Autoridade olímpica garante que equipamentos ficarão prontos para jogos

Centro de Hipismo no Rio, que vai receber competições dos Jogos de 2016. (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil)
Centro de Hipismo no Rio, que vai receber competições dos Jogos de 2016. (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil)

Presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Marcelo Pedroso, reconheceu que alguns dos equipamentos olímpicos passaram por correções no desenvolvimento do projeto e, em consequência, sofreram atrasos, mas garantiu que eles vão ficar prontos para os jogos de 2016. Um deles foi o Velódromo Olímpico do Rio, instalado no Parque Olímpico da Barra, na zona oeste, onde foi preciso incluir uma empresa subcontratada para cumprir o prazo.

No Centro de Tênis, também no Parque Olímpico da Barra, houve a substituição do consórcio liderado pela empresa Ibeg, em parceria com a Tangran e a Damini. No Centro de Hipismo, em Deodoro, zona norte do Rio, também ocorreu atraso, com a falta de cumprimento do cronograma pela empresa contratada (Ibeg). Para Pedroso, no entanto, os problemas foram superados.

“No velódromo não houve a substituição [de empresa contratada], mas teve a autorização de atuação de uma subcontratada, formalmente, dentro do processo. Onde houve substituição foi no tênis e no Centro de Hipismo. O tênis, com mais de 90% das obras realizadas, então, é a reta final, não é exatamente na arena, mas nas áreas externas, que são as quadras de aquecimento, é uma obra de simples conclusão. No caso do hipismo, eram obras de menor monta, baias de cavalos, ferradoria, a clínica veterinária, que já foram retomadas e estão em curso. Hoje, a gente tem bastante tranquilidade na execução delas dentro do prazo necessário”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.

Hipismo

Marcelo Pedroso acrescentou que no Centro de Hipismo as principais áreas de competição estão prontas, tanto a pista de salto e adestramento, quanto a de cross country, que já foram submetidas a evento-teste. O que falta são as áreas complementares e algumas pistas de treinamento, que ainda estão em preparação. “Nelas não há nenhuma construção, é apenas a preparação da pista que é aberta e tem uma especificação técnica, mas a obra é relativamente simples de executar dentro do prazo que a gente tem. Não vejo essa obra como preocupante ou atrasada. Acho que está sendo cumprida e dentro do prazo”.

Ainda no hipismo, houve momentos de tensão dos organizadores dos Jogos Olímpicos com o diagnóstico de mormo (doença incurável, que exige o sacrifício do animal) em um cavalo do Exército que esteve no Complexo Militar de Deodoro entre fevereiro e novembro de 2014 e depois foi levado para o Espírito Santo. Pedroso esclareceu que o fato ocorreu no entorno da área de vazio sanitário [livre de doenças] do Centro Nacional de Hipismo, em que serão disputadas as provas. Além disso, outros cavalos do Exército, que também estavam lá, foram submetidos a exames com a comprovação de que não havia contaminação. A recomendação internacional é de que o vazio sanitário seja feito com o prazo de seis meses antes da competição. Segundo o presidente da APO, para os Jogos Olímpicos de 2016, o Brasil adotou o prazo de 15 meses.

“A gente tem certeza de que dentro da área do vazio sanitário não há a menor possibilidade de propagação de doença transmissível entre animais, então, nesse sentido, está totalmente resolvido. Esses cavalos foram submetidos a uma bateria de exames repetidos que permitiu ao Ministério da Agricultura liberar os animais, porque chegou a resultado negativo para todos. A gente pode dizer que para reforçar ainda o sentimento de que está 100% garantido, foi feita uma barreira no entorno, com uma bateria de investigação epidemiológica, e os cavalos estão liberados”, contou.

Para a entrada de novos cavalos no local é preciso que eles passem pelas determinações de biossegurança do Ministério da Agricultura. Pedroso explicou que a região é equivalente a um território internacional para qualquer animal, ainda que seja procedente de um bairro do Rio de Janeiro.

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“Para entrar na área internacional, ele tem que se submeter às regras da instrução normativa do Ministério da Agricultura para ingresso na BR2 [classificação que estabelece o status do controle sanitário da área], que é a zona de vazio sanitário. Além disso tudo, para chegar aqui os cavalos virão no sistema de bolha a bolha, em uma instalação adequada desde o país de origem, e do aeroporto é transportado no mesmo receptáculo lacrado pelo Ministério da Agricultura e só deslacrado na área do vazio sanitário. Há um processo que nos dá garantia absoluta que não há qualquer problema relacionado a mormo”, destacou.

