O encontro prometia e as duas equipas proporcionaram um espetáculo de muita qualidade, principalmente na primeira parte, ao público que encheu por completo o Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria, um dos palcos do Campeonato da Europa de futebol em 2004. A partida acabou por ser decidida através da marcação de pontapés da marca de grande penalidade, um momento também emocionante. As duas formações transformaram com êxito a primeira ronda de penáltis – cinco para cada lado -, para depois o médio Florentino colocar o Benfica em vantagem. Mas alguém tinha de falhar e Francisco Trincão, ao sétimo pontapé dos leões, atirou de forma a permitir a defesa do guardião ucraniano Anatoliy Trubin.
Justo ou injusto? Numa análise à eletrizante partida de Leiria, quando o árbitro apitou para o final dos 90 minutos, pairava a ideia de que o empate era o corolário lógico de um jogo muito disputado e equilibrado. Não sendo comum neste tipo de confrontos, por norma muito táticos, o certo é que ambas as equipas entraram dispostas a marcar e a ganhar. E assim aconteceu, com jogadas rápidas e bem delineadas, no que rapidamente se transformou num grande espetáculo. O Benfica criou muito perigo pela ala esquerda, onde o lateral espanhol Álvaro Carreras encontrou espaços para penetrar e cruzar a preceito para a área.
E foi num lance gizado pela ala esquerda que surgiu a magia do jovem extremo norueguês Schjeldrup, de 20 anos, que após passe de Di María fletiu para o centro e desferiu um espetacular remate em arco sem qualquer hipótese de defesa para o guardião Franco Israel. O Sporting, que até então tinha o jogo equilibrado e até poderia ter inaugurado o marcador por intermédio de Quenda, não se deixou atrapalhar pelo infortúnio. Desta feita “não teve” Viktor Gyokeres, pois o dianteiro sueco foi marcado a preceito pelo jovem António Silva, de quem se fala estar de saída para a Juventus. Contudo, o central português assegurou a titularidade nos últimos dois jogos, de parceria com o argentino Otamendi, pelo que a situação pode mudar de figura. Já quanto a Gyokeres, caso prevaleça a vontade do jogador, a sua saída para um dos “tubarões” europeus é dada como certa, mas apenas no final da temporada.
O sueco voltou a trazer de volta a legítima ambição do Sporting em vencer a competição, quando, aos 43 minutos, apontou o tento do empate na transformação de uma grande penalidade. O extremo uruguaio Maxi Araujo foi derrubado por Florentino e após visionadas as imagens o árbitro João Pinheiro – outra boa exibição – apontou para a marca dos onze metros. O possante atacante sueco rematou em força, como é seu costume, impossibilitando a defesa de Trubin, que ainda tocou na bola. Boa resposta dos leões a revelarem uma outra atitude competitiva com Rui Borges, interrompida com João Pereira – está de regresso ao comando técnico da equipa B do Sporting -, mas ainda distante do que fez com o “red devil” Ruben Amorim.
Substituições para refrescar, mas sempre a abrir
No segundo período da partida os treinadores refrescaram as suas equipas com algumas substituições, mas o jogo continuou aberto e numa toada bem acesa. Neste capítulo, justiça seja aos dois conjuntos, pois não é muito comum, ainda por cima numa final, tanto atrevimento. Logicamente que se notou a perda de frescura física em alguns jogadores, pelo que os dois treinadores fizeram diversas substituições no intuito de rapidamente chegarem ao golo. Com menos 24 horas de descanso, o Benfica trocou cinco dos seus elementos, já o Sporting optou pela troca de três jogadores. Mesmo assim o equilíbrio prevaleceu, com ligeira supremacia dos encarnados, mas o empate verificado ao fim dos 90 minutos era a “cara” do que se tinha passado em campo.
Depois vieram as grandes penalidades para se encontrar o vencedor da Taça da Liga e alguém tinha de ficar pelo caminho. Não raras ocasiões é comum dizer-se que uma decisão deste tipo é como a lotaria, mas um penálti bem marcado, como de resto aconteceu em onze ocasiões, torna-se quase impossível travar. Só que ao 12º remate Francisco Trincão atirou de forma a permitir a defesa do guardião encarnado. Pode falar-se em pressão, que efetivamente existe, mas os treinadores preparam as suas equipas para um desfecho desta natureza. Claro que houve mérito de guardião Trubin, mas a bola rematada pelo extremo leonino, rasteira e bem colocada, não levou a força suficiente e permitiu a intervenção vitoriosa do guardião dos encarnados que valeu ao Benfica mais um título para o seu recheado museu.
Bruno Lage (treinador do Benfica): “Ficamos com um sentimento de dever cumprido. Acho que fomos uns justos vencedores pela competição que fizemos. Assistimos a um grande jogo, uma primeira parte muito boa, com muitas oportunidades para os dois lados. Tivemos o mérito de entrar na frente, tentámos marcar mais um golo, o Sporting chega ao empate e depois foi uma segunda parte em que fomos respondendo à exigência do jogo. Fizemos alterações para continuar a jogar com qualidade, para sermos pressionantes, para tentar controlar o jogo com e sem bola e depois fomos muito competentes nos penáltis”.
Rui Borges (treinador do Sporting): “Acima de tudo, saio daqui feliz por aquilo que a equipa fez. Com todas as contrariedades que temos tido fomos muito intensos e competentes. Jogo repartido, corrido. Não posso dizer muito mais. Triste claro, por não sermos mais competentes nos penáltis. Parabéns ao Benfica pela conquista da taça. Saio daqui confiante que a equipa vai fazer uma grande segunda metade de época e o nosso objetivo é chegar ao fim e sermos novamente campeões”.