
A Marinha do Brasil, por meio da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), realizou, no dia 23 de abril, uma cerimônia no Clube Naval de Brasília em comemoração ao Dia da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). A data, celebrada em 22 de abril, marca o nascimento do Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva, Patrono da CT&I na Marinha. Entre os presentes, estavam a Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen. Os destaques da solenidade foram a entrega do Prêmio “Soberania pela Ciência” e o lançamento da 36ª edição da Revista Pesquisa Naval.
A Ministra Luciana Santos destacou a importância do domínio tecnológico em um cenário geopolítico em transformação. “O mundo atravessa uma fase de transição para uma nova ordem multipolar, marcada por crises e disputas entre nações, o que exige do Brasil uma postura ativa e preparada. Isso significa investir em Ciência, Tecnologia e Inovação com capacidade de atuação estratégica, como exemplificado pelo desenvolvimento do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear e pelo domínio do ciclo do urânio”, afirmou.
Segundo a Ministra, em um contexto em que a soberania e a segurança energética ganham centralidade, esses avanços tornam-se indispensáveis. “O Brasil deve muito à Marinha por sua atuação pioneira na área nuclear. Reconhecemos o valor dessa trajetória e reafirmamos nosso compromisso com um País mais soberano, inovador e preparado para os desafios do futuro”, concluiu.
Desde meados do século XX, a Marinha tem ampliado sua atuação no campo da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), reconhecendo o conhecimento como um dos pilares da soberania nacional. Esse esforço é liderado pela Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), atualmente sediada na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo (USP).Para o Diretor-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Alexandre Rabello de Faria, é fundamental reconhecer o apoio recebido do MCTI, tanto por meio do financiamento a projetos estratégicos quanto pela gestão comprometida do Plano Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
“A presença da Ministra e de sua equipe reforça nossa parceria na construção de um Brasil mais soberano, inovador e preparado para os desafios do futuro. Muitos de nossos programas têm múltiplas aplicações e extrapolam o escopo da Marinha, beneficiando também outros setores da sociedade”, afirmou o Almirante de Esquadra Rabello.
Durante a cerimônia, foi apresentado um vídeo institucional sobre os programas e projetos inovadores da área nuclear e tecnológica da Marinha, homenageando os pesquisadores civis e militares que contribuem para o aprimoramento da Força e o desenvolvimento do País.

O vídeo relembrou o legado do Almirante Álvaro Alberto — Patrono da CT&I da Marinha, idealizador do CNPq, ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências e defensor da autonomia tecnológica e do uso pacífico da energia nuclear. Como reconhecimento, seu nome batiza o Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear, principal objetivo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB).
A entrega do Prêmio “Soberania pela Ciência” foi um dos momentos mais aguardados da cerimônia. Criado para reconhecer artigos desenvolvidos por pesquisadores e equipes das instituições de CT&I da Marinha, o prêmio foi concedido ao estudo “Percepção Pública das Algas Marinhas e suas Aplicações em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação”, publicado na nova edição da Revista Pesquisa Naval.
Entrega do prêmio em valor, realizada pelo representante da Fundação Conrado Wessel, Dr. André Pereira da Silva – Foto: Rodrigo Cabral (ASCOM/MCTI)O estudo vencedor foi desenvolvido pela Dra. Giselle Pinto de Faria Lopes, com coautoria do Capitão de Fragata Marco Vinicius Ribeiro Lopes, ambos do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), em parceria com Thais de Lourdes Macieira, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A pesquisa aponta a importância da disseminação de informações sobre as algas marinhas e suas aplicações, destacando como fatores como faixa etária e escolaridade influenciam o interesse por produtos inovadores derivados desse recurso natural.“Na academia, sabemos do potencial biotecnológico das microalgas e macroalgas.

Esta pesquisa nos ofereceu um olhar estratégico para entender como o público percebe esse recurso e como isso pode influenciar a aceitação de produtos derivados. Projetos como o Superalimento e o Antídoto Natural Marinho, desenvolvidos no IEAPM, têm aplicação direta em cenários operacionais. Mas, para avançarem além do laboratório, é essencial que a sociedade compreenda seu valor e que o mercado reconheça seu potencial. Quando há apoio público à ciência, a inovação chega mais rapidamente onde é mais necessária — inclusive na área de Defesa”, explicou a Dra. Giselle Lopes.
Os artigos publicados na Revista Pesquisa Naval passam por avaliação de professores de instituições de excelência, como a USP, a PUC-Rio e o SENAI CIMATEC, garantindo rigor técnico e relevância científica.
O evento contou, ainda, com a presença de embaixadores, ex-ministros, deputados e representantes de universidades, centros de pesquisa, fundações, empresas públicas além de outras autoridades militares e civis.