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O empate a uma bola no Estádio do Dragão no jogo da primeira mão do play-off de passagem aos oitavos de final da Liga Europa deixou tudo em aberto. Mesmo jogando no Olímpico de Roma com o estádio repleto de adeptos do emblema giallorossi, o FC Porto mostrou que podia ter ultrapassado o seu adversário, não fosse ficar reduzido a dez elementos, aos 50 minutos, devido à expulsão de Stephen Eustáquio. O jogador canadiano é um elemento de extrema importância na zona intermediária do terreno, mas também algo temperamental, comportamento que já lhe valeu idênticos dissabores. Um vermelho direto, ainda por cima por agressão a um adversário, é uma situação lamentável e incompreensível.
O técnico Martín Anselmi montou bem a equipa para este confronto e o certo é que o FC Porto chegou a estar por cima, teve mais posse de bola e assustou a toda poderosa Roma. Ou nem assim tanto, pois o conjunto de Claudio Ranieri já teve melhores dias. Os dragões colocaram-se mesmo em vantagem, aos 26 minutos, com um fenomenal pontapé de bicicleta de Samu. O possante dianteiro espanhol terminava assim um jejum de oito jogos sem marcar com um golaço de fazer levantar o estádio, mas não, como é óbvio, o Olímpico de Roma. E os azuis e brancos até continuaram a desenvolver um futebol agradável até que, bem… até que surgiu o génio do argentino Paulo Dybala, que até chegou a estar em dúvida para este encontro após lesão contraída no encontro da primeira mão no Estádio do Dragão.
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Com a bola colada ao pé esquerdo Dybala é mesmo uma bala. Aos 35 minutos ele próprio iniciou a jogada num lance genial, evitou todos os que lhe surgiram pelo caminho, e rematou colocado para o fundo da baliza. Bastaram apenas quatro minutos para que o craque argentino voltasse a fazer o gosto ao pé, desta feita ao fletir da esquerda para centro do terreno e a disparar sem qualquer hipótese de defesa para o guardião Diogo Costa. Num ápice, a Roma passava para a frente da eliminatória, com a defesa dos azuis e brancos cautelosa na abordagem aos lances, pois dois dos seus três centrais já tinham sido advertidos com a cartolina amarela. E os romanos podiam até ter praticamente resolvido a questão, não fosse o brasileiro Otávio Ataíde, natural de São Paulo, ter aliviado uma bola quase em cima do risco de baliza.
Nervos a mais e cabeça a menos
Já o dissemos, a expulsão do canadiano de Stephen Eustáquio, aos 50 minutos, acabou por ser um dos momentos marcantes e decisivos do encontro. A agressão é nítida e o árbitro não teve dúvidas na amostragem do cartão vermelho direto depois de visionar as imagens no VAR. É um facto que Leandro Paredes teatralizou em demasia, queixando-se de um toque na cara, mas a mão do jogador portista bateu, intencionalmente, no peito do médio argentino. Nada a dizer, nestes casos não pode haver contemplações e o FC Porto ficou ainda mais à mercê do adversário, que soube aproveitar o nervosismo dos dragões.
O técnico Martín Anselmi ainda tentou mudar o rumo dos acontecimentos ao efetuar uma tripla substituição com as entradas de Tomás Perez, Danny Namaso e William Gomes, mas pouco depois surgiu o golo que colocou a Roma mais tranquila. Mesmo assim, os dragões não desistiram de lutar e quando o árbitro se preparava para dar a partida por terminada, um autogolo do holandês Devyne Rensch (90+6 minutos) colocou um ponto final no encontro. O FC Porto despediu-se da Liga Europa e agora terá apenas de se concentrar no campeonato português, pois já foi afastado da Taça de Portugal e da Taça da Liga. Salvar a época não será tarefa fácil, pois os principais adversários, Sporting e Benfica, têm-se revelado mais fortes por disporem de plantéis com outros argumentos.
Martín Anselmi (treinador do FC Porto): “Quando se tem bons jogadores na frente, dois lances individuais do Dybala acabaram por anular a nossa vantagem em seis minutos e ficou 2-1. Fizemos uma boa primeira parte e na segunda mostrámos atitude, fomos em busca do empate mesmo com um a menos. Foi um jogo com muitas interrupções, muito equilibrado, com muitos duelos e era preciso ganhá-los, bem como as segundas bolas. Quando a roubámos fizemos golo e eles tiveram o Dybala entre linhas a fazer o que sabe melhor”.
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