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Exposição em São Paulo apresenta fotos da guerra na Síria

Exposição de fotos em São Paulo mostra a guerra na Síria. (Foto Zíper/Divulgação)
Exposição de fotos em São Paulo mostra a guerra na Síria. (Foto Zíper/Divulgação)

A exposição fotográfica Filhos da Guerra: O Custo Humanitário de um Conflito Ignorado leva à capital paulista, a partir de amanhã (3), imagens em grande dimensão da guerra civil na Síria, feitas pelo fotógrafo brasileiro Gabriel Chaim. O conflito, que começou em 2011, já matou mais de 200 mil pessoas, segundo a organização Human Rights Watch (HRW), e deixou milhões de desalojados internos e refugiados não só em países vizinhos, mas também na Europa e no Brasil.

O curador Marcello Dantas disse que a mostra já estava sendo planejada, mas que os eventos de Paris jogaram luz sobre a questão da guerra na Síria, que é muito grave. “O mundo estava tratando isso de forma muito anestésica, até a hora em que veio bater à porta das pessoas, em um lugar tão simbólico como Paris, aí todo mundo acordou para esse fato”, afirmou. “Uma noite em Paris é igual a todas as noites em Aleppo [capital da Síria]”.

Segundo Dantas, Chaim “chega [à fotografia] de maneira completamente intuitiva, ele se joga dentro disso, vai pra lá e não sabe onde vai terminar, ele não sabe em que vai dar, mas está disposto. Isso é uma coragem muito rara”. Durante o evento de lançamento da exposição, na noite dessa terça-feira (1º), o fotógrafo estava em meio a uma ofensiva dos curdos em Raqqa, onde fica a sede do Estado Islâmico.

Desde 2013, a guerra é acompanhada de perto pelo fotógrafo e documentarista brasileiro Gabriel Chaim, que conseguiu cruzar a fronteira da Síria com a Turquia e entrar na cidade de Kobane, local de muita tensão por causa do conflito. “Ele está com os curdos, que estão tentando lutar pela reconquista da cidade, ele não tem como sair de lá. Enquanto estava em Aleppo, conseguia se movimentar. Em Raqqa, ele está no coração do Estado Islâmico. Os curdos estão tentando reconquistar Raqqa, é um evento histórico. Se isso acontecer, seria a primeira virada no jogo”, contou o curador, além de dizer que a situação de Chaim é de tensão.

“Ele [Chaim] é jurado de morte pelo [Bashar Al] Assad. Pelo Estado Islâmico nem se fala, seria decapitado no minuto em que chegasse e ele foi deportado da Turquia. Então, o único grupo com o qual pode conviver, que é o grupo mais moderado é a Frente de Libertação da Síria (FLS), comandada pelos curdos”, explicou Dantas. Chaim saiu de Aleppo, rumo a Raqqa, sem saber a que ponto a situação chegaria. De acordo com Dantas, como ele está dentro do território do Estado Islâmico, não há como voltar sozinho em segurança: “Agora, ele cruzou o ponto em que alguém sozinho poderia voltar”.

O curador afirma que as pessoas estão anestesiadas diante da guerra na Síria pela falta de imagens do local, em solo, e que o trabalho de Chaim é singular. “O que estamos tentando fazer é trazer essa imagem à tona e o aspecto humano. Isso é a história de verdade. Ele está contando a história sob um ponto de vista que ninguém está.

O vice-presidente da HRW, Iain Levine, veio de Nova York para a abertura da exposição em São Paulo. Uma das áreas de prioridade da organização, segundo ele, é aquela que monitora as violações cometidas em situações de guerra. “Para nós, é muitíssimo importante contar a história das populações afetadas pela guerra na Síria, porque ela já dura quatro anos e meio, já morreram mais de 200 mil pessoas, 11 milhões foram obrigadas a fugir das suas casas e mais de 4 milhões já fugiram da Síria para outros países em busca de abrigo e segurança”, disse.

“Essa colaboração com a Galeria Zipper e com o fotógrafo Gabriel Chaim, para nós, é importante porque as fotos que o Gabriel tirou na Síria são extraordinárias e contam histórias pessoais, humanizam a situação de guerra e ajudam as pessoas a entender a gravidade da situação e o impacto humanitário do conflito na Síria”, acrescentou Levine. Ele ressaltou que o objetivo da organização é documentar violações de direitos humanos e chamar a atenção para essas violações por meio da mídia, para que haja mudança, para que os governos reajam e para uma melhoria na vida das pessoas afetadas pelas violações de direitos humanos.

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A exposição ficará aberta ao público até 16 de janeiro, na Galeria Zipper. A entrada é gratuita.

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