O clube de Alvalade foi arrasado pela avalanche ofensiva dos alemães do Borussia Dortmund, especialmente no decorrer de toda a segunda parte do encontro. Com três tentos apontados (60, 68 e 82 minutos), o conjunto alemão ultrapassou facilmente o Sporting neste jogo da primeira mão do play-off de acesso aos oitavos de final da Champions e só uma reviravolta épica na Alemanha dentro de uma semana permitirá ao clube de Alvalade continuar em prova. Com o japonês Hedemasa Morita no banco e sem o seu capitão Morten Hjulmand, castigado, o sueco Viktor Gyokeres entrou apenas a meia hora do final do encontro, mas não trouxe absolutamente nada de novo ao emblema verde e branco.
Numa análise ao que na realidade aconteceu, a entrada daquele a que chamam o bombardeiro sueco terá sido até precipitada, pois foi substituir o dinamarquês Conrad Harder, até então uma das unidades de maior rendimento do Sporting. Gyokeres não tem o poder de se atirar para cima dos adversários e desequilibrar, como outrora, e marcar golos em catadupa, o que fez dele o melhor jogador a atuar em Portugal. Aliás, falou-se insistentemente na sua saída por uma verba a rondar os 100 milhões de euros, que é o valor da cláusula de rescisão, mas este imbróglio pode comprometer o futuro negócio. O técnico Rui Borges não deu informações cabais para justificar o “apagão” do sueco, dizendo apenas que se trata de uma mera gestão da sua condição física, o que é manifestamente pouco, adensando-se por isso um caso que se transformou em mistério.
O facto é que os três golos do conjunto alemão aconteceram numa fase da partida em que o técnico leonino resolveu fazer alterações na equipa, lançando Gyokeres e também Morita na tentativa de desfazer o empate a zero bolas verificado até então. Mas, ao invés do pretendido, o Sporting passou a ser uma equipa permeável e consentiu três golos por manifesta falta de acerto do conjunto no seu global. Serhou Guirassy (60 minutos) foi o primeiro a deixar os cerca de três mil adeptos germânicos em festa, pouco depois, aos 68 minutos, Pascal Gross fez o segundo golo, e Karim Adeyemi carimbou a copiosa derrota dos leões a oito minutos do final do encontro. Em função deste resultado, o conjunto do Signal Iduna Park terá aparentemente a vida facilitada no próximo dia 19 de fevereiro, na Alemanha, quando voltar a defrontar o Sporting no encontro de todas as decisões.
Poder de fogo alemão lá fez a diferença
Os leões nem começaram mal a partida e até estiveram perto de se adiantar no marcador, não fosse um violento remate de fora da área, aos 15 minutos, desferido pelo médio uruguaio Maxi Araújo, ter sido devolvido pela barra defendida pelo guardião suíço Gregor Kobel. Com o jovem extremo Geovany Quenda, de apenas 17 anos, a dar nas vistas e a conduzir com eficácia o jogo ofensivo da sua equipa, a que o dinamarquês Conrad Harder tentava dar sequência, a verdade é que o Sporting mostrou os dentes ao adversário e fez tremer por várias ocasiões o último reduto do conjunto germânico.
Depois veio a penosa segunda metade do encontro e o Borussia revelou-se uma equipa confortável e eficaz perante o súbito “desaparecimento” do conjunto leonino. Como já referido, as substituições operadas pelo técnico Rui Borges não trouxeram nada de novo, bem antes pelo contrário. Já os germânicos impuseram-se com um futebol simples, feito de muita contenção de bola e com rápidas e eficazes saídas para o ataque. Não será por acaso que o Borussia de Dortmund é uma das equipas mais concretizadoras na presente edição da Liga dos Campeões e tem no guineense Serhou Guhirassy o máximo artilheiro da prova com dez tentos apontados.
Rui Borges (treinador do Sporting): Na primeira parte fomos claramente superiores. Muita qualidade em todos os momentos do jogo e merecíamos ir para o intervalo a vencer perante uma grande equipa. O Dortmund entrou melhor na segunda parte e quando pensámos em mexer sofremos o 0-1. Mérito do adversário. Sofrer o golo mexeu connosco, a equipa sentiu em termos anímicos e, depois, perdemos confiança e entrámos num jogo onde não podíamos entrar. Precisamos de estar a 200% e nem a 100 estamos. O Viktor [Gyökeres] teve um problema físico como têm centenas de jogadores. Não temos de especificar a lesão do jogador. É normal, alguém que parou algum tempo, não conseguir fazer 90 minutos”.
