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Falando de Trova: O eterno remetente

Fui ao Correio despachar algumas cartas para concursos que vencem este mês e fui atendido por uma jovem funcionária. Ela pegou os envelopes, olhou, conferiu frente, analisou verso e me disse:

– Não está correto. O endereço do destinatário é o mesmo do remetente.

Expliquei-lhe que se trata de um concurso literário e que esse procedimento é para manter o sigilo do concorrente. Como ela insistisse em afirmar que não estava correto, pacientemente a informei que isso é feito há pelo menos 56 anos e nunca houve problema. Nisso, uma funcionária mais antiga aproximou-se e, ouvindo parte da conversa, perguntou à colega:

– O remetente é “alguma coisa” Otávio?

– Sim.

– Então, sendo remessa simples não tem problema. Só não pode ser Sedex ou registrada.

Saí de lá pensando: será que não passou da hora de abandonarmos o clássico e defasado “Sistema de Envelopes”? Ainda mais com tanta Internet aí, na nossa cara 24 horas por dia?

Poderíamos aproveitar uma das inúmeras festividades do centenário de Luiz Otávio (1916/2016) e encerrarmos com chave de ouro o ciclo do “Sistema de Envelopes”: tradicional, charmoso, mas… um tanto arcaico.

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Para que, assim, o “alguma coisa” Otávio possa, enfim, descansar em paz, sem mais a piedosa obrigação de ser – nos dizeres do iluminado Sérgio Bernardo – “o eterno remetente das cartas de todo mundo”.

OBS: o conservadorismo provavelmente me jogará algumas pedras mas espero que entendam que esta é apenas a minha opinião.

Luiz Otávio é tão patente
o teu trabalho fecundo,
que viraste o “remetente”
das trovas de todo mundo!
SÉRGIO BERNARDO

As Trovas que ele escreveu
têm valor… mas não têm preço.
Luiz Otávio não morreu
foi morar noutro endereço.
AURORA PIERRI ARTESE

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