Congresso no Rio debate legado social dos Jogos Olímpicos

Um dos temas do encontro, o estudo Lonrio Project, sobre o legado dos Jogos de Londres, vai identificar o que pode ser transferido para o Rio. (Foto:  Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Um dos temas do encontro, o estudo Lonrio Project, sobre o legado dos Jogos de Londres, vai identificar o que pode ser transferido para o Rio. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O estudo Lonrio Project, financiado pela União Europeia, sobre o legado social dos Jogos Olímpicos de Londres, começa a ser discutido hoje (4) à noite, durante o 17º Congresso Internacional SM Fitness & Wellness, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. O levantamento – que vai identificar o que pode ser transferido para o Rio de Janeiro, de modo a permitir um trabalho mais positivo nas favelas – está sendo feito pelos cientistas da Coventry University, de Londres – Leonardo Mataruna, Ian Brittain e Renan Petersen -, que estudam a organização e a transferência de legado de megaeventos esportivos.

Doutor em educação física e estrategista da Seleção Brasileira Olímpica de Judô, Leonardo Mataruna disse que, nessa primeira etapa do projeto, a intenção é levar um conhecimento direto às comunidades do Rio, no sentido de fazer com que os Jogos não sejam apenas para o exterior ou para as pessoas que têm maior acesso ao evento. Ele destacou que mais importante que o legado tangível dos Jogos Olímpicos, que são as obras de infraestrutura e mobilidade, é a questão social, que “é relegada”.

Para corrigir isso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) lançou, no ano passado, a Agenda Olímpica 2020, que aprovou 40 recomendações destinadas a transformar o futuro olímpico nas próximas décadas. “Visa a modificar a realidade do legado dos megaeventos”, disse o pesquisador brasileiro. Segundo Mataruna, entre as falhas observadas em Londres que não devem ocorrer na Rio 2016 estão a cobrança pelo uso de espaços olímpicos e a falta de comunicação com o público sobre a utilização dos equipamentos construídos para o evento. Ele defendeu que o legado seja utilizado pela população e também por profissionais de educação física e esportes.

Outra questão é o transporte. Em Londres, houve ampliação das malhas rodoviária e ferroviária (metrô e trens). A medida, porém, ao mesmo tempo em que facilitou o deslocamento dos moradores dos subúrbios, ampliou a circulação de pessoas que não transitavam pelos locais, o que gerou especulação imobiliária. O desenvolvimento econômico decorrente do maior custo de vida forçou os moradores a sair para outros bairros, afirmou Mataruna.

Um ponto positivo dos Jogos de Londres foi a criação de uma agência específica, ligada ao governo, mas com independência para organizar e promover o legado social. “A questão que a gente traz para o Brasil é o diálogo”, De acordo com o pesquisador, muitas vezes, quando o governo planeja uma política pública, ela não é discutida com a sociedade. Propostas que são tidas como inovadoras, no sentido de melhorar a vida dos moradores, muitas vezes partem de opiniões abstratas e não da realidade das comunidades. Esse é um dos maiores aprendizados dos Jogos de Londres”, afirmou.

Os cientistas vão procurar, nos próximos dois meses, as autoridades brasileiras e o Comitê Organizador dos Jogos de 2016 para apresentar os indicadores do estudo. A promoção da atividade física no Brasil preocupa os pesquisadores. Embora a prática do exercício físico faça parte da cultura de grande parte dos brasileiros, Mataruna disse que o interesse é que a Olimpíada possa potencializar os exercícios diários no Rio de Janeiro e no país, ao contrário do que ocorreu em Londres, onde houve uma expansão dos praticantes de exercícios diários e, após os jogos, uma queda significativa. “A sociedade tem que se envolver com esse projeto e cobrar a proposta”.

O presidente do congresso internacional, Bruno Castro, afirmou que a ideia é abrir uma discussão sobre como o legado dos jogos vai causar impacto no mercado de trabalho para o profissional de educação física – “se a Olimpíada vai reverter em aumento da prática de atividade física e do mercado de trabalho para o profissional de educação física, que é o mediador do processo”. Além da motivação para os professores, o congresso pretende analisar se os projetos e as plataformas de aulas de educação física estão chegando às escolas, como estão sendo utilizados e qual o impacto que têm sobre os alunos.

Estão registrados no Conselho Federal de Educação Física (Confef) 364.135 profissionais de educação física no Brasil, dos quais 43.824 trabalham no estado do Rio.

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