Somente 10,65% das crianças e adolescentes do Estado de São Paulo que fazem parte do público-alvo da imunização contra a dengue, iniciada em fevereiro de 2024, completaram o esquema vacinal com as duas doses recomendadas da vacina Qdenga.
Cerca de 2,4 milhões de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos moram nas cidades selecionadas na estratégia de imunização e deveriam receber a vacina. No entanto, apenas 256 mil receberam a segunda dose, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP).
Já a primeira dose foi aplicada em aproximadamente 593 mil pessoas, o equivalente a 24,68% do público elegível. Isso quer dizer que apenas 43% daqueles que receberam a primeira injeção retornaram para a segunda aplicação, que idealmente deve ser aplicada em um intervalo de três meses.
Na capital, onde o público-alvo é estimado em 600 mil crianças e adolescentes, foram aplicadas 229 mil primeiras doses (38,16%) e apenas 128 mil segundas doses (21,33%).
A baixa taxa de imunização coloca em risco os mais novos, grupo que concentra o maior número de hospitalizações por dengue depois de pessoas idosas, faixa para a qual a vacina não foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
De acordo com a Takeda, foi demonstrada eficácia de 81% na redução da dengue sintomática após 30 dias da primeira dose. Contudo, segundo a farmacêutica, não há estudos que atestem a eficácia no médio ou longo prazo para quem parou por aí. Isso porque 95% dos participantes da pesquisa de desenvolvimento da Qdenga tomaram as duas doses e, por isso, a análise em relação àqueles que tomaram apenas a primeira dose é limitada.
Apenas nas duas primeiras semanas epidemiológicas de 2025, o Estado contabilizou 30.375 casos suspeitos da doença, conforme o painel de arboviroses do Ministério da Saúde. Duas mortes foram confirmadas e 54 estão em investigação, aponta o sistema da pasta.
O que diz o governo?
A SES informou que, a cada nova remessa da vacina pelo Ministério da Saúde, oferece orientações aos municípios. Questionada sobre a possibilidade de busca ativa dos jovens não imunizados, a pasta afirmou que as gestões municipais são responsáveis por definirem as estratégias territoriais.
“O imunizante contra a dengue é distribuído e adquirido pelo Ministério da Saúde (MS), cabendo ao Estado a dispensação aos municípios. Além disso, cada cidade é responsável pela estratégia de vacinação, conforme orientações do órgão federal”, disse em nota.
A gestão municipal de São Paulo, por sua vez, afirmou que o Programa Municipal de Imunizações (PMI) “segue realizando busca ativa por meio de visitas domiciliares feitas pelas equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), por ligações telefônicas, envio de SMS, além da estratégia de ‘Dias D de Vacinação’, com a abertura de todas as UBSs aos sábados”.
Na capital, a vacina está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que funcionam de segunda a sexta-feira, e nas Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) Integradas, abertas de segunda a sábado. O atendimento ocorre das 7h às 19h.