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Mesquita em São Paulo ajuda 1,8 mil refugiados sírios da guerra civil

O Comitê Nacional para Refugiados (Conare), órgão ligado ao Ministério da Justiça, concedeu asilo a 2.077 sírios desde 2011, quando começou a guerra civil no país, e 1,8 mil deles estão cadastrados na Sociedade Beneficente Muçulmana (SBM), ligada à Mesquita Brasil, localizada em São Paulo.

A chegada ao Brasil com pouco dinheiro, por causa dos custos da viagem, e a demora em conseguir emprego, principalmente pela dificuldade do idioma, tornam a adaptação difícil. De acordo com a igreja, muitos chegam com necessidade de abrigo e alimentação.

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Du’á Hijazi, 18 anos, veio com o marido e os dois filhos há seis meses. Ela morava com os sogros e a casa deles foi bombardeada. “Nós não corremos muito risco de vida naquele momento, porque fugimos da casa. Estávamos fora da casa”, conta. No Brasil, o marido está trabalhando como cozinheiro, mas a maior parte da renda de R$ 1,4 mil é para pagar o aluguel para a família. Além disso, eles precisam pagar o empréstimo feito na Síria, cerca de R$ 3 mil, para custear as passagens até o Brasil. “Estamos em segurança aqui, mas a situação é difícil”, resume Du’a.

A SBM oferece refeições diárias para os refugiados cadastrados, além de colchões e cobertores. Algumas mesquitas da capital paulista estão servindo como alojamento para refugiados. Hoje (11), durante o salat jummah – oração tradicional feita durante as sextas-feiras –, Nasser Fares, presidente da entidade, reforçou a importância da doação para ajudar os imigrantes que chegam ao país, porque “a principal dificuldade é financeira”. Ele explica que, inicialmente, eram oferecidas cestas básicas, mas os refugiados não tinham onde cozinhar e a sociedade passou a oferecer marmitas.

“Tia, primos por parte de pai, da família da mãe”, enumera Du’á sobre os parentes que perdeu na guerra. Ela conta que resolveu deixar o país, principalmente, pelo medo de que o marido fosse obrigado a servir o Exército. Os pais e o restante da família ficaram na Síria e ela lamenta que a situação esteja cada vez pior. “A vida está muito difícil. Não sei o que vai acontecer com aquela situação terrível”, lamentou. Ela explica que o custo de vida e o acesso a alimentos estão complicados lá: “Todas as coisas aumentaram de preço. Hoje, a gente compra um tomate. Antes, era um quilo, dois”.

Há um ano no Brasil, Rabia Kafouzi, 29 anos, graduada em letras, deixou o seu país há três anos, mas antes passou dois anos na Jordânia: “Havia bombardeios aéreos e de tanques [na Síria], sequestravam jovens para colocar no exército e, por causa disso, muitos amigos e parentes foram mortos na guerra”. Rabia ainda não conseguiu emprego no Brasil por causa do idioma: “Sem ele [o português], não se consegue trabalhar”. Ela e os dois filhos vivem com o salário do marido, que dá aulas de inglês, mas que na Síria trabalhava com informática.

O professor libanês Samir El Hayek, 74 anos, vive no Brasil há 60 anos e, hoje, apoia a chegada de sírios fugidos da guerra. Ele conta que veio em um movimento migratório de sírios e libaneses para o Brasil, ocorrido na metade do século 20: “Vim em 1954, com meus pais e irmãos. Éramos agricultores, mas aqui fomos trabalhar no comércio. No começo, como mascate, vendendo coisas na rua”. Ele afirma que imigrantes contribuíram para a construção do país e devem ser novamente acolhidos. O Brasil lidera a concessão de vistos para sírios na América Latina.

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