Técnica fotográfica pioneira, surgida em 1835, e anos depois substituída por processos mais práticos e baratos, a daguerreotipia ainda é praticada por cerca de 50 artistas em todo o mundo. O único brasileiro é Francisco Moreira da Costa, que inaugurou na última sexta-feira (23), na Galeria do Ateliê da Imagem, na zona sul do Rio de Janeiro, a exposição Tempo Improvável, com obras que revelam como essa técnica esquecida pode se tornar uma linguagem integrada à arte contemporânea.
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Concebido pelo pintor, cenógrafo, físico e inventor francês Louis Daguerre (1787-1851), o daguerreótipo é uma imagem única realizada sobre uma placa de cobre recoberta por uma fina camada de prata. Conforme o ângulo do olhar, a superfície prateada da placa mostra ora uma imagem negativa, ora uma positiva.
Muito usada para retratos na primeira metade do século 19, a daguerreotipia começou a ser pesquisada por Francisco Moreira da Costa em 1996, pouco mais de uma década depois de sua iniciação na arte fotográfica. Para desenvolver seu equipamento, ele se valeu de manuais do século 19, que ensinavam o processo.
De acordo com a pesquisadora Marcia Mello, curadora da mostra, os objetos retratados pelo artista – candeeiros, cestos, jarros de flores, raízes – “trazem à discussão o passado abandonado e deixam lembranças de algo que, possivelmente, sequer fizeram parte de nossa vida”. Ao observar as obras o visitante pode, segundo ela, “ser tomado pela poesia de Manoel de Barros, pelas imagens intimistas de Josef Sudek [fotógrafo checo], pelas sutilezas de Morandi [Giorgio Morandi, pintor italiano] e pelo universo particular de Cora Coralina”.
A exposição Tempo Improvável fica em cartaz até 19 de novembro e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 21h, e aos sábados, das 10h às 17h, com entrada franca. O Ateliê da Imagem Espaço Cultural fica na Avenida Pasteur, 453, na Urca, zona sul do Rio.