
Diretor–Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria, recebeu na última segunda-feira (24), a Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, no Centro Industrial Nuclear de Aramar, em Iperó, região de Sorocaba (SP). A visita teve como objetivo conhecer os avanços do Programa Nuclear da Marinha (PNM) e do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), projetos estratégicos da Marinha integrados ao Programa Nuclear Brasileiro (PNB).
“O trabalho que a Marinha vem realizando por meio do PNM e do PROSUB tem um potencial transformador para a sociedade. O desenvolvimento de tecnologia nuclear é uma honra e uma conquista nacional, pois poucos países detêm este conhecimento. Essa trajetória de inovação e soberania só é possível graças ao empenho incansável daqueles que se dedicam ao avanço tecnológico do País. Graças a esse empenho, superamos desafios, rompemos barreiras e reafirmamos nossa capacidade de desenvolver soluções estratégicas para o futuro do Brasil”, afirmou o Almirante de Esquadra Rabello.
Durante a visita, a Ministra, acompanhada pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Francisco Rondinelli Junior, pelos coordenadores técnicos do projeto, José Augusto Perrotta e Patricia Pagetti, e por outras autoridades do setor nuclear, conheceu o Laboratório de Enriquecimento Isotópico (LEI), responsável pelo desenvolvimento da tecnologia de enriquecimento de urânio, e o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE), cujo objetivo é validar, de forma segura, a operação do reator de propulsão naval e dos sistemas eletromecânicos e de controle integrados ao submarino nuclear convencionalmente armado. Além disso, como parte de uma tradição adotada nas visitas ao complexo nuclear de Aramar, a Ministra plantou uma árvore no jardim do local.
“A construção do primeiro Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear do Brasil é um projeto de extrema importância para o País, não apenas por reforçar nossa soberania, mas também pelo impacto significativo que pode ter no desenvolvimento de novas tecnologias para a indústria de defesa e no avanço do conhecimento científico”, declarou Luciana Santos, reiterando o compromisso de seu Ministério com essa iniciativa. Antes da visita ao CINA, a Ministra participou da cerimônia que marcou o início das obras de infraestrutura do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e reforçou a importância do projeto para o avanço da tecnologia nuclear no Brasil.
Reator Multipropósito Brasileiro e Programa Nuclear da Marinha
O RMB e o PNM são duas iniciativas estratégicas de grande importância para o Brasil, que impulsionam o avanço da ciência e da tecnologia no País.
O RMB está instalado em uma área de 2 milhões de metros quadrados no município de Iperó (SP), ao lado do Centro Experimental de Aramar. Dessa área, 1,2 milhão de metros quadrados foram cedidos pela Marinha do Brasil à CNEN, enquanto os 840 mil metros quadrados complementares foram desapropriados pelo governo do Estado de São Paulo e cedidos à CNEN por meio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Para garantir o sucesso do projeto, a CNEN estabeleceu parcerias estratégicas com a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (AMAZUL) e a Fundação Pátria, visando integrar conhecimentos e recursos para a construção de um reator nuclear de alta complexidade.
A AMAZUL, empresa vinculada diretamente à Marinha, assumiu a responsabilidade pelo projeto de engenharia detalhado das estruturas e sistemas convencionais do reator, trabalhando em conjunto com a CNEN e a empresa argentina INVAP, especializada em tecnologia nuclear. Além disso, a AMAZUL firmou contrato com a Fundação Pátria, instituição dedicada ao fomento da inovação tecnológica na área de defesa, garantindo apoio técnico na contratação das obras relacionadas ao RMB.
Esse esforço conjunto entre as instituições tem como objetivo não apenas a criação de uma infraestrutura segura e eficiente para o reator, mas também a promoção da inovação tecnológica e o fortalecimento das capacidades nacionais em pesquisa nuclear. Com essa colaboração, o Brasil reafirma seu compromisso com o avanço científico e a capacitação técnica, consolidando sua posição no cenário internacional como uma potência em tecnologia nuclear.
O PNM desenvolve tecnologias nucleares voltadas para Defesa Nacional e tem como principal objetivo fornecer a tecnologia necessária para a construção do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear, reforçando a posição do Brasil como uma potência em defesa nuclear e ampliando sua soberania nacional.
Embora com finalidades distintas, ambos os projetos são componentes essenciais do Programa Nuclear Brasileiro (PNB). Enquanto o RMB foca em aplicações civis e científicas, o PNM e o PROSUB têm como principal objetivo o fortalecimento da defesa nacional. Portanto, há uma sinergia entre os dois programas, que compartilham conhecimento técnico, recursos humanos e tecnologias, contribuindo para o fortalecimento do Brasil tanto no âmbito civil quanto no militar.