FC Porto perde na Madeira com o Nacional (2-0) e falha liderança

Os dragões estiveram irreconhecíveis na primeira parte e não remataram uma única vez à baliza. Formação insular aproveitou “adormecimento” dos dragões para sair da zona de despromoção

Jogadores do Nacional festejam vitória sobre o FC Porto. (Foto: CD Nacional.jpg)

A partida que fechou a primeira ronda do campeonato – interrompida aos 15 minutos no passado dia 3 de janeiro devido ao nevoeiro na Choupana – teve um merecido vencedor, mas de certa forma inesperado. O FC Porto estava obrigado a vencer um adversário que se encontrava em zona de descida, pois só dessa forma garantia a liderança do campeonato, o que lhe permitiria ficar com dois pontos de avanço sobre o Sporting e cinco sobre o Benfica. Face ao desaire na Madeira, os azuis e brancos seguem no segundo posto, com menos um ponto do que o conjunto de Alvalade e mais dois do que a formação da Luz.

Foi realmente muito mau aquilo que o FC Porto fez diante do Nacional, desta feita sem o nevoeiro a ameaçar nova suspensão do encontro. O jogo foi reatado com uma bola ao solo e os madeirenses cedo revelaram que queriam levar de vencida o seu opositor. O técnico Vítor Bruno surpreendeu ao fazer alinhar o jovem médio Vasco Sousa, que já não era titular desde setembro, ao lado de Eustáquio e André Franco, mas a primeira grande surpresa aconteceu mesmo à passagem do 17º minuto: o brasileiro Gustavo Garcia, nascido em São Paulo, oriundo do Palmeiras, cruzou para a área e o seu compatriota Dudu, natural de Campinas, saltou e fez de cabeça o golo como quis. A defesa do FC Porto foi apanhada completamente a dormir – é o termo –, consentindo um golo inconcebível para um candidato ao título.

A propósito, refira-se que tanto o Benfica como Sporting venceram as partidas que disputaram na Madeira com o Nacional, assim como o Braga, que ano após ano tenta fazer frente aos “grandes”, ainda que de forma intermitente. E para agudizar a situação, o FC Porto viria a consentir novo golo, aos 42 minutos, numa situação idêntica, mas desta feita na marcação de um canto apontado por Bruno Costa, que durante muitos anos vestiu de dragão. Com a “armada” brasileira em grande, coube ao defesa central Zé Vítor, natural de Goiana, ampliar a vantagem, mais uma vez de cabeça e novamente com a defensiva dos dragões a ver a bola passar. Péssimo o jogo dos dragões, vazio de ideias e sem um único remate à baliza, enquadrado ou não, durante toda a primeira parte.

Tudo para a frente e fé no que der e vier

Se ainda antes do intervalo, Vítor Bruno já tinha lançado João Mário, no caso devido a lesão de Martim Fernandes, e Danny Namaso, por troca com o apagado Pepê, também Fábio Vieira, Gonçalo Borges e o atacante turco-sueco Deniz Gull entraram para reforçar a dianteira. É verdade que o FC Porto teve algumas oportunidades de chegar ao golo, numa tentativa de relançar o jogo, mas fê-lo quase sempre mais com o coração do que propriamente com a cabeça. Tranquilos e pouco interessados em tarefas ofensivas, os madeirenses aguentaram bem o ímpeto adversário e lá levaram a água ao seu moinho.

Claro que este desaire voltou a colocar o FC Porto em estado de alerta, pois perdeu uma oportunidade de ouro, sem desprimor para o Nacional, de passar para a dianteira do campeonato. No próximo domingo os dragões têm uma deslocação complicada a Barcelos, onde defrontam a aguerrida formação do Gil Vicente, para três dias depois receberem os gregos do Olympiacos, partida decisiva nas contas da Liga Europa. A vida dos dragões não está fácil, como nunca esteve, numa altura em que Sporting e Benfica evidenciam subida de forma, aliás como ficou bem patente na recente final da Taça da Liga, um jogo eletrizante entre leões e águias, com o triunfo a sorrir aos encarnados na decisão através da marcação de grandes penalidades.

Tiago Margarido (treinador do Nacional): “Tentamos alterar as nossas pontes de ligação no momento de transição e obtivemos sucesso através disso. Tínhamos uma estratégia definida para o primeiro jogo, que acabou por não se realizar. Mudamos essa situação para o segundo e tivemos bastante sucesso. Já tivemos bons jogos, ao nível daquilo que é a entreajuda, a raça, a luta, a disputa de cada lance. Com bola tivemos momentos de qualidade, principalmente na primeira parte, mas já tivemos outros jogos onde fomos superiores a esse nível”.

Vítor Bruno (treinador do FC Porto): “Tivemos uma primeira parte desastrosa, uma entrada totalmente ao lado. Na primeira jogada, o Nacional faz golo e depois marca o segundo. A segunda parte foi diferente, tivemos três ou quatro ocasiões de golo claras, mas não conseguimos. Tentámos, não com toda a clareza e clarividência, mas podíamos ter entrado na luta pelo resultado. No final, o Nacional acaba por ganhar pelo que fez na primeira parte e ganha bem”.

Vaz Mendes é jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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