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Maratonista Marilson dos Santos corre 800 km por mês

O maratonista Marilson dos Santos diz que corre 220 quilômetros por semana durante os treinos. (Foto:  Wagner Carmo/CBAt)
O maratonista Marilson dos Santos diz que corre 220 quilômetros por semana durante os treinos. (Foto: Wagner Carmo/CBAt)

Se o maratonista Marilson dos Santos, 38 anos, experimentasse repetir nas estradas do Nordeste seu treinamento diário, ele poderia começar o mês nas praias tranquilas de Aracaju, passar por Maceió, pelo Recife e por João Pessoa e terminar em Natal com folga, cerca de 780 quilômetros (km) e quatro semanas depois. Primeiro colocado no ranking da Confederação Brasileira de Atletismo, o atleta de Brasília corre até 220 km por semana.

São seis dias de treino e um dia de repouso, em que Marilson descansa fazendo o que sabe melhor: correndo mais. A folga de Marilson é composta de uma corrida “leve” de até 12 quilômetros. “Para a gente, o descanso é em um dia de segunda-feira. A gente chega a fazer 10, 12 km em um ritmo mais leve, bem mais à vontade”, conta. Esse trote “à vontade” é de cerca de 4 km/h, uma velocidade bem abaixo dos 22 km/h que ele chega a atingir nos treinos de tiro e trabalhos intervalados.

Nos dias de treino, Marilson costuma correr em dois períodos, em percursos que vão de 10 km a 35 km, no mesmo dia. Ao contrário do que leigos podem pensar, os treinos de um maratonista dificilmente incluem repetir os 42 quilômetros de uma maratona.

“Alguns treinadores acham melhor não, porque, quando você faz um treino de 35, 37 km, está ainda cansado de todos os treinos da semana, porque você não está descansando como faz antes de uma competição.”

A véspera de uma maratona, no entanto, não é dia de ficar no sofá. “A gente corre todos os dias, até antes da maratona, só que em uma intensidade muito mais moderada, em uma intensidade leve, mais tranquila, mais regenerativa”. Essa intensidade moderada, explica ele, é a melhor forma de descansar o corpo para uma corrida.

“Pode parecer estranho para algumas pessoas que são amadoras, mas para o atleta de alto rendimento, essa corrida mais lenta e esse trote acabam recuperando mais do que cansando. Ele consegue ativar mais essa recuperação e chega com mais vontade de competir.”

Esteira? Só 10 minutos

Em seu dia a dia de treinos, o maratonista conta que prefere a rua ou a pista de atletismo. A esteira, muito usada por atletas amadores, só é uma opção nos dias de chuva, para aquecimento antes de trabalhos musculares.

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“Eu só faço na esteira pouca coisa. Uns 10, 15 minutos, para um pequeno aquecimento. Acho monótono. Prefiro correr na pista ou na rua.”

Além disso, a esteira não é uma aliada dos atletas de alto rendimento na corrida por minimizar o esforço do corredor.

“A esteira não representa realmente a corrida. Na verdade, ela está te ajudando a fazer o movimento. Ela, mecanicamente, não é favorável à corrida, porque ela está te ajudando. Por isso, algumas pessoas acham mais fácil.”

Dieta: 80% de carboidratos

Abastecer o corpo para suportar uma quilometragem tão alta requer uma dieta supercalórica. No prato de Marilson dos Santos, os carboidratos predominam, e ele conta que exageros, às vezes, são bem vindos.

“O gasto energético é muito alto, então, não faço restrições. A gente sabe de alguns alimentos que fazem mal antes de competir, como algumas frituras. A minha dieta é de 80%, 70% de carboidratos e o resto de proteínas. E, às vezes, a gente tem que exagerar mesmo.”

Para se recuperar entre um treino e outro, pão, batata e macarrão costumam ser os alimentos mais consumidos, e em grandes quantidades. A proteína fica a cargo de bifes e filés de frango.

‘Estamos em vantagem’

Com outras duas olimpíadas no currículo, Marilson ainda não pode garantir que está nos jogos do Rio. Primeiro lugar no ranking com o tempo de 2 horas e 11 minutos obtido na maratona de Hamburgo, na Alemanha, ele precisa esperar até maio, quando a Confederação Brasileira de Atletismo vai fechar as três vagas da delegação.

O maratonista lembra que, em 2008, a ambientação foi difícil na Olimpíada de Pequim e acredita que, neste ano, com a sede no Rio de Janeiro, os brasileiros terão vantagem.

“Tive a oportunidade de ir para a China, e, mesmo indo dez dias antes, não foi o suficiente para aclimatar ao fuso e à alimentação. Com certeza, a gente vai levar vantagem sob alguns aspectos.”

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