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A história de João Pedro Cardoso e a 1ª Festa das Árvores no Brasil

Livro que conta a história de João Pedro Cardoso, escrito por Francisco Piorino Filho, pode ser adquirido no supermercado Excelsior. (Foto: reprodução)
Livro que conta a história de João Pedro Cardoso, escrito por Francisco Piorino Filho, pode ser adquirido no supermercado Excelsior. (Foto: reprodução)

Na belíssima galeria de pindamonhangabense ilustres ocupa merecidamente um lugar de destaque, aquele cujo nome encima estas linhas. Conquistou-o a golpes de talento e de incessante trabalho.

O Dr. João Pedro Cardoso, nasceu em Pindamonhangaba a 17 de janeiro de 1871. Filho de José Pedro Cardoso e de Dona. Maria José Villela Cardoso. Depois de um curso brilhantíssimo, em que fez fulgurar seu belo talento e salientar a sua aplicação, formou-se pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 1895.

Começou a trabalhar ainda estudante, e, em abril de 1893 foi nomeado auxiliar da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro e em junho desse ano, ocupou o cargo de auxiliar da Empresa Industrial de Melhoramentos.

Logo depois de terminar o seu curso foi trabalhar nas obras de prolongamento da Estrada de Ferro Central do Brasil (depois Rede Ferroviária Federal e hoje, …..), onde prestou serviços como condutor de Segunda classe, tendo sido nomeado mais tarde engenheiro de 2ª classe. Foi nomeado engenheiro-residente na construção de alguns trechos daquela ferrovia.

Depois foi nomeado engenheiro de 3ª classe da Comissão Construtora da nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, onde trabalhou na captação e distribuição de água. Terminados estes trabalhos veio para São Paulo, onde foi nomeado Inspetor de Agricultura do 6º Distrito, a 25 de abril de 1900.

A 24 de outubro desse ano, passou a ocupar o mesmo cargo no 3º Distrito e a 5 de janeiro de 1901 foi transferido para o 1º Distrito. Foi exatamente neste cargo que o ilustre pindamonhangabense organizou a FESTA DAS ÁRVORES, realizada pela primeira vez no Brasil, cuja cerimônia teve lugar em Araras-SP, em junho de 1902.

A respeito da FESTA DAS ÁRVORES, promovida por João Pedro Cardoso, obtivemos quando éramos vereador, na década de 60, junto à Câmara Municipal de Araras, cópia original da ata que marcou a inauguração da referida festa e que deu posteriormente origem à instituição do “DIA DA ÁRVORE” , sempre comemorado no início da primavera, cabendo destacar que no dia desse acontecimento, lá se encontrava outro ilustre filho desta terra, Dr. Mário Tavares.
Transcrevemos abaixo, com a ortografia da época, o referido documento:

“ Acta da inauguração solenne da Festa das Arvores em 7 de junho de 1902 -:
Aos sete dias do mez de junho de mil novecentos e dous, nesta cidade de Araras no pavilhão da Câmara Municipal pelas trez e meia horas da tarde, presentes os Snrs. Dr. Domingos de Moraes, Presidente do Estado em exercício, Dr. Antonio Candido Rodrigues, Secretario da Agricultura, Dr. Francisco Malta, Secretário da Fazenda, Dr. Bernardino de Campos, Presidente eleito do Estado, Dr. Antonio Prado, Prefeito da Comarca de São Paulo, Dr. Orville Derby, Diretor da Comissão Geographica e Geológica do Estado, Dr. Alberto Loeffgen, Diretor do Horto Botanico, Representantes da Imprensa, a Câmara Municipal representada por todos os seus Membros, Senador Antonio de Lacerda Franco, Dr. Coelho Neto, Dr. Theodoro Sampaio e mais pessoas gradas que assignam, ficou solennemente inaugurada a Festa das Arvores pela primeira vez celebrada no Brasil e creada pelas Leis municipais de nºs 18 e 19 de 1º e 21 de Fevereiro de 1902 com o fim de promover pelo exemplo a plantação e conservação de arvores, agindo como meio de propaganda por este culto necessário. Pronunciaram discursos os seguintes Srrs.: Dr. Olympio Portugal representando a Camara, Dr. Candido Rodrigues em nome do Governo, os meninos Sylvio e Osvaldo Portugal, Dr. João Pedro Cardoso, Engenheiro deste Distrito Agrícola, Dr. Coelho Neto e Carlos Rius Seco. E para constar, eu, Eugenio Vieira Barbosa, Secretario da Camara, lavrei esta acta que assignam todos os presentes. Ass.- Domingos Correa de Moraes, Bernardino de Campos, ª Candido Rodrigues, Francisco de Toledo Malta, Alberto Loeffgen, Dr. Reynaldo Porchat, José Augusto Pereira de Queiroz, Mario Bulcão, Carlos J. Botelho, Jayme Marcondes, Victor de Azevedo, João Lacerda Soares, Eugenio Bulcão, Lins de V. Joni, Antonio Carlos Botelho Reteo, Paulo Pereira Barreto, João de Lacerda Franco, José Vieira Barbosa, Gastão de Souza Mesquita, Eurico Vieira de Almeira, Mario Fruize, Luiz Ferraz Mesquita, Armando de Azevedo do “ Estado de São Paulo” , Octavio de Lacerda, João Soares do Amaral, Frederico de B. Brotero, Joze Soares de Camargo, Juvenal de Lacerda Abreu, ilegível, Miguel Alves Feitosa, Nestor de Sá e Silva, Pedro Ivo de Castro, Joviniano A. Whitaker, Dr. Olympio Portugal ( vereador), Mario Tavares, Osvaldo Pimentel Portugal, João Campos Porto, Sylvio Portugal, João Pedro Cardoso, Cesário L. Coimbra, Gastão Ferraz de Mesquita, Jorge de A. Whitaker, Leopoldo de Freitas ( Diario Popular), Placido Martins, Silvino Marzagão, Horacio de Almeida Rodrigues, D. Germano Neri, Heitor de Sá, Rodolfo Coimbra, ilegível, André Júnior”.

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Mais tarde conseguiu realizar a mesma solenidade em Capinas e em Itapira. Em Araras fundou a Escola de Trabalhadores rurais e levou a efeito uma importante exposição de aparelhos a alcool, em Campinas.

Representou o 1º Distrito e doze municípios no Congresso das Aplicações Industriais do Alcool, no Rio de Janeiro.

A 14 de janeiro de 1904 foi nomeado chefe do 2º Distrito da Superintendência das Obras Públicas. Foi nomeado a 21 de junho de 1904, engenheiro ajudante da Inspetoria de Estradas de Ferro e Navegação.

Em todos esses cargos o Dr. João Pedro Cardoso deu provas de sua capacidade profissional, desempenhando de um modo irrepreensível. Foi por isso que o governo lhe confiou um cargo de maior importância nomeando-o chefe da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, por decreto de 24 de janeiro de 1905, sendo efetivado nesse cargo a 7 de abril de 1906.

Foi sob sua direção que foram organizadas as quatro expedições encarregadas da exploração do extremo sertão do Estado, zona essa que nos nossos mapas figurava com a denominação de terreno desconhecidos e habitados pelos índios.

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Na interessante questão de fronteiras com os Estados do Paraná e Minas Gerais, representou o nosso governo estadual e teve o prazer de assinar os acorodos para dar fim a essa questão e o fez com tanta competência e escrúpulo, que mereceu elogios do ilustrado Secretário da Agricultura de então.

Na Conferência de Limites Internacionais, teve a honra de representar o Estado de São Paulo. Nos Congressos, que foram realizados em diversos Estados, o Dr. João Pedro Cardoso foi sempre lembrado para representar a Secretaria da Agricultura, o Estado e a Comissão Geográfica, da qual era chefe.

Na importante questão de limites entre Bragança e Piracaia, serviu de árbitro. Foi delegado do Estado de São Paulo nas questões de limites entre nosso Estado e os de Minas e Rio de Janeiro.

No dia 6 de outubro de 1921, assinou termo de acordo, estabelecendo os limites definitivos entre o Estado de São Paulo e o Rio de Janeiro, os quais foram aprovados pelo Congresso.

Os serviços prestados por João Pedro Cardoso na questão dos limites foram os que mais se destacaram, graças à sua competência sobejamente reconhecida pelos escalões do governo.

Mas a competência do pindamonhangabense e sua operosidade foram ainda muito além, vez que prestou inúmeros servicós à União, ao Estado de Minas Gerais e a muitas empresas particulares.

Foi diretor da Empresa Campineira de Luz e Força, presidente da Companhia Força e Luz São Valentim e bem assim um dos fundadores da Empresa de Água Mineral Natural Prata e ainda presidente da Companhia Paulista de Medicamentos.

O Dr. João Pedro Cardoso foi sócio da Societé de Geographie de Paris, Sociedade de Geografia de Lisboa e da National Geographic Society de Washington. Foi também membro de honra, com medalha de ouro da Societé Academique d’Histoire Internationale de Paris; sócio efetivo do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, do Instituto de Engenharia de São Paulo, dos Instituto Históricos e Geográficos de São Paulo, Rio Grande do Norte, Bahia, Fluminense e Paraná; sócio honorário dos Institutos Históricos e Geográficos da Paraíba e Sergipe.

Faleceu o Dr. João Pedro Cardoso, aos 8 de julho de 1957.

O Dr. João Pedro Cardoso, ao longo dos anos vem sendo muito injustiçado, não só pelos governos que já têm passado, mas especialmente por todas as entidades não governamentais que defendem o meio ambiente, em sabendo que o ilustre pindamonhangabense foi um dos primeiros homens públicos a alertar sobre a preservação da árvore e batalhar em sua defesa.
Pindamonhangaba, sua terra natal, deu-lhe apenas o nome de uma via pública, localizada entre a Rua dos Bentos e a Via Expressa Dr Francisco Lessa Júnior, sendo certo que anualmente, quando no “Dia da Árvores”, seja sempre lembrado principalmente por nossas escolas.

De nossa parte, quando também éramos vereador, propusemos junto ao então governador Dr. Roberto Costa de Abreu Sodré, através de propositura aprovada pela Câmara Municipal, que fosse dado ao recém criado “2º Ginásio Estadual”- localizado no bairro do Campo Alegre, a denominação de “Dr. João Pedro Cardoso”, fazendo anexar ao pedido sua biografia, no que foi atendido, tendo o ilustre governador Abreu Sodré baixado o Decreto de 28 de agosto de 1970, nos seguintes termos :

“Decreto de 28 de Agosto de 1970
Dá denominação a estabelecimento de ensino – Considerando que o engenheiro João Pedro Cardoso, figurou entre os mais ilustres cidadãos da cidade de Pindamonhangaba;
Considerando o talento e o dinamismo com que desempenhou as importantes missões que lhe foram confiadas no campo da engenharia e da agricultura;
Considerando que seu nome ligado a estabelecimento de ensino de sua cidade natal, constituirá justa homenagem do Estado ao primeiro realizador da Festa da Árvore do Brasil;

Decreta:
Art. 1º – Passa a denominar “Dr. João Pedro Cardoso” o 2º Ginásio Estadual de Pindamonhangaba.
Art. 2º – Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, 28 de agosto de 1970.
ROBERTO COSTA DE ABREU SODRÉ
Paulo Ernesto Tolle, Secretário da Educação.
Publicado na Casa Civil, aos 28 de agosto de 1970.
Maria Angélica Galiazzi, reponsável pelo S.N. A

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