Perante uma das maiores assistências da temporada – em números exatos 47.509 espectadores – a equipa portista ascendeu de novo ao lugar cimeiro da classificação, ao atingir a marca de 40 pontos em 16 jogos, mais dois do que o Benfica e mais três do que o Sporting, que mais logo se defrontam naquele que é apelidado de dérbi eterno. Na perspetiva do FC Porto, obviamente que o empate nesse encontro de Alvalade seria ouro sobre azul, pois é o único resultado que lhe permite iniciar o novo ano isolado no primeiro lugar. Resta saber se os comandados de Rui Borges, que leva apenas três dias de trabalho, quererão voltar a mostrar o estatuto que já tiveram com Ruben Amorim.
O jogo do Estádio do Dragão serviu também de homenagem a Pinto da Costa, há uns meses derrotado nas eleições para os órgãos sociais do clube, que André Villas-Boas venceu por margem confortável. No dia em que completava 87 anos, o presidente honorário do FC Porto – ausente devido a doença, tendo optado por comemorar a data com a família -, recebeu uma bonita prenda. Em todos os lugares do estádio foram colocados cartazes com o nº 87, que redundaram numa coreografia de belo efeito, assim como foi exibida uma tarja gigante do antigo “rei” do Dragão. Já se sabe também que o carismático líder irá ficar perpetuado no museu do FC Porto, que passará a ter o seu nome, acedendo à sugestão do atual presidente.
Nos primeiros vinte minutos da partida não houve grandes motivos para festejos, tal o futebol precipitado e com muitos passes falhados da equipa portista. Aliás, o Boavista revelou-se atrevido e lá se sucederam as habituais picardias já naturais do dérbi da cidade do Porto, com os homens do Bessa sempre impetuosos e até agressivos no ataque. Ultrapassado um momento de menos acerto, os comandados de Vítor Bruno quase inauguraram o marcador, aos 25 minutos, mas o craque espanhol Samu atrapalhou-se na hora do remate, após excelente combinação entre o lateral Martim Fernandes e o médio brasileiro Pepê. Contudo este foi o sinal para o que pouco depois viria a acontecer, pois aos 31 minutos Samu inaugurou o marcador, ao acorrer a um passe bem medido de Martim Fernandes.
Mora ali um talento com 17 anos e 1,68 metros de altura
Pois é, o miúdo Rodrigo Mora, pela segunda vez na época titular, e que na jornada anterior já havia assistido Samu para o primeiro golo com o Moreirense, para depois também ele faturar, começa a dar que falar. Espetacular nas ações na zona intermediária, onde combina a preceito com os seus companheiros, Mora possui ainda a capacidade de empurrar a equipa para a frente. Já com o FC Porto dono e senhor do jogo, a segunda parte foi de total domínio dos dragões, que elevaram a contagem, aos 55 minutos, por intermédio do espanhol Nico González, assistido por… esse mesmo, o tal miúdo de 17 anos e 1,68 metros de altura, palmo e meio de gente com futebol para dar e vender.
Com o Boavista numa toada de contra-ataque, ainda que sem perigar a baliza do internacional Diogo Costa, o 3-0, aos 58 minutos, foi um hino ao futebol. Lançado por Nico González, Rodrigo Mora afastou alguns adversários do seu caminho e rematou com o pé esquerdo ao ângulo superior. Uma autêntica obra de arte a colocar em delírio a vasta plateia azul e branca. Mas não era tudo. Quando, aos 87 minutos, os associados portistas cantavam os parabéns a você a Pinto da Costa pelos seus 87 anos, Samu fez questão de abrilhantar aquele momento, ao bisar na partida, depois de ganhar uma bola bem ao seu jeito à entrada da pequena área e a rematar de forma imparável para a goleada.
Vítor Bruno (treinador do FC Porto): “A fase inicial trepou para níveis de intensidade muito altos, nessa fase tivemos dificuldades para abrir caminhos, mas a partir do momento em que marcámos o primeiro golo, o adversário começou a destapar-se mais um pouco. Para além dos quatro golos que marcámos, tivemos mais uma boa quantidade de ocasiões para marcar golos. Grande compromisso dos jogadores”.
Golo do miúdo de 17 anos Rodrigo Mora. O crédito do vídeo é do FC Porto.