O ambiente à volta da equipa do Benfica e do treinador Bruno Lage voltou a entrar em ebulição. Depois do encontro na casa emprestada em Rio Maior – o Casa Pia já não vencia o conjunto da Luz desde 1938, ou seja, antes do início da II Guerra Mundial… – voltaram os protestos e a contestação ao técnico Bruno Lage, que ultimamente não vem tendo vida fácil. A derrota no clássico com o Sporting, a que se seguiu novo desaire com o Braga, bem como a derrota (5-4) no Estádio da Luz com o Barcelona para a Liga Europa estão a baralhar as contas dos comandados de Lage. Mau prenúncio para o encontro europeu da próxima quarta-feira com a Juventus, a disputar em Turim, Itália, decisivo para a continuidade dos encarnados na competição.
A formação da Luz até nem entrou mal na partida e teve algumas oportunidades para marcar, acabando por chegar ao golo aos 14 minutos pelo argentino Di María na transformação de uma grande penalidade. Em teoria, tudo dava a entender que as alterações efetuadas no “onze” podiam resultar diante de um adversário modesto, mas que ocupa um surpreendente 5º lugar na Liga Portuguesa, podendo até sonhar com uma lugar de acesso às competições europeias. Bruno Lage deixou no banco o norueguês Schjelderup, que tem brilhado nos últimos confrontos, assim como o grego Pavlidis, autor de um hat-trick a meio da semana com o Barcelona. O atacante brasileiro Arthur Cabral jogou de início e esteve muito perto de marcar por duas ocasiões.
Só que o Casa Pia não estava ali propriamente para se vergar ao poderio adversário e partiu para uma exibição convincente, ainda que contando com erros flagrantes do Benfica. A defesa comprometeu em demasia e mesmo o guardião ucraniano Anatollyi Trubin não ficou isento de culpas, aliás ao exemplo do que aconteceu na última partida para a Liga Europa, de má memória para a equipa da Luz. A reviravolta no marcador aconteceu com alguma naturalidade e o intervalo chegou com a partida empatada, depois de brasileiro Cassiano ter feito o gosto ao pé. O angolano Beni Mukendi interceptou um mau passe do central António Silva e a bola sobrou para o atacante brasileiro, natural de Porto Alegre, que assim fez o seu sexto golo no campeonato.
Na segunda parte, o Benfica ainda tentou dar a volta aos acontecimentos, mas quem cresceu foi o conjunto casapiano, que marcou por mais duas ocasiões ao operar uma sensacional reviravolta. Primeiro por intermédio de Nuno Moreira, aos 60 minutos, depois do espanhol Larrazabal ganhar a bola ao seu compatriota Carreras e cruzar rasteiro para a área que resultou no golpe fatal. Aos 90+4 minutos o dianteiro francês Livolant carimbou definitivamente o triunfo do Casa Pia, após lançado pelo defesa camaronês Tchamba. Mesmo com mais alguns minutos para jogar, o presidente do Benfica Rui Costa saltou na cadeira do camarote e abandonou o lugar numa manifestação de desagrado pelo que estava a ver.
Bruno Lage (treinador do Benfica): “Sentimos que temos jogadores com talento e qualidade, mas há demasiados erros que vão acontecendo e há coisas que temos de mudar para sermos mais assertivos. Falta equilíbrio, voltámos a sofrer um golo, o terceiro, como tínhamos sofrido com o Barcelona. Não soubemos fazer uma falta para travar a jogada. A única coisa que podemos olhar para o jogo é entender os nossos adeptos e temos de mudar rapidamente já no próximo encontro.”
Sporting não falha e ganha novo fôlego
A equipa de Alvalade, que passou por um mau momento, após a ida do técnico Ruben Amorim, parece estar de regresso às boas exibições, ainda que nem tudo esteja a correr de feição. Contudo, empate a quatro bolas para o campeonato com o Guimarães e o recente desaire com o Leipzig (2-1) para a Liga dos Campeões não são tão comprometedores como os resultados do Benfica. E sabendo de antemão que o seu adversário mais direto tinha perdido diante do Casa Pia, obviamente que os leões tudo fizeram para levar de vencida a formação madeirense do Nacional.
Com o possante atacante sueco Viktor Gyokeres de regresso ao “onze” titular, o conjunto orientado por Rui Borges somou mais três importantes pontos rumo à tão desejada revalidação do título na Liga Portuguesa. Seis pontos de avanço sobre o Benfica dão um certo conforto e, na pior das hipóteses, os leões ficarão com mais quatro pontos do que o FC Porto, naturalmente se os azuis e brancos venceram a partida que lhe falta disputar com os açorianos do Santa Clara.
O primeiro golo do Sporting – um autêntico golaço – surgiu já em período de descontos, ainda na primeira parte, através do internacional português Francisco Trincão, com um fenomenal e potente de fora da área. Mais atrevidos na segunda metade do encontro, os nacionalistas não encontraram, porém, o caminho da baliza contrária. E foi o Sporting que chegou ao segundo tento por Simões, um jovem de apenas 18 anos que se estreou a marcar na sua 12ª presença na equipa principal.
Rui Borges (treinador do Sporting): “Apanhámos uma equipa organizada, com um bloco baixo. Apresentaram uma linha de cinco frente ao FC Porto e ganharam, mas não pensávamos que viessem com um bloco tão baixo. Sabíamos que a bola tinha de andar muito rápido. Na primeira parte, a bola andou de forma um pouco lenta, devíamos ter desgastado mais o adversário, obrigá-lo a movimentar-se, mas sabíamos que podíamos desbloquear o jogo num momento de inspiração e foi isso que aconteceu.”
