular a economia local, já que muitos turistas do Brasil e de outros países apreciam conhecer produtos com indicação geográfica.

Indicação Geográfica
O registro de Indicação Geográfica é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado.

O Inpi é responsável por conceder o registro legal da IG e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) é uma das instâncias de fomento das atividades e ações para a indicação de produtos agropecuários e um dos órgãos que possui competência para expedição de Instrumento Oficial que delimita a área territorial da Indicação Geográfica, em pedidos de registro ou de alteração de registro.

Ainda, atua para incentivar a valorização dos produtos agropecuários através da utilização de signos distintivos com oferta de cursos; organizando seminários, reuniões e workshops; além de mapear os produtos com potencial de identificação e promove parcerias institucionais.

Servidor da Superintendência de Agricultura e Pecuária de São Paulo (SFA-SP), Francisco José Mitidieri tem acompanhado e apoiado os processos de indicação geográfica em andamento no estado.

Ele ressalta que a conquista da IG do Café do Vale da Grama reflete um trabalho de articulação de muitas pessoas que se engajaram, contribuíram e acreditaram no diferencial que o selo representa para aquele território.
De acordo com ele, além do potencial para agregar valor ao produto, a IG favorece o desenvolvimento da cultura do associativismo, que é imprescindível para fortalecer as relações no território.

“O Mitidieri nos passou as orientações sobre como funciona o processo de delimitação de área e as identificações de notoriedade. Ele é referência para todos nós produtores pelo conhecimento completo que tem sobre IGs”, concluiu Valdir.

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