
Um golo de livre direto apontado pelo internacional português Ricardo Horta, aos 17 minutos, deu o triunfo ao Sporting de Braga sobre o FC Porto, que tem agora pela frente a complicada tarefa de lutar pelo terceiro posto na Liga Portugal. E o seu grande adversário é precisamente o mesmo que defrontou na 25ª jornada do principal campeonato português. Complicada porque os portistas não dispõem de uma equipa capaz de fazer melhor, ou, pelo menos, algo de diferente. O treinador argentino Martín Anselmi trouxe uma nova ideia de jogo, privilegiando uma defesa com a inclusão de três centrais, mas o sistema não tem produzido os efeitos desejados nem para lá caminha.
Depois das saídas do extremo brasileiro Anderson Galeno e do médio espanhol Nico González os dragões ficaram privados de dois elementos que faziam a diferença e as contratações efetuadas não têm dado grande resultado. O ex-paulista William Gomes, de apenas 18 anos, tem revelado pormenores interessantes quando é chamado a jogo, mas, só por si, é insuficiente para dar maior profundidade ao ataque. E foi isso que nesta partida faltou ao FC Porto, pois não foi capaz de ser mais assertivo no último terço do terreno, praticamente com ausência de lances de perigo real junto da baliza contrária. Muito pouco para um conjunto que, nesse capítulo, perde bastante para os seus rivais Sporting e Benfica, pois possuem “artilharia” de peso.
João Moutinho todo-o-terreno

Para lá do golo que deu os três pontos ao Sporting de Braga – incrível a forma como a barreira dos dragões consentiu que a bola entrasse diretamente, ainda por cima com o livre a ser batido numa zona lateral do terreno -, o certo é que a formação minhota foi melhor em todos os capítulos. E na zona intermediária contou com a classe do veterano João Moutinho, de 38 anos, aliás considerado justamente o melhor Jogador em campo. O centrocampista que brilhou ao serviço do FC Porto, antes da aventura europeia que o levaria ao Mónaco e ao Wolverhampton, jogou os 90 minutos e foi o grande maestro de uma equipa que tudo fez para ganhar. Os arsenalistas formaram um bloco compacto e, mesmo desfalcados de algumas peças influentes, controlaram quase que por completo a partida. Os portistas tiveram alguns momentos – poucos – em que tentaram aproximar-se com perigo da baliza do tranquilo guardião checo Lukas Ornicek, mas fizeram-no quase sempre de forma pouco ou nada esclarecida. O avançado espanhol Samu teve uma oportunidade para marcar no final da primeira parte num lance em que os dragões reclamaram penálti, mas vistas as imagens o árbitro entendeu, e bem, não haver qualquer tipo de falta.
Em suma, o FC Porto voltou a deixar uma pálida imagem num jogo em que o técnico Martín Anselmi viu-se obrigado a mexer na equipa face às ausências de Fábio Vieira, castigados, e dos lesionados Pepê e Rodrigo Mora, habitualmente titulares. É sabido e notório que no plantel dos azuis e brancos não abundam grandes talentos, mas o futebol exibido não deixa de ser preocupante, obviamente na perspetiva do emblema portista. As críticas sucedem-se e há mesmo quem recorde o anterior técnico Vítor Bruno, despedido numa altura em que tudo estava francamente melhor. Jogar para o terceiro lugar apenas dá acesso à entrada direta para a Liga Europa, mas o Sporting de Braga é uma ameaça bem séria, pelo que esta reta final do campeonato promete emoções bem fortes.
Carlos Carvalhal (treinador do Braga): “Tivemos uma semana limpa para preparar o jogo e fizemos muito bem, os jogadores estiveram inexcedíveis, 35 minutos de domínio da nossa parte e um golo. Houve uma reação do FC Porto nos últimos minutos da primeira parte. Fizemos um apelo aos jogadores para fazermos uma entrada forte na segunda parte, tivemos de baixar o bloco e em transições podíamos ter feito mais um golo. A vitória não sofreu contestação e fomos os justos vencedores”.
Martín Anselmi (treinador do FC Porto): “Creio que no último terço faltou mais profundidade para podermos centrar nos últimos minutos, quando tínhamos dois avançados. O Braga também defende bem e teve vários jogos sem sofrer golos em casa. Não conseguimos concretizar algumas jogadas e temos de o fazer, foram poucas, mas tivemo-las e acho que nos faltou profundidade para atacar a linha de cinco deles. Tentámos com dois avançados, mas faltou centrar mais para criar mais perigo”.
