
A 29ª jornada da maior prova portuguesa a nível de clubes teve como novidade maior o empate que o Arouca arrancou em pleno Estádio da Luz, perante mais de 60 mil espectadores. Desta forma, o Sporting voltou a posicionar-se na dianteira da prova, ainda que em igualdade pontual com o seu vizinho de Lisboa. A assistir ao jogo no “sofá”, já que na véspera foi aos Açores vencer o Santa Clara pela margem mínima, o Sporting respirou fundo. O vencedor da Liga Portugal poderá mesmo ser encontrado na penúltima jornada quando os dois grandes rivais da capital se encontrarem no Estádio da Luz. E, das duas uma, ou os encarnados conseguem o seu 39º título, ou o emblema de Alvalade garante o bicampeonato, proeza que vê fugir há mais de sete décadas.
Claro que este prognóstico é algo arriscado e obviamente falível, pois ambas as equipas têm jogos com índice de risco elevado, a começar já pela próxima jornada na sempre complicada visita dos comandados de Bruno Lage a Guimarães. O Vitória minhoto é um conjunto extremamente aguerrido, muito difícil de bater, e segue na 5ª posição da tabela, logo atrás do FC Porto. Para lá do chamado dérbi eterno, o Sporting tem, aparentemente, um calendário menos complicado do que o seu rival, pois a outra deslocação fora é ao reduto do Boavista, último classificado da tabela e na iminência de baixar de divisão. Aliás, este histórico emblema da cidade do Porto, que já foi campeão nacional, há alguns anos perdeu o seu fulgor, muito por culpa da complicada situação em que se viu mergulhado e que o impediu de inscrever jogadores por via do fair-play financeiro.
O empate do Benfica no seu próprio reduto não estava nas previsões de ninguém e o facto é que os encarnados fizeram o suficiente para levar de vencida o seu adversário. O domínio dos da casa chegou a ser avassalador, com muitas oportunidades para marcar, mas o primeiro golo apenas surgiu na segunda parte, aos 60 minutos, por intermédio do avançado turco Orkun Kökçü, após assistência do norueguês Fredrik Aursnes. Mas pouco depois, num penálti muito contestado pelo Benfica, uma vez que não consideraram a carga de Otamendi suficiente para a marcação do castigo máximo, o Arouca empatou a partida. O lance foi alvo de um prolongado visionamento pelo VAR, mas chamado a observar as imagens o árbitro foi categórico e não teve dúvidas em validar a infração do central argentino.
O Benfica não acusou o toque e foi rapidamente à procura do segundo tento, o que viria a conseguir por intermédio do grego Pavlidis, aos 79 minutos, num excelente golpe de cabeça servido por Orkun Kökçü. E eis que quando tudo caminhava para um final feliz, tal era a supremacia evidenciada pelos encarnados, o Arouca, já em período de descontos, aproveitou um deslize da intermediária benfiquista e o brasileiro Weverson, natural de Brasília, gelou o Estádio da Luz.

Ventania nos Açores quase “varria” os leões
Na partida da véspera, que deixou o Sporting provisoriamente à frente da Liga Portugal, os leões foram aos Açores vencer o Santa Clara pela margem mínima, com o golo do triunfo a ser apontado pelo atacante moçambicano Geny Catamo no início da etapa complementar. A forte ventania que se fez sentir no Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada, prejudicou em demasia a produção dos dois conjuntos, principalmente o dos leões, que tinham por obrigação de ir à procura dos três pontos.
Os açorianos tentaram tapar por todos os meios o caminho da sua baliza e beneficiaram dos sistemáticos passes em profundidade do adversário, com a bola a sofrer efeitos adversos devido ao vento, para lá da lentidão de processos patenteada. Corrigidos alguns erros de posicionamento, o Sporting viria a revelar-se mais eficaz e o triunfo, ainda que curto, premiou o maior labor dos comandados de Rui Borges.
Tudo em aberto na luta pelo 3º lugar

Depois do pesado desaire no Estádio do Dragão diante do Benfica, ao encaixar quatro golos, o FC Porto deslocou-se à capital portuguesa para defrontar o Casa Pia. O treinador Martín Alselmi prometeu vingança – um termo de certa forma desajustado, pois se pretende vingar-se terá mesmo de ser num próximo encontro com o Benfica, agora só na próxima temporada – e os azuis e brancos venceram o clube lisboeta por magra vantagem. O único golo da partida foi apontado pelo jovem Rodrigo Mora, de apenas 17 anos, numa monumental jogada de recorte técnico invulgar. À passagem do quinto minuto, o genial futebolista de palmo e meio, já na área, ludibriou um adversário com uma rotação sobre a bola, tipo “roleta”, e atirou em arco, sacando uma daqueles coelhos da cartola só ao nível dos predestinados.
Apesar da maior pressão exercida pelos portistas, o certo é que não se livraram de alguns sustos. Novidade de Anselmi foi a chamada de do dianteiro turco Deniz Gül por troca com Samu, o habitual titular no ataque dos dragões. O atacante espanhol acabou por entrar na reta final da partida, vindo depois a saber-se pelo técnico argentino que não foi primeira opção por ter treinado limitado durante a semana. De resto, o FC Porto voltou a evidenciar as dificuldades do costume no último terço do terreno, pois as ocasiões de perigo criadas foram poucas. Aliás, acabou até por passar por uma fase de algum desacerto nos instantes finais do encontro, ainda que o Casa Pia tenha evidenciado enormes carências ofensivas, pois a qualidade individual escasseia. Apesar de tudo, o conjunto casapiano está tranquilo na tabela classificativa e tem garantida a permanência entre os maiores do futebol português.
Bracarenses somam e seguem com goleada
O SC Braga manteve o terceiro lugar da tabela ao vencer com facilidade o aflito AVS, que desta forma sofreu a quinta derrota consecutiva. O internacional português Ricardo Horta, aos 5 minutos, o sérvio Uros Racic, aos 26 e 37 minutos, e o marroquino Amine El Ouazzani, aos 90+3 minutos, marcaram para os arsenalistas, que regressaram aos triunfos, após o empate 1-1 em Alvalade, enquanto que o português Rafa Rodrigues faturou para os forasteiros já no prolongamento.
Os bracarenses têm no imediato duas saídas complicadas aos redutos do Estoril e do Famalicão, depois defrontam no seu estádio o sempre complicado Santa Clara, segue-se uma ida a Lisboa para o jogo com o Casa Pia e, por fim, recebem o Benfica. Aparentemente, os comandados de Carlos Carvalhal têm a vida mais complicada, se comparada com a do FC Porto, em teoria menos atribulada. Tal como acontece com a luta pelo primeiro lugar, também o acesso à Liga Europa está ao rubro, pois só o terceiro posto garante a entrada direta na segunda maior competição da UEFA a nível de clubes. As cenas dos próximos serão certamente bem interessantes e disso vamos dar conta nos próximos capítulos de uma “novela” que está a apaixonar os amantes do desporto-rei.