Baía de Guanabara

Sobre a utilização da Baía de Guanabara para as competições de vela, Pedroso foi taxativo de que não há possibilidade de alteração do local. A escolha chegou a receber críticas, com alegações de falta de qualidade da água. “A competição vai ser ali mesmo. Já fizemos dois eventos-teste.

Exatamente por isso, não fizemos apenas um e os eventos foram bem-sucedidos, com elogios das federações às condições da prova. Então, não há a menor possibilidade de transferir essa prova para qualquer lugar, seja para águas externas da Baía de Guanabara, seja para qualquer outra região do território do Rio ou do Brasil”, garantiu.

Para o presidente da APO, a Baía de Guanabara é um elemento muito forte para a população do Rio e a despoluição um objetivo perseguido há muito tempo. Ele disse que do ponto de vista das competições, o conjunto de ações adotadas vai dar condições de campo de prova para que os atletas participem da competição. Entre as ações, citou a contenção de lixo com ecobarreiras, o desenvolvimento de coleta e tratamento de esgoto, que permitiu à cidade passar de menos de 10% para 50% de tratamento do esgoto que desemboca na baía e medidas operacionais de utilização de ecobarcos, para fazer a limpeza nas raias de competição. Além disso, ele lembrou as medidas na região da Marina da Glória para impedir que esgoto não tratado, resultado de ligações clandestinas na rede de água pluvial, alcance a baía.

“O legado fundamental da Olimpíada é a construção de um modelo de gestão conjunta, compartilhada entre os atores públicos, que permita à sociedade, em um prazo de tempo adequado, alcançar a despoluição integral da Baía de Guanabara. Várias sedes olímpicas viveram a mesma situação, utilizaram a Olimpíada como elemento de conscientização e agregação de atores públicos, e isso permitiu que elas, em um tempo a partir da competição olímpica, alcançassem o objetivo comum. A preservação ambiental deve ser perseguida insistentemente pelos entes públicos”, afirmou.

Visita de ministros

Marcelo Pedroso classificou de fundamentais as visitas de ministros às instalações olímpicas, que se intensificaram na última semana e vão continuar nos próximos dias. Ele disse que a organização dos jogos tem um comando geral de atuação dos ministérios, mas que a presença física dos ministros ajuda na evolução das obras, na percepção de cada pasta sobre tudo que já foi feito. “O ministro tem condição de chegar aqui e enxergar aspectos que demandem algum tipo de decisão e isso faz, muitas vezes, com que determine que alguma decisão seja tomada. Como um todo, é importante porque a gente consegue acelerar, nesta reta final de preparação, e trazer o conjunto do governo para atuar dentro da realização do evento”, acrescentou.

De acordo com Pedroso, a integração dos governos federal, estadual e municipal para a realização dos jogos foi relevante e gerou uma matriz de responsabilidade que permitiu transparência pública, com a definição clara do papel de cada ente da Federação na execução de projetos, fixando prazos e valores de investimentos.

“Acho que a matriz de responsabilidade pode ser considerada elemento fundamental de interlocução entre os atores públicos envolvidos e pode ser aplicada em projetos futuros para garantir os mesmos princípios, com definição de responsabilidade, de transparência social, de comunicação entre os entes e a sociedade. Eu a considero elemento estratégico para a realização dos Jogos Olímpicos, até mesmo como know-how, como experiência, para a própria gestão pública”, completou, informando ainda que a crise financeira do estado não interferiu no planejamento operacional que está sendo executado. “A preparação dos jogos já tinha programação. Os investimentos necessários já vêm sendo feitos ao longo do tempo”.

Eventos-teste

Outro fator que ajudou na preparação dos jogos foram os eventos-teste, que vêm ocorrendo desde 2014. Com eles está sendo possível fazer correções e garantir um bom ambiente de competição para os atletas. “A gente tem situações onde foram apontadas necessidades de ajustes, por exemplo, na maratona aquática, quando a competição teve dificuldades de ser realizada.

Também houve a necessidade de ajustes no BMX (bicicross). As federações apontam necessidades de ajustes quando o evento-teste demonstra isso, mas, de maneira geral, os eventos-teste estão transcorrendo de maneira satisfatória e funcionando para alcançar aquilo que a gente espera – preparar as equipes e mostrar que estamos prontos para receber a competição olímpica”.

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