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Sargento Saionara: da infância difícil à conquista de uma carreira de sucesso na Marinha do Brasil

Após uma infância marcada por desafios e superações, a Segundo-Sargento Saionara encontrou na Marinha do Brasil propósito, força e a chance de reescrever sua história.

(Foto: Marinha do Brasil)

O nome Saionara, variação de “Sayonara” em japonês, significa “até logo” ou “adeus”. Para a Segundo-Sargento Lidiane Saionara da Silva Vergilio, esses significados refletem a despedida que deu ao passado marcado por desafios e superações. Especialista em Tecnologia da Informação, ela se considera hoje uma pessoa plena e realizada, tanto na vida pessoal quanto na carreira militar. No entanto, o início de sua história foi cercado por traumas profundos.

“Minha trajetória começou de forma difícil. Fui sequestrada com apenas um mês de vida, em janeiro de 1990. Minha mãe morava em um albergue no Centro do Rio de Janeiro e, pela falta de leite para me alimentar, pedia que outra mulher a substituísse na amamentação. Um dia, essa desconhecida aproveitou o momento para fugir comigo”, relembra.

Lidiane ficou desaparecida por três anos e oito meses. Nesse período, viveu nas ruas da capital carioca, passou fome e foi explorada pela sequestradora, pedindo dinheiro e vendendo balas nos semáforos.

A busca pela pequena Saionara

Nascida em uma família de quatro irmãos, Lidiane teve pouco contato com os parentes. Sem familiares engajados em sua busca, foi Odinéia Marly Abreu de Carvalho, pedagoga e psicóloga aposentada, quem decidiu procurar a menina. Odinéia, hoje com 83 anos, não tinha parentesco com Saionara, mas acolhia sua mãe em troca de ajuda com os filhos.

Amava crianças e cuidava dos quatro filhos dela, inclusive da Lidiane. Após o sequestro, senti que precisava encontrá-la. Saía do trabalho à noite e procurava por ela embaixo de viadutos”, recorda Odinéia.

Recorte do Jornal O Globo, de setembro de 1993, destaca o reencontro de Lidiane Saionara com a mãe biológica e a prisão da sequestradora. (Imagem: Arquivo)

Depois de meses de procura, a menina foi localizada em um galpão em Nilópolis (RJ) pela polícia, que avisou Odinéia. “Ela estava muito magra, com panos enrolados nas pernas para esconder feridas causadas por queimaduras de ferro de passar roupa. Quando a encontrei, cuidei dela e celebrei o aniversário de quatro anos com um bolo, comemorando sua segunda chance na vida”, emociona-se Odinéia.

Recorte do Jornal O Globo, de setembro de 1993, destaca o reencontro de Lidiane Saionara com a mãe biológica e a prisão da sequestradora. (Imagem: Arquivo)

Embora Odinéia tenha cuidado de Lidiane temporariamente, a mãe biológica a levou embora e ambas perderam o contato. De lá para cá, a menina e a mulher que a encontrou tinham se visto apenas uma vez, quando Saionara ainda tinha 14 anos.

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O segundo reencontro ocorreu no último sábado (15) e para Odinéia foi inesquecível. “Assim como não desisti de procurá-la quando desapareceu, também a procurei quando nos afastamos. Por acaso, achei uma foto dela na internet, em 2023, com aquela linda farda branca e a reconheci na hora. Chorei de alegria por saber que ela estava bem e na Marinha. Agora, temos um bom relacionamento, gosto muito dela e estou muito feliz em revê-la.”

Segundo-Sargento Saionara e Dona Odinéia registram um momento do reencontro emocionante na casa da idosa, no último sábado (15) – Imagem: Acervo pessoal
Fonte: Agência Marinha de Notícias
Acesse: https://www.agencia.marinha.mil.br/

“Deus me salvou por meio da Marinha”

Para a Segundo-Sargento, a Marinha foi um divisor de águas. “Sempre digo que foi Deus que me salvou por meio da Marinha. Eu via os uniformes e sonhava em vestir branco, mas parecia algo distante. Em 2008, fiz o concurso para o Corpo Auxiliar de Praças (CAP) e passei na primeira tentativa. Iniciei minha trajetória militar em 2009, junto a 300 companheiros”, relembra.

Atualmente, aos 35 anos, com 16 anos de experiência na Marinha, a militar reflete sobre sua jornada.

A Marinha me colocou em situações desafiadoras que ensinaram a me valorizar. Meu caminho, das ruas à farda, é prova de que o impossível pode ser alcançado. A Força me deu propósito e coragem para enfrentar o passado.”

Navegando em direção ao futuro

Na formatura como Sargento ao lado da “Tia Deja” que a criou entre os seis e os 12 anos de idade. (Imagem: Acervo Pessoal)

A Sargento Lidiane conviveu pouco com a mãe biológica — cerca de dois anos apenas — e, apesar de também ter morado um tempo com o pai, a militar foi criada por uma tia, a quem chama de “Tia Deja”.

“Foi esse anjo que cuidou de mim entre os meus seis e 12 anos, me dando amor, um lar e a chance de ter uma infância comum. Uma das poucas coisas que me recordo dessa época foi o meu primeiro dia de escola e da segurança que senti ao finalmente ter uma casa e uma ideia de família”.

Morando atualmente com o marido em Niterói (RJ), a Sargento escolheu pensar no futuro. “Quero formar uma família. A vida me tirou a relação de mãe e filha que eu deveria ter vivido e talvez, de alguma forma, ser mãe seja a minha chance de reescrever essa história.”

Em relação à carreira, a militar também sabe exatamente por quais mares pretende navegar. “Me vejo com mais força na Marinha e na vida. Na carreira, meu objetivo sempre foi aprofundar meus estudos para alcançar o Oficialato. Quero assumir novas responsabilidades, estar mais perto da liderança e usar tudo o que aprendi até aqui para impactar ainda mais vidas, inclusive por meio da biografia que estou escrevendo”, conclui.

Vem pra Marinha

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