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Exposição com obras de Debret comemora Missão Artística Francesa

A exposição Debret e a Missão Artística Francesa no Brasil – 200 anos, no Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa, reúne aquarelas e gravuras que mostram a presença de índios e africanos na vida e na cultura do país. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
A exposição Debret e a Missão Artística Francesa no Brasil – 200 anos, no Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa, reúne aquarelas e gravuras que mostram a presença de índios e africanos na vida e na cultura do país. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O ano de 2016, em que o Rio de Janeiro sedia pela primeira vez na América do Sul uma Olimpíada, também marca os 200 anos da chegada à cidade da Missão Artística Francesa, que teve grande importância cultural na então colônia, recém-tornada sede do Reino do Brasil, Portugal e Algarve. Para comemorar este bicentenário, o Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa, inaugurou na noite de ontem (20) uma exposição que reúne 75 aquarelas e gravuras de Jean-Baptiste Debret, o mais importante artista da missão trazida ao Brasil por Dom João VI para fundar a primeira Escola de Belas Artes do país.

As obras que integram a mostra Debret e a Missão Artística Francesa – 200 anos, pertencem ao acervo dos Museus Castro Maya, instituição que compreende, além da Chácara do Céu, o Museu do Açude, no Alto da Boa Vista, na zona norte da cidade. Foram produzidas por Debret de 1816 a 1831, período em que ele viveu no Rio e foi responsável por uma das mais importantes contribuições à história do país, ao registrar aspectos da vida cotidiana e da natureza do Brasil daquela época, mais tarde reunidos no livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, lançado após seu retorno à França.

Em suas gravuras e desenhos, Debret retratou índios, escravos africanos, mestiços, brancos e europeus, ricos e pobres. “Ele produziu mais de 700 desenhos, em grande parte aquarelas, captando a pulsação da vida da corte e da cidade”, explica o curador da exposição, o francês Jacques Leenhardt.

Sociólogo, diretor de Estudos na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, Leenhardt destaca a visão crítica que Debret tinha da sociedade colonial que retratou. “Ele sempre enfatiza a importância das culturas próprias dos índios e africanos, mesmo quando destroçadas. Demonstra claramente o horror à violência escravocrata e registra a riqueza cultural daqueles que foram os vencidos da situação colonial”, comenta.

Debret retratou sem seus desenhos o cotidiano dos escravos nas ruas do Rio de Janeiro de 200 anos atrás e muitos estão na exposição Missão Artística Francesa no Brasil – 200 anos, no Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Debret retratou sem seus desenhos o cotidiano dos escravos nas ruas do Rio de Janeiro de 200 anos atrás e muitos estão na exposição Missão Artística Francesa no Brasil – 200 anos, no Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

As obras selecionadas para a mostra foram divididas por temas, como Religião na cidade, Escravidão, Selvagens e Civilizados?” e O ateliê do pintor da história e o ateliê da rua. Este último módulo apresenta o único autorretrato conhecido de Debret trabalhando.

Instalado em uma das residências do industrial Raymundo de Castro Maya (1894-1968), hoje incorporada ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o Museu Chácara do Céu exibe coleções de arte de origens e períodos diversos. A mostra Debret e a Missão Artística Francesa – 200 anos fica em cartaz até 25 de setembro, cobrindo, portanto, todo o período olímpico e paralímpico, que deverá atrair muitos visitantes nacionais e estrangeiros aos espaços culturais da cidade.

A visitação é das 12h às 17h, de quarta-feira a segunda-feira. Às terças, o museu não abre. Os ingressos custam R$ 2, mas às quartas o acesso é gratuito.

O Museu Chácara do Céu fica na Rua Murtinho Nobre, 93, em Santa Teresa, na região central do Rio.

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