Na análise deste encontro é da mais elementar justiça começar por destacar a soberba atuação de Rodrigo Mora. O técnico Vítor Bruno optou pela inclusão do jovem talento português no “onze” titular, o que aconteceu pela primeira vez, e o miúdo não se fez rogado. Aos 16 minutos cruzou para a entrada fulgurante de cabeça do atacante internacional espanhol Samu, para aos 66 minutos ele próprio rematar cruzado para a baliza, sem hipótese de defesa para o brasileiro Kewin, guardião nascido em São Paulo. Ao cair do pano, quando faltavam três minutos para o término do encontro, André Franco, outra das apostas do treinador dos dragões, fechou a contagem com um remate de fora da área. O médio portista entrou já perto do final do encontro, um reaparecimento depois de mais de um mês e meio de ausência dos relvados, para carimbar a justa vitória dos azuis e brancos.
Na presente temporada, o Moreirense perdeu pela primeira vez no seu reduto, mas a formação orientada por César Peixoto – como jogador venceu uma Liga dos Campeões e uma Liga Europa, entre outros títulos, pelo FC Porto -, esteve recentemente em destaque ao eliminar os dragões da Taça de Portugal. O Sporting também já havia perdido (2-1) em Moreira de Cónegos e o Benfica não conseguiu melhor do que um empate a uma bola. Este triunfo do FC Porto coloca a formação dos dragões na liderança do campeonato, mas terá de esperar pelos resultados dos seus opositores diretos, que ainda irão disputar as partidas referentes à 15ª jornada da liga portuguesa. Seja como for, o FC Porto é o presente líder à condição, um cenário que muitos julgavam não ser possível, pois a temporada já teve alguns momentos de turbulência, nomeadamente com o técnico Vítor Bruno a ser alvo de muita contestação.
Mais posse de bola e outra consistência na intermediária
Para este encontro, para lá da troca do inglês Danny Namaso por Rodrigo Mora, o FC Porto utilizou um esquema tático não muito diferente do habitual, novamente com a inclusão de Galeno na esquerda da defesa. O extremo brasileiro é um autêntico poço de energia e, para lá de seguro a defender, consegue desdobrar-se em ações ofensivas, ainda que algo limitado em termos de finalização numa tarefa a que não estava habituado. Os portistas tiveram sempre mais posse de bola e parecem ter ganho uma outra consistência na zona intermediária, onde o internacional canadiano Stephen Eustáquio é cada vez mais o pêndulo desse equilíbrio. E quando se tem a seu lado um jogador do nível do espanhol Nico González as coisas ficam mais facilitadas, ou seja, há um maior volume de jogo e, principalmente, outra eficácia.
Claro que o Moreirense fez tudo para não perder a invencibilidade no seu terreno e chegou até a ter em alguns momentos ligeiro ascendente sobre o FC Porto, principalmente no início da segunda parte. Os dragões sentiram a pressão adversária, sem que, contudo, a sua baliza fosse ameaçada. E neste capítulo, há a destacar o acerto do setor defensivo. O guardião internacional português Diogo Costa é um dos melhores na sua posição – dono da baliza da Seleção Nacional – e também começa a haver uma maior sintonia entre os habituais centrais, o argentino Nehuén Pérez e o brasileiro Otávio Ataíde. O posicionamento do extremo Galeno numa das laterais está a revelar-se interessante, enquanto que do outro lado o jovem português Martin Fernandes tem vindo a justificar a titularidade.
O árbitro Fábio Veríssimo não terá influenciado o resultado, num jogo por vezes complicado de dirigir, ainda que com dois erros flagrantes. Primeiro não marcou uma grande penalidade cometida sobre o brasileiro Pepê, depois não expulsou o defesa argentino Nehuén Pérez por entrada perigosa sobre um adversário. Nos dois casos falhou o árbitro e, muito particularmente, o vídeo-árbitro. Aliás, esta é uma situação a rever, pois já começa a ser caricato que, com tanta tecnologia, os erros graves persistam em prejuízo da verdade desportiva.
César Peixoto (treinador do Moreirense): “O FC Porto é uma grande equipa, mas até ao 2-0 batemo-nos bem. Durante a primeira parte o FC Porto esteve sempre a parar o jogo, a quebrar-nos o ritmo do jogo. Faltou-nos alguma matreirice. Na segunda parte entrámos bem e até ao 2-0 o jogo foi muito equilibrado. Depois tivemos de arriscar e o adversário marca num ressalto, após um erro nosso. O jogo parecia de tendência única, mas não foi, apenas nos últimos minutos, até porque o FC Porto criou poucas ocasiões de golo. O resultado é enganador”.
Vítor Bruno (treinador do FC Porto): “Fizemos um bom jogo, com bola em muitos momentos os posicionamentos estavam lá, mas faltava encontrar as ligações certas, não conseguimos alimentar os alvos que tínhamos identificado. Na segunda parte continuámos à procura do golo num jogo dividido. Depois do 2-0 controlamos com bola e sem bola, não me recordo de nenhuma ocasião do Moreirense. É bom perceber que o Rodrigo Mora está a crescer, tem competência para poder ter o seu momento, desenvolver o seu futebol que toda a gente gosta e eu adoro. Agora ele tem de estar preparado, aqui é tudo mais rápido, mais intenso, com mais pressão. Ele tem capacidade para dar esses sinais também”.