O empate a zero bolas registrado em Barcelos volta a colocar o Sporting no comando do campeonato, ainda que com o mesmo número de pontos do FC Porto, mas o ambiente está escaldante. A contestação ao técnico João Pereira voltou a fazer-se sentir com os habituais protestos e amostra de lenços brancos. A quadra natalícia vai ser tudo menos pacífica, até porque no próximo domingo há um escaldante dérbi lisboeta em Alvalade entre sportinguistas e benfiquistas. E mais logo o conjunto da Luz defronta no seu reduto o Estoril, tudo apontando para uma vitória dos comandados de Bruno Lage, que deverão assumir a liderança da competição.
Não há meio de a tranquilidade chegar ao Sporting. Com Rúben Amorim tudo corria sobre rodas – agora como técnico do Manchester United as derrotas sucedem-se e os “red devils” estão a 17 pontos(!) do comandante Liverpool -, mas com João Pereira tudo se transfigurou. Os jogadores não parecem os mesmos e as preocupações começam a ser muitas, pois teme-se que o plantel venha a ser desvalorizado. Um dos casos mais flagrantes é o do possante avançado Viktor Gyokeres, que tem uma cláusula de rescisão de 100 milhões de euros e que no final da temporada poderá estar de abalada para Inglaterra. Neste momento, o jogador sueco tem mercado, mas é de todo inconcebível que esses números venham a ser colocados à mesa das negociações.
Galos nem assustaram muito e até sofreram
Esta partida com os galos de Barcelos, como vulgarmente são apelidados, era tida como algo complicada, mas o Sporting até se revelou dominador, principalmente no decorrer da segunda parte. O dinamarquês Conrad Harder, titular pela primeira vez na formação leonina, dispôs de uma flagrante oportunidade para abrir o marcador, aos 66 minutos, mas o guardião brasileiro Andrew opôs-se de forma espetacular ao cabeceamento do avançado dos leões. Uma dezena de minutos depois, o caso do jogo: o defesa belga Debast caiu na grande área do Gil Vicente, após disputa com um adversário, com a bola a sobrar para o internacional português Trincão, que atirou para dentro da baliza, mas o árbitro André Narciso já tinha interrompido a jogada para assinalar penálti. Contudo, após análise do VAR, e depois de visionar as imagens, reverteu a decisão inicial, ou seja, considerou não haver motivo para a marcação da grande penalidade.
E foi de novo Andrew a brilhar na baliza, quando aos 81 minutos fez uma defesa de recurso ao afastar um intencional remate do moçambicano Geny Catamo. Na sequência desse mesmo lance, Trincão ainda tentou chegar ao golo, mas o guardião natural do Rio de Janeiro voltou a evitar o que parecia inevitável. Em boa verdade, o Sporting lutou até ao fim pelo triunfo, por vezes sem o discernimento que se exigia, pelo que até se sujeitou a uma derrota, que o guardião Franco Israel a afastar uma bola que ficou à mercê do jovem extremo brasileiro Pablo Felipe, filho do antigo jogador Pena, que entre 2001 e 2003 brilhou ao serviço do FC Porto.
João Pereira (treinador do Sporting): “Ao contrário dos jogos passados, não tivemos uma entrada muito forte. Custou-nos criar oportunidades na primeira parte, tivemos duas, as do Viktor mais claras. Tivemos controle absoluto outra vez, mas não criámos. Na segunda parte ajustámos a pressão e a partir daí o Gil Vicente não conseguiu jogar. Criámos mais oportunidades, mas está a faltar o último detalhe, seja passe ou remate. Na minha opinião fizemos um jogo muito bom defensivamente, acho que o Gil fez um remate à baliza, mas temos de fazer golos e não estamos a fazer”.