O Instituto Tomie Otake sedia, em São Paulo, até 2 de abril, a primeira exposição individual no Brasil do poeta, escritor, tradutor e artista plástico Ji í Kolá . As 70 obras do tcheco, falecido em 2002, fazem parte da coleção Museu Kampa, de Praga. Os trabalhos representam a produção do artista anterior a 1977, quando emigrou para Berlim Oriental.
Na ocasião, Kolá deixava o país para estudar na Alemanha após ter sido um dos signatários da Carta 77, documento que acusava o regime totalitário da Tchecoslