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Jogo de loucos no Estádio da Luz com vitória do Barcelona sobre o Benfica (5-4) para a Liga dos Campeões

Os encarnados estiveram a ganhar por 3-1, depois chegaram ao 4-2, mas o colosso espanhol nunca se rendeu. Brasileiro Raphinha foi o herói da partida ao apontar o golo do triunfo já em período de descontos

Estádio da Luz esteve ao rubro em nova jornada europeia. (Foto SL Benfica)

Num jogo verdadeiramente eletrizante, em que o Benfica tinha de fazer tudo para tentar chegar ao triunfo, foi ao cair do pano que viu o mundo ruir à sua frente num lance em que se pode queixar da arbitragem. Tudo aconteceu em tempo de descontos quando o médio luxemburguês Leandro Barreiro sofreu uma carga de Fermin López que o árbitro neerlandês Danny Makkelie deixou passar em claro. E quem não se fez rogado foi o brasileiro Raphinha, que carimbou o tento do triunfo barcelonista após uma rápida jogada de contra-ataque, lançado por Ferran Torres. Chegou a pairar a ideia de que o golo podia ser revertido, dada a infração anterior, o que daria penálti para o Benfica, mas o lance não mereceu a reprovação do videoárbitro, mantendo-se a decisão do juiz do encontro.

Com este desaire o Benfica vê em risco a possibilidade de assegurar a presença no play-off de acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões, pois na última partida da fase regular tem uma complicada deslocação a Itália, onde em Turim irá defrontar a Juventus. Já o Barcelona, 2º classificado, está diretamente apurado. Pode, como tal, afirmar-se que o conjunto orientado por Bruno Lage foi castigado com um autêntico balde de água fria, por sinal num dia em que a chuva caiu insistentemente. Neste jogo de loucos e até mesmo surreal, os mais de 60 mil espectadores que acorreram à Luz bem puxaram pela sua equipa, mas o futebol, por vezes, é ingrato. E, valha a verdade – mesmo a verdade desportiva – até acabou por ser.

Pavlidis com hat-trick foi o herói improvável
A partida não poderia ter começado melhor para os encarnados, com Pavlidis a marcar logo aos dois minutos, repetindo a dose aos 22 e 30 minutos, o terceiro tento de grande penalidade. Numa altura em que o jogador grego está uns furos abaixo do que já mostrou, o certo é que neste confronto com o Barcelona voltou a evidenciar os seus atributos, tendo sido por isso o herói improvável. E convenhamos, marcar três golos a um dos conjuntos europeus de maior renome é obra. O veterano polaco Robert Lewandowski ainda empatou através de uma grande penalidade, mas o jogo chegou ao intervalo com o Benfica a vencer por 3-1, com a assinatura de Pavlidis. Pelo meio, o segundo tento do grego, raras vezes visto nos estádios, resultou de um choque violento entre o guardião polaco Szczesny e o lateral espanhol Alex Baldé, com o avançado helénico a atirar para a baliza deserta, em jogada iniciada num primoroso passe do argentino Otamendi.

É um facto que o conjunto da capital da Catalunha teve mais posse de bola e até alguns momentos em que colocou a baliza de Trubin em sentido, mas era inegável o mérito dos encarnados pela coragem com que se entregaram ao jogo. Mas se o lance do segundo tento do Barcelona resultou de um “acidente”, o que dizer do tento da formação espanhola quando chegou ao 3-2? Simplesmente irrisório. Ao repor a bola em jogo, o guardião ucraniano fê-lo com tamanha precisão – no caso imprecisão –, com a bola a bater na cabeça de Raphinha, que pouco ou mesmo nada teve de fazer para ver a “redondinha” entrar na baliza encarnada.

Quando o Benfica, aos 68 minutos alcançou o 4-2, num autogolo do uruguaio Ronald Araujo, pensava-se que o triunfo já não fugiria aos comandados de Bruno Lage. Só que num jogo de loucos os “doidos” andam à solta e tudo vira ao contrário. O Barcelona voltou a marcar de grande penalidade por Robert Lewandowski, aos 78 minutos, e depois por Eric Garcia, aos 87 minutos, fazendo o 4-4. E foi então que surgiu o tal lance já descrito, com o árbitro a não assinalar um penálti cometido sobre Leandro Barreiro. Grande jogo do Benfica, porventura um dos melhores da temporada, mas também um confronto que se revelou um hino ao futebol.

Encarnados festejaram em quatro ocasiões, mas foram derrotados em período de descontos. (Foto SL Benfica)

Confusão no túnel e frustração de Bruno Lage
No final da partida gerou-se uma enorme confusão no túnel de acesso aos balneários, com Raphinha a ser o centro das atenções. “Sou uma pessoa que respeita toda a gente. Quando saí, houve pessoas que me insultaram. Respondi-lhes, sei que não se deve fazer isso, mas acabámos por nos exaltar. A equipa do Benfica podia ter contestado. Se eles me respeitam, eu também os respeito. É normal no futebol após o final de um jogo como este”, declarou o internacional brasileiro à imprensa espanhola. A plataforma Movistar+ relata que após o apito final ouviram-se gritos no túnel e que foi necessária a presença policial para acalmar os ânimos. O próprio presidente do Benfica Rui Costa desceu dos camarotes para pedir satisfações ao árbitro da partida.

Ânimos exaltados e, em boa verdade, o caso não era para menos. O treinador dos encarnados também revelou a sua indignação. “O sentimento é de enorme frustração pelo resultado, mas de enorme orgulho pela exibição e por ver a família benfiquista a apoiar a equipa do princípio ao fim. Acho que há um erro tremendo do árbitro. Já percebi que todos os especialistas em termos nacionais dão claramente penálti. O facto é que o árbitro, nestas situações, tem de ter um critério semelhante àquilo que foram os penáltis do Barcelona e o nosso”, comentou Bruno Lage.

Vaz Mendes é jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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