Benfica perde pela margem mínima com o Barcelona e compromete passagem aos “quartos” da Champions

Equipa da Luz jogou contra dez desde dos 22 minutos da primeira parte, dispôs de algumas oportunidades para marcar, mas o guardião polaco Szczesny brilhou a grande altura

O grego Pavlidis tentou tudo para chegar ao golo, mas desta feita ficou em branco. (Foto: SL Benfica)

O Benfica perdeu uma grande oportunidade de sair do seu estádio com um resultado positivo, para dentro de uma semana ir a Barcelona tranquilo da vida e carimbar o passaporte para os quartos de final da Liga dos Campeões. Para lá de uma exibição fabulosa do guarda-redes do Barcelona, ao defender alguns “golos feitos”, o defesa António Silva cometeu um erro de palmatória no tento que deu o triunfo ao conjunto da Catalunha. Aos 61 minutos, numa tentativa de sair a jogar, o jovem central que tem atuado ao lado do argentino Nicolás Otamendi, colocou a bola nos pés do brasileiro Raphinha, que agradeceu e aproveitou o brinde, atirando a contar para a baliza do ucraniano Anatoliy Trubin.

Se por um lado o resultado em si constituiu uma enorme desilusão para os benfiquistas, por outro, apesar de tudo, fica uma réstia de esperança na expectativa de que o jogo da segunda mão em Barcelona seja diferente. Tem é de aproveitar melhor as oportunidades de que poderá dispor, ainda que a música deva ser outra. Claro que a vantagem alcançada na Luz pelo conjunto catalão terá os seus efeitos e, convenhamos, o Barcelona é nitidamente favorito. Aliás, como já o era antes da partida da Luz começar, mesmo com mais de 60.000 adeptos a puxar pelos comandados do técnico Bruno Lage. Os encarnados têm equipa para dar luta, podem até ter uma daquelas noites à Benfica, só que o “Barça” por certo que não irá defender a vantagem, pois o seu estatuto não lhe permite descansar à sombra de um resultado positivo.

Szczesny começou a dar festival na baliza desde muito cedo. Logo aos 20 segundos, o genial polaco defendeu para canto um remate do avançado turco Kerem Aktürkoglu, após assistência do grego Vangelis Pavlidis. Depois do luxemburguês Leandro Barreiro, logo de seguida, voltar a dispor de nova e soberana ocasião, aos 12 minutos, o guardião “culé” deu um autêntico show debaixo dos postes ao efetuar uma espetacular tripla defesa ao impedir que o categorizado avançado polaco Robert Lewandowski e o genial Lamine Yamal, de apenas 17 anos, fizessem o que melhor sabem. Trubin estava mesmo imparável e acabou por ser a grande figura do encontro do Barcelona, a par de Pedri, o cerebral meio-campista que teve o condão de organizar e serenar sempre a propósito o jogo da sua equipa.

Com tanto desperdício em tão pouco tempo, o Benfica ainda teve a vantagem de passar a jogar contra dez, a partir dos 22 minutos, depois da expulsão de Cubarsi. O defesa espanhol foi imprudente ao rasteirar Pavlidis quando o grego se preparava para ficar isolado diante de Szczesny e viu o cartão vermelho direto. Na cobrança do livre, pois claro, enorme defesa do polaco. O Barcelona foi obrigado a recompor o setor mais recuado ao retirar o médio espanhol Dani Olmo para a entrada do uruguaio Ronald Araujo, mas a inferioridade numérica do adversário nunca constituiu trunfo de peso para o Benfica.

António Silva volta a dar (enorme) brinde

Se o Barcelona dispôs na sua baliza do principal trunfo para sair da Luz a zeros, Pedri também acabou por ser fundamental para serenar o jogo nos momentos em que era necessário travar o ímpeto do opositor. Senhor de um apurada técnica e magistral condução de bola, o internacional espanhol, de 22 anos, foi outra das figuras maiores de uma partida intensa, bem jogada e empolgante. A grande mancha foi mesmo para o tremendo erro do jovem central António Silva – mais um – que se deu ao desplante de fazer um passe lateral para Raphinha. O brasileiro, que em Portugal representou o Vitória de Guimarães e o Sporting, agradeceu o brinde, foi para ali fora e disparou forte e certeiro à baliza de Anatoliy Trubin, que não merecia tal desfeita. Costuma dizer-se que estes deslizes acontecem aos melhores, mas o facto é que nunca poderia ter acontecido, pois António Silva cometeu um erro de palmatória, inconcebível a este nível.

O técnico Bruno Lage ainda tentou tudo para virar o resultado ao fazer entrar o atacante brasileiro Arthur Cabral e o argentino Andrea Belotti e, valha a verdade, o Barcelona continuou a sofrer. Faltou a eficácia e mais sangue-frio nos momentos da definição, pelo que a história desta eliminatória será conhecida dentro de uma semana no encontro de Montjuic no Estádio Olímpico Lluís Companys, a casa dos catalães devido ao facto do Camp Nou estar a sofrer obras de remodelação. Nada está perdido para o Benfica, longe disso, mas também não será difícil reconhecer que, apesar de tudo, o Barcelona é francamente favorito. Para lá do fator casa, é inegável que possui um plantel superior ao do conjunto da Luz, dotado de jogadores como, por exemplo, Raphinha, Lamine Yamal ou Lewandowski, que a qualquer momento podem fazer a diferença.

Bruno Lage (treinador do Benfica): “Foi um bom jogo de futebol. Aos 20 segundos tivemos uma oportunidade para marcar. Acabámos o jogo com várias oportunidades, mas não conseguimos marcar. Temos a eliminatória em aberto e uma ambição enorme de ir a Barcelona vencer e seguir em frente na prova. Poderíamos estar a falar de um resultado de 5-1 e estamos agora a falar da derrota por 1-0”.

Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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