
Antes do início do encontro entre o FC Porto e o Guimarães a contar para mais uma ronda da Liga Portugal, o Estádio do Dragão, que registou uma enchente com perto de 45 mil adeptos, prestou homenagem a Pinto da Costa. Falecido no passado dia 15 de fevereiro de doença prolongada, o Presidente dos Presidentes continua bem vivo na memória dos portistas, pois todos lhe reconhecem o mérito, juntamente com o saudoso técnico José Maria Pedroto, de ter tirado o clube do marasmo em que se encontrava, se comparado com os “grandes” de Lisboa.
Pinto da Costa gerou paixões e ódios, até mesmo no seu clube de sempre. Quando perdeu as eleições para André Villas-Boas, houve quem o acusasse, bem como à sua administração, de ter depauperado os cofres do emblema azul e branco. Num contexto complicado, depois de uma Assembleia Geral com agressões à mistura – Fernando Madureira, conhecido como “Macaco” e ex-líder da claque Super Dragões está em prisão preventiva há um ano – terá sido esse o rastilho para uma derrota por números impensáveis, pois recolheu apenas vinte por cento dos votos.
O carismático líder saiu magoado com muita gente e na apresentação do seu livro “Azul Até ao Fim” disse os nomes de quem não queria que fosse ao seu funeral. Polémico até ao fim. E a vontade de Pinto da Costa foi escrupulosamente cumprida, pois nas cerimónias fúnebres não marcaram presença os “indesejáveis”, um deles o atual presidente que o derrotou no último e muito participado ato eleitoral. Mas Villas-Boas tem estado por detrás de todas as homenagens e sempre que fala no seu antecessor mostra o apreço que teve pelo homem que um dia o contratou para ser treinador do clube, pelo qual ganhou, na temporada de 2011/12, a Liga Europa, o Campeonato Nacional, a Taça de Portugal e a Supertaça Cândido de Oliveira.
Com a morte de Pinto da Costa o FC Porto ficou órfão do seu “pai”, mas o seu legado fala por si. E esta última homenagem no Estádio do Dragão – um minuto de silêncio de olés e palmas – foi mais um testemunho do respeito que todos têm por aquele a que chamam o Presidente dos Presidentes. Dividiu para reinar? Talvez. Por isso mesmo os adversários diretos do FC Porto – Sporting e Benfica – nem sequer enviaram mensagens de condolências, o que institucionalmente, se o tivessem feito, seria o mais correto entre clubes. O presidente do Sporting disse que não era hipócrita, já Rui Costa, líder do clube da Luz, nunca se referiu ao assunto. É neste conturbado mundo do futebol que se vão descarregando paixões e ódios. Pinto da Costa, mesmo em espírito, permanece no Dragão. Polémico na Eternidade.
