A banana é a fruta mais consumida no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cada brasileiro consome em média 25 quilos da fruta por ano.
Com esse histórico, a banana não poderia deixar de estar presente na alimentação escolar em unidades de ensino de todo o País – que é o quarto produtor da fruta no mundo.
Ao observarem o descarte de grande quantidade de cascas da banana provenientes da merenda, duas estudantes do Ensino Médio integrado ao Técnico em Química da Escola Técnica Estadual (Etec) Irmã Agostina, da Capital, decidiram estudar as possibilidades de reaproveitamento desse resíduo.
Foi então que surgiu o projeto Determinação da capacidade biossortiva da casca da banana nanica (cavendish) em água contaminada por cádmio e cobalto.
“Além de rica em fibras alimentares, cálcio, potássio, vitamina C e antioxidantes, a casca da banana possui a capacidade de adsorver metais pesados”, explica uma das autoras da pesquisa, Brenda Ribeiro de Sousa.
Adsorção é uma propriedade físico-química das moléculas de substâncias líquidas, gasosas e sólidas. O processo ocorre quando as partículas líquidas ou gasosas ficam retidas na superfície de sólidos.
Descontaminação
Brenda desenvolveu o trabalho ao lado da colega de turma Julia Staaks Teixeira, com orientação de Márcia Freitas da Silva, e auxílio das professoras da disciplina de desernvolvimento de trabalho de conclusão de curso, Aline Ramos e Thais Taciano.
“Optamos por pesquisar o tratamento de águas contaminadas por cádmio e cobalto, pois são metais encontrados em grandes quantidades nos resíduos industriais, em empresas de anticorrosivos e do setor têxtil, por exemplo”, acrescenta Julia.
A dupla de estudantes criou uma biomassa a partir da casca de banana que acumula as substâncias poluidoras em sua superfície. Julia explica que “a casca de banana é rica em moléculas com carga negativa. Ela atrai os metais pesados, que têm carga positiva.”
O nível de purificação constatado pelas alunas chegou perto de 100%, possibilitando a utilização da água para tarefas como lavagem de louça e cozimento de alimentos. A ideia é que, com pequenas adaptações, a técnica de descontaminação seja adotada em comunidades ribeirinhas.
Após a experiência, foi possível realizar o tratamento dos resíduos gerados pelo processo de adsorção para recuperação dos íons de cobalto e cadmio, de forma que pudessem ser reutilizados em novos experimentos nos laboratórios da Etec Irmã Agostina.
Determinação da capacidade biossortiva da casca da banana nanica (cavendish) em água contaminada por cádmio e cobalto foi apresentado por Brenda e Julia como trabalho de conclusão de curso (TCC) no final de 2024.
Febrace
O trabalho das alunas é um dos 14 projetos de estudantes das Etecs do Centro Paula Souza classificados para a final da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que será realizada no campus Butantã, da Universidade de São Paulo (USP), entre os dias 24 e 28 de março.
“Estou bem animada porque participar da Febrace significa uma grande vitória, principalmente para mim, que sou uma mulher periférica”, comemora Brenda.
“Nunca imaginei apresentar um projeto nesta que é uma das maiores feiras de ciência e tecnologia do País. Espero servir de inspiração para que outras pessoas com origem semelhante à minha acreditem que é possível.”
“Essa experiência amplia o conhecimento teórico e fortalece habilidades práticas, como trabalho em equipe, apresentação de ideias e resolução de problemas”, avalia a orientadora Márcia Freitas da Silva. “Eventos como a Febrace ajudam na formação de cidadãos mais conscientes e comprometidos com a sociedade, principalmente em temas como sustentabilidade e meio ambiente.”