CURIOSIDADES DE CINCO “Joaquims”
Há décadas passadas, Pindamonhangaba conheceu cinco cidadãos de nome JOAQUIM que passaram a ser apelidados pelo serviço que faziam ou por colaboração espontânea. Os seus apelidos passaram a ter maior evidência e até hoje por muitos são lembrados.
Tivemos a satisfação de conhecer a todos eles: Joaquim LAMPIÃO, Joaquim QUEROSENE, Joaquim FORMINICIDA, Joaquim FOGUETEIRO e Joaquim ENCERADOR alguns, já no final de suas vidas, mas todos trabalhadores e pessoas corretas e trabalhadoras.
Antecipamos que apenas daremos e escreveremos sobre seus apelidos pelo de fato de que, seus nomes completos não soubemos na época e também, por motivos óbvios.
JOAQUIM LAMPIÃO: O apelido desse saudoso Joaquim verificou-se quando nossa cidade era despida dos benefícios da energia elétrica, principalmente a iluminação pública. Por sinal, bom é informar que a iluminação elétrica chegou a Pindamonhangaba em 1911,quando era Prefeito o senhor Dr. Benjamin Pinheiro que contratou para tal fim o Dr. Ricardo Vilela, em 27 de julho.
Acima, modelo de lampião existente em nossas vias públicas – 1915.
Naturalmente, mesmo com a chegada da iluminação elétrica, por muitos anos a mesma foi precária e, nos poucos pontos onde passou a existir, as lâmpadas colocadas nos postes das vias principais, eram de 25, 40 ou 60 watts no máximo.
Em todos os bairros e na maioria das ruas centrais, inexistia iluminação elétrica e apenas eram fixados em postes ou nas esquinas, os tradicionais lampiões.
Daí surgir o apelido de Joaquim LAMPIÃO, ao primeiro cidadão que assumiu a responsabilidade de acendê-los no início da noite e apagá-los no final da madrugada de todos os dias. Na realidade, de início, segundo marca a história, poucas ruas e apenas as avenidas Jorge Tibiriçá e Fernando Prestes, tinham esse benefício, vias públicas essas que à época também tinham outras denominações.
O Joaquim LAMPIÃO ou “Seu Joaquim” foi também um dos bons açougueiros do Mercado Municipal que trabalhou no prédio atual e bem antes, no “mercado velho”, quando o mesmo atendia o público num verdadeiro barracão ocupando grande área entre a Rua “10 de Julho” e “Expedicionários”, local que ficava intransitável com qualquer chuva (situava-se na Praça X).
Nesse “barracão” onde funcionou o mercado de Pindamonhangaba, trabalhou nosso saudoso avô Salvatore Pierino (nome originário da Itália), na década de 40, claro, no século passado.
Na área do antigo mercado situam-se entre outros prédios: Drogaria São Paulo (Condomínio São Judas Tadeu), imóvel das famílias Arese, Hidrel, família Guedes, Família Valentini, entre outros.
JOAQUIM FORMICIDA: O 2º Joaquim com apelido que permanece até hoje na lembrança, que bem conhecíamos, era o Joaquim FORMICIDA. E por quê?
Simplesmente pelo fato de que nossa cidade, como toda Vila que se elevou a essa categoria, despida era de qualquer tipo de planejamento, mesmo porque, não existiam quase construções de casas e quando se verificava, era a esmo, uma aqui, outra ali e outra mais acolá. Enquanto isso, os criadouros de formigas aumentavam dia a dia e, a Prefeitura, não tendo condições para fazer grandes melhorias via crescer a reclamação popular contra os formigueiros que atingia todos os bairros. E naquela época, como ainda hoje, não havia muita colaboração do povo para contribuir com a limpeza de sua cidade, quem diria com relação a qualquer saneamento de problemas periféricos como o avanço da saúva.
Assim, o Prefeito de então (ou os Prefeitos), desde 1940 mais ou menos, criou o setor do “mata formigas” e para tanto, designou um servidor para atender aos pedidos e reclamos e então combater esse indesejável inseto. E o funcionário escolhido quem foi? Nada menos que um Joaquim que desde então passou a ser conhecido como Joaquim FORMICIDA, pessoa muito estimada na roda de seus colegas e da população, principalmente dos proprietários que necessitavam dos seus serviços: levar aos formigueiros o veneno adequado para acabar com a “rainha, machos e operários”, sanando sério problema de suas terras. O “Seu Joaquim FORMICIDA” chegou a residir por algum tempo em uma das casas então existentes na Rua Dr. Gregório Costa.
JOAQUIM QUEROSENE: Este, o 3º Joaquim, que chegou a morar na Avenida Cel. Fernando Prestes (a casa foi demolida depois de adquirida pelo Supermercado Excelsior), no período da 2ª Guerra Mundial, foi chamado pelo Prefeito de então, para comandar a distribuição das quotas de querosene que eram distribuídas às pessoas que se utilizavam desse combustível.
Explicamos: naqueles anos da guerra, muita coisa, principalmente, alimentos (açúcar e sal) e combustíveis, passaram a ser racionados e, cada família ou cada empresa, passou a ter uma ou mais quotas dos citados produtos que eram distribuídos de acordo com os estoques recebidos, pela Prefeitura.
Desta feita, foi esse Joaquim, aquele que passou para a história ou folclore, como o Joaquim QUEROSENE.
Apesar de ser bem criança naquele tempo, anos de 1943 a 1945, bem lembramos dos problemas e até brigas que aconteciam, pois cada pessoa que se julgava no direito de receber mais quotas fazia suas reclamações e alegavam até proteção em favor de alguns, aliás, como hoje acontece… E assim, “nasceu” um novo Joaquim, o Joaquim QUEROSENE.
JOAQUIM FOGUETEIRO: Agora, vamos ao 4º Joaquim que conhecemos e muito e que trabalhava em alto posto da Estrada de Ferro Campos do Jordão.
O saudoso amigo Joaquim passou a ter o apelido de FOGUETEIRO, exatamente pela colaboração espontânea que dava às festas tradicionais da cidade, religiosas ou não. E mais ainda, pelos momentos políticos, objetivamente à chegada de homens públicos, mormente aqueles ligados ao antigo PSP (Partido Social Progressista), com destaque pára os comícios em época de eleições, quando o público lotava as praças para ouvir seus candidatos, os quais uma vez eleitos, como hoje, poucos eram os que cumpriam o que juravam fazer em favor do povo.
O Joaquim, pelo seu espírito de colaboração e também “corajem”, era convidado a coordenar o foguetório, cuja peça do foguete era atrelada a uma vara, não raras vezes machucando, queimando aquele que o soltava.
Depois dos primeiros convites para “soltar foguetes”, isto nas décadas de 50 e 60 principalmente, o Joaquim FOGUETEIRO, passou a ter esse apelido e com justa razão, pois aonde tinha uma festa ou comício, ali estava o seu Joaquim, pronta para dar sua parcela de trabalho e com muito gosto. Por sinal, nunca soubemos tenha sofrido uma queimadura sequer dos foguetes de vara que eram fabricados pelo seu Romão que tinha sua fábrica lá na Rua Campos Sales e que, um belo dia de triste lembrança, veio a explodir deixando marcas nos que foram feridos.
JOAQUIM ENCERADOR: Agora o 5º JOAQUIM: conhecemos também, nas décadas de 40 e 50, um cidadão negro, forte e altamente cumpridor dos seus deveres que mantinha uma equipe exclusivamente para raspar soalhos de casas recém construídas ou mesmo para casas reformadas e, após, encerar todos os cômodos que recebiam o trato necessário. Eram empregados instrumentos tais como raspadores com lâminas e até cacos de vidro para a raspagem dos soalhos, podendo ser os de tábuas e posteriormente tacos Depois, o lustre nos soalhos era dado com grandes escovões, bem pesados para dar aquele brilho na cera que era aplicada. O seu Joaquim era o mestre, o chefe dos serviços que sabia encerar e bem os soalhos, daí seu apelido de JOAQUIM Encerador.
‘Hoje, apesar de todos os avanços para se ter um soalho brilhando (cuja madeira vem sendo substituída pelos ladrilhos ou azulejos), muita gente de pequenas empresas e até donas de casas ainda utilizam-se dos tradicionais escovões com peso além de 10 ks. Esse era o Joaquim Encerador.