O Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, apresenta, desde sexta-feira (23), ao público exposição sobre a Missão Artística Francesa no Brasil. A comitiva de artistas estrangeiros chegou ao país há 200 anos para implantar o ensino de artes e difundir novo estilo estético. O Museu de Belas Artes está aberto de terça a sexta-feira, entre as 10h e as 17h. Nos fins de semana, o horário vai das 13h às 17h. A entrada custa R$ 8 a inteira e é de graça aos domingos.
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Logo depois da chegada ao Brasil, dom João VI e seu ministro Antonio de Araujo Azevedo se preocuparam em implantar uma educação formal na colônia, que tinha acabado de expulsar os padres jesuítas, responsáveis até então pela educação no país. Eles convidaram, então, Joaquim Lebreton, um intelectual para montar uma comitiva com artistas.
Em comemoração à chegada da missão em 1816, a mostra Joaquim Lebreton – do centenário artístico em 1816 à Missão Francesa no Rio de Janeiro – apresenta 50 obras, inclusive peças que estavam há décadas no acervo do Museu de Belas Artes, Entre elas, há gravuras, pinturas, estudos e esculturas que os artistas trouxeram com eles ou produziram ao retornar à Europa.
É o caso da gravura Embarque de Dom João VI para o Brasil, de Francesco Bartolozzi, artista italiano, que está logo no início da mostra e foi trazida por Lebreton, destaca uma das curadoras da mostra e diretora do Museu de Belas Artes, Monica Xexéo. “Lebreton reúne em Portugal obras de diversos artistas, franceses, italianos, holandeses – compra e traz junto com os artistas”.
Monica destaca ainda a importância dos profissionais que vieram na comitiva, responsáveis por difundir o neoclassicismo, estilo próprio, de muita sofisticação à época, e por inaugurar a Academia Imperial de Belas Artes, dez anos depois de sua chegada. A escola formou uma geração.
A mostra sobre a Missão Artística Francesa está dividida em quatro módulos, retratando a vinda dos artistas, com a exibição das obras trazidas por eles ou sobre a vinda deles, o encontro com a Escola Fluminense e os artistas locais, como mestre Valentim – que tem réplica de escultura na exposição. Na terceira parte, estão obras da própria Missão Artística, como um estudo de Jean Baptiste Debret para o desembarque da princesa Leopoldina no Rio.
Estão expostos trabalhos dos principais representantes da missão, entre eles os pintores Jean Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay, o escultor Marc Ferrez e o arquiteto Grandjean de Montigny.
Segundo Monica, eles deixaram um acervo e contribuíram para o registro também de cenas do cotidiano, tipos humanos e aspectos sociais, etnográficos e paisagísticos. “Não havia registro fotográfico naquela época, eles faziam o registro oficial dos fatos políticos, históricos e efemérides, isso era corriqueiro”, disse a curadora. Eram a nata, grandes nomes da história da arte francesa, artistas consagrados e importantes”, acrescentou.
Quem se interessar pode aproveitar para complementar a exposição visitando a Galeria de Arte Brasileira sobre o século 19, no mesmo prédio, que concentra outras obras significativas do período. “Não posso contemplar uma obra sem ter o contexto histórico e não posso ter o contexto histórico dissociado de fato político, intelectual, das coisas”, disse a diretora do museu, defendendo o ensino da arte como fundamental em todos os níveis nos dias de hoje.