Com a celebração da Trezena de São Sebastião, pelo cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) encerrou ontem (13) a série de eventos que comemorou os 80 anos da instituição, criada em 1937 pelo então presidente Getúlio Vargas para abrigar uma coleção que teve origem nas obras de arte trazidas com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808. A programação de aniversário teve início ao meio-dia, quando o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Marcelo Matos Araújo, e a diretora do MNBA, Monica Xexéo, inauguraram a mostra Grandjean de Montigny e Rio de Janeiro no século XIX – Planos e projetos de um arquiteto francês para uma metrópole em construção, a primeira da agenda de exposições do museu para 2017.
publicidade
Grandjean de Montigny (Paris, 1776 – Rio de Janeiro, 1850) desembarcou no Rio em 1816, integrando a Missão Artística Francesa chefiada por Joaquim Lebreton, e da qual faziam parte nomes como Nicolas Taunay, Jean-Baptiste Debret e Marc Ferrez. Com uma formação artística que incluía aulas na Academia de Arquitetura de Paris e estudos na Academia de França, em Roma, além de muitas premiações, Montigny projetou obras que marcaram profundamente a arquitetura do Rio.
São de sua autoria os prédios da Academia Imperial de Belas Artes, que abrigava boa parte do acervo que hoje está no MNBA; da Praça do Comércio, atual Casa França-Brasil; o Solar Grandjean de Montigny, hoje pertencente à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Também projetou diversos chafarizes, como os de Benfica, da Rua São Clemente e o do Largo da Carioca, já demolido.
De acordo com a apresentação das curadoras Laura Abreu e Cláudia Ribeiro, a ideia da mostra é “fazer com que o visitante percorra um Rio de Janeiro do início do século 19, numa perspectiva de visão do mar para o verde das montanhas que emolduram a sua inesquecível paisagem, e também observar as transformações numa cidade colonial que embalava seu crescimento por abrigar a sede do Império português”.
O MNBA é detentor da maior coleção pública de originais de Grandjean de Montigny, com 240 itens, mas a exposição exibe também obras da Biblioteca Nacional, do Museu D. João VI (da Escola de Belas Artes da UFRJ) e do Arquivo Nacional. A comemoração dos 80 anos contou ainda com um recital de violino e piano, a cargo das músicas Priscila Ratto e Katia Balloussier, e com o lançamento do livro Alegoria às Artes – Léon Pallière, que retrata o processo de restauração da monumental tela atualmente em exibição no museu.
Curador de outra exposição em cartaz no MNBA, a que comemora os 200 anos da Missão Artística Francesa, inaugurada em dezembro do ano passado, Amandio Miguel destacou o papel do museu como instituição guardiã da memória da produção visual do Brasil no século 19. “Nós possuímos obras extremamente pontuais, desde as de Dom João VI e depois da Família Imperial, mas em especial as grandes pinturas que remontam ao imaginário artístico de reprodução dos feitos históricos, do romantismo à criação do mito do herói nacional”, descreveu.
Com entrada gratuita ao longo de todo o mês de janeiro, em comemoração pelos 80 anos, o MNBA pode ser visitado de terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h. O museu fica na Avenida Rio Branco, 199, na Cinelândia, centro do Rio.