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Tragédia grega no Dragão com hat-trick de Pavlidis coloca FC Porto em estado de alerta máximo

Benfica infligiu pesada derrota ao seu adversário (4-1) para a Liga Portugal e o presidente Villas-Boas não perdoou, obrigando os jogadores a pernoitar no hotel onde habitualmente estagiam antes dos jogos

Foi muita a festa do público portista no início do encontro, mas a frustração não demorou muito a surgir> Foto José Lacerda)

O pesadelo dos azuis e brancos teve início aos 41 segundos quando o dianteiro Pavlidis inaugurou o marcador, ao aproveitar uma assistência do turco Kerem Aktürkoglu com um cruzamento para a área. O lance ainda foi invalidado pelo juiz auxiliar, mas as imagens do vídeo-árbitro tiraram as dúvidas e o Benfica colocava-se facilmente em vantagem, no que depois viria a ser um autêntico pesadelo para os comandados do argentino Martín Anselmi. O Benfica foi superior em quase todos os capítulos do jogo e o grego Pavlidis a sua maior figura ao marcar por três ocasiões, o que mais nenhum jogador tinha conseguido até à data no reduto dos azuis e brancos. A humilhação acabou por ser total e os portistas estão agora a 12 pontos da liderança encarnada e irremediavelmente afastados da luta pelo título.

Aliás, a reação não se fez esperar, com o presidente Villas-Boas a determinar que os jogadores e staff portista não fossem para as suas residências, como habitualmente, antes pemanecessem concentrados em estágio numa unidade hoteleira. Se se considerar que esta decisão constituiu um castigo pela goleada sofrida, então a situação desportiva do FC Porto vai de mal a pior, pois não há memória de tal acontecer. Num momento em que, porventura, o mais aconselhável seria a procura do conforto em ambiente familiar, o máximo responsável pelo clube entendeu penalizar toda a equipa, obviamente destroçada com tão pesada derrota.

Antes, porém, outro episódio viria a marcar de forma intempestiva o decorrer dos acontecimentos quando o líder portista, ao intervalo, numa altura em que o Benfica já vencia por 2-0, desceu do camarote presidencial para se dirigir aos balneários. Outra situação invulgar e mesmo caricata, que até pode ser entendida como uma desautorização ao próprio treinador, pois por certo que Villas-Boas não terá dirigido palavras meigas aos jogadores, antes um grande raspanete face à má exibição e ao resultado. E assim vão as coisas no reino do Dragão, ainda que a situação da equipa de futebol na tabela classificativa seja o espelho da debilidade de um conjunto muitas vezes à deriva neste campeonato. As alternativas não são muitas – agravadas com as vendas em dezembro último do brasileiro Wenderson Galeno e do espanhol Nico González -, tanto mais que o plantel é, unanimemente, limitado em soluções, se comparado com o do Benfica e o do Sporting. E até mesmo a equipa do Braga, que está na luta pelo terceiro lugar juntamente com o FC Porto, pratica um futebol bem mais atrativo e eficaz.

Mais posse de bola sem grandes soluções no ataque
É um facto que o FC Porto chamou a si controlo do jogo e a percentagem de posse de bola foi manifestamente superior à do seu adversário. Os dragões tiveram uma ou outra oportunidade para poderem chegar ao empate, mas o discernimento na hora de rematar à baliza deixou muito a desejar. Já o Benfica, a jogar em contra-ataque, dispôs de inúmeras situações para sair do Dragão com uma goleada ainda maior. Valeu a classe do guardião Diogo Costa nuns quantos momentos de tremenda aflição para as redes portistas a evitar um pesadelo ainda maior. As debilidades defensivas são gritantes e nem mesmo o novo sistema que o técnico argentino implementou desde a sua chegada, com o recurso a três centrais numa linha a cinco, tem surtido efeitos.

Quando Pavlidis, aos 42 minutos, assinou o seu segundo tento, ao rematar no coração da área, após passe de Florentino, resultante da marcação de um canto, estava bom de ver que o FC Porto dificilmente encontraria uma solução para mudar o rumo dos acontecimentos. O Benfica dominou como muito bem entendeu os dragões e naturalmente avolumou o resultado, de novo com o avançado grego em evidência ao assinar o inédito hat-trick, aos 69 minutos, em pleno recinto dos dragões, após magistral assistência do astro argentino Di María. Altura para a debandada dos espectadores do repleto estádio, às centenas, talvez aos milhares, naturalmente cabisbaixos perante tanta falta de imaginação de uma equipa sem rumo e à deriva.

E muitos já não viram o tento de honra do FC Porto, apontado pelo dianteiro Samu – que bem que jogava o jovem espanhol com o anterior técnico Vítor Bruno… -, quando aos 81 minutos rematou certeiro à baliza do tranquilo guardião ucraniano Anatoliy Trubin. Mas foi mesmo o Benfica a fechar a contagem, já em período de descontos, com o argentino Otamendi a rematar de cabeça, após assistência do turco Orkun Kökçü na execução de um livre. A vitória na casa do FC Porto deixa a formação orientada por Bruno Lage na liderança, à condição, do campeonato, com 68 pontos, mais três do que o Sporting, que joga esta segunda-feira com o SC Braga em Alvalade.

Martín Anselmi (treinador do FC Porto): “Evidentemente que um golo no início do jogo muda as coisas, mas este não é um momento para análises do que aconteceu ou daquilo que podíamos ter feito. Até achei a nossa reação boa, mas não me parece que seja hora para dar explicações, mas sim para fazer uma revisão e trabalhar a partir daí. Sentimos o apoio durante a semana, no hotel, quando começou o jogo e não resta mais nada do que pedir desculpa”.

Bruno Lage (treinador do Benfica): “Tínhamos falado que vínhamos cá para vencer o jogo, foi isso que fizemos, acima de tudo com uma grande determinação. Foi que pedi aos jogadores antes de entrarem em campo. Reforçar aquilo que tenho dito nos últimos tempos, a família que eles são. Como tínhamos previsto, jogo quentinho, mas sempre com uma grande dinâmica, grande velocidade e ambas as equipas a procurar o golo, mas veio ao de cima a determinação da nossa equipa em fazer um grande jogo”.

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Vaz Mendes
É jornalista, natural da cidade do Porto, Portugal. Iniciou sua carreira na Gazeta dos Desportos, tendo depois passado pelo Record, Jornal de Notícias e Comércio do Porto, jornais de referência em Portugal. Participou da cobertura de múltiplos eventos nacionais e internacionais (Futebol, Basquetebol, Andebol, Ciclismo e Hóquei em Patins). Foi coordenador redatorial do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica). É responsável pelas redes sociais de equipes de ciclismo e dirigente desportivo em uma associação de Ciclismo. É colaborador do PortalR3, publicando textos escritos em português de Portugal.

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