
Celebrado em 10 de abril, o Dia da Arma de Engenharia homenageia os militares e profissionais que atuam em uma das áreas mais versáteis e estratégicas do Exército Brasileiro. Com habilidades que vão da construção de pontes e estradas à superação de obstáculos em combate, os engenheiros militares têm papel fundamental tanto em operações militares quanto em ações de apoio à sociedade.
Neste dia especial, destacamos a nota alusiva do Exército Brasileiro, que ressalta a importância histórica e atual da Engenharia no contexto da Defesa Nacional. A mensagem completa está disponível logo abaixo, aqui no PortalR3.
10 DE ABRIL – DIA DA ARMA DE ENGENHARIA

No dia 10 de abril, comemora-se o dia da Arma de Engenharia. Conhecida como a Arma Azul-Turquesa, tem suas raízes no Real Corpo de Engenheiros de Portugal, tropa criada para projetar e construir fortificações destinadas a atender os interesses ultramarinos lusitanos.
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Em 1808, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil e a necessidade dedesenvolvimento de infraestruturas, construção e readequação de fortes, demarcação de fronteiras e mapeamento de regiões inexploradas, tornou-se essencial que a formação de engenheiros, que ocorria na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, passasse a ser realizada na Real Academia Militar, a partir de 1811. Naquele momento histórico, a intensa formação acadêmica dos nobres engenheiros ocorria em um período de 7 (sete) anos, tendo como foco, a priorização do ensino voltado para as ciências exatas.
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No decurso do século XIX, surgiu a personificação de um herói nacional, exemplo de bravura e doação ao serviço da pátria, o Tenente-Coronel JOÃO CARLOS DE VILLAGRAN CABRITA, Patrono da Arma de Engenharia do Exército Brasileiro.
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Nascido em 30 de dezembro de 1820, na então província da Cisplatina (atual República Oriental do Uruguai), Villagran Cabrita ingressou na carreira militar aos 22 (vinte e dois) anos como alferes-aluno e, desde cedo, demonstrou a notável combinação de talento técnico aliado ao espírito combativo.
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Teve seu nome imortalizado pela comprovada competência, coragem e liderança em momentos decisivos da história nacional, como em 1865, nos campos de batalha da campanha da Guerra da Tríplice Aliança, quando exerceu o comando do 1º Batalhão de Engenheiros, atualmente, 1º Batalhão de Engenharia de Combate (Escola) – 1º BE Cmb (Es) – sediado no bairro de Santa Cruz, no município do Rio de Janeiro (RJ), local do antigo Palácio Real e Imperial de Santa Cruz.
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Como Comandante e à frente do batalhão que, futuramente, receberia a designação histórica de seu próprio nome, VILLAGRAN CABRITA assumiu a responsabilidade de viabilizar a transposição de rios, apoiar a mobilidade das tropas aliadas e estabelecer posições defensivas no Teatro de Operações. Seu maior feito ocorreu na defesa da Ilha da Redenção, onde, diante da ameaça representada pelas forças inimigas entrincheiradas no Forte de Itapirú, desembarcou com a tropa e liderou a organização de uma posição defensiva que garantiu a travessia segura do exército aliado pelo rio Paraná, obstáculo de grande vulto.
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Assim, a sua liderança foi essencial para a vitória das forças da Tríplice Aliança, naquele confronto decisivo. No entanto, quis o Senhor dos Exércitos que, ainda em campo de batalha, aquele bravo soldado viesse a falecer em 10 de abril de 1866, atingido por estilhaços de uma granada de artilharia, lançada em sua embarcação, enquanto redigia o relatório de operação. Em que pese a grande consternação daquele momento, seu exemplo de homem e de soldado pôde perpassar gerações e evidenciar os valores militares inerentes ao nobre engenheiro, no decorrer dos séculos
vindouros.
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No prosseguimento de sua trajetória, durante a Segunda Guerra Mundial, a nobre Engenharia integrou a Força Expedicionária Brasileira nas campanhas da Itália e cooperou para o êxito da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária nas conquistas de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese. Com coragem e determinação, os engenheiros do 9º BE Cmb, situado na cidade de Aquidauana (MS), executaram tarefas desafiadoras de apoio à mobilidade, como ocorreu com o lançamento de uma ponte tipo Bailey no Canal de Usciana, que permitiu o avanço aliado na região da Toscana.
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Já no século XXI, em situações de não guerra, a Engenharia brasileira destacou-se em missões de paz e ajuda humanitária sob a égide de organismos internacionais. Na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), por exemplo, teve papel relevante na reconstrução de estradas, pontes, bem como construção e melhoramentos de estruturas horizontais e verticais naquele país, sobretudo após o trágico terremoto de janeiro de 2010.
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O exemplo de profissionalismo dos integrantes da Arma Azul-Turquesa, materializado pelo comprometimento de seus soldados, fez com que houvesse uma ampliação de capacitação profissional, ao longo dos anos, fruto da excelente reputação internacional das tropas brasileiras, conquistada na Missão de Assistência para a Remoção de Minas na América Central (MARMINCA), Missão de Assistência para Remoção de Minas na América do Sul (MARMINAS), entre outras, apoiando, de forma geral, o desenvolvimento regional à população estrangeira, muitas vezes em condição de vulnerabilidade e de insegurança.
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No âmbito nacional, a Engenharia militar brasileira assumiu um papel decisivo na construção de rodovias e na abertura de novas estradas em regiões remotas. Destacam-se a construção da BR-163 (Cuiabá-Santarém), corredor estratégico para o escoamento de grãos entre o Centro-Oeste e o Norte do País; da BR-230, a nossa rodovia Transamazônica, que vai da cidade de Cabedelo (PB) até Lábrea (AM), que promoveu a ocupação e o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste, melhorando o acesso a serviços básicos, assim como o escoamento da produção agrícola e mineral.
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Além da cooperação em obras estratégicas e missões internacionais, a Arma de Engenharia exerce um papel crucial em casos de calamidade pública. Nessas situações, como se pôde observar nas Operações Taquari I e II, realizadas no Rio Grande do Sul, tropas de Engenharia reconstruíram estradas, removeram entulhos, lançaram meios de travessia e auxiliaram no resgate de pessoal em regiões de difícil acesso, atenuando o sofrimento da população local, por ocasião da enchente do rio Taquari, onde ficou evidenciada a “mão amiga” do Exército Brasileiro.
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Atentas às demandas e inovações tecnológicas do combate moderno, as tropas de Engenharia elevam a sua operacionalidade com a aquisição de novos materiais, bem como a capacitação permanente de seu efetivo para o enfrentamento do complexo cenário contemporâneo. Sob a coordenação do Departamento de Engenharia e Construção, investe-se na obtenção e manutenção de equipamentos avançados, a exemplo de detectores de minas de última geração, passadeiras Infantry Assault Bridge (IAB), portadas pesadas Improved Ribbon Bridge (IRB), Viaturas Blindadas Especializadas de Engenharia, redes de camuflagem com redução térmica (URUTAU), dentre outros produtos de defesa.
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Engenheiros que carregam as tradições do Castelo Lendário, sigam honrando o legado de seu patrono, o Tenente-Coronel VILLAGRAN CABRITA, mantendo-se fiéis aos valores patrióticos e à dedicação inabalável ao Brasil. Não tenham dúvidas de que o trabalho de todos é essencial, tanto em tempos de guerra, quanto em tempos de paz, contribuindo para o fortalecimento das Forças Armadas e para o desenvolvimento nacional.
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Soldados de Engenharia, quando olhamos para as tradições e as realizações da Arma, manifestadas no profissionalismo, comprometimento e entusiasmo de seus militares, temos a confiança de que o dever continuará sendo muito bem cumprido e assim, com a consciência vitoriosa, podemos aclamar, consoante ao lema que guia e motiva seus integrantes, que nós “NÃO VIVEMOS EM VÃO!”.
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AO BRAÇO FIRME!
AVANTE REMAR!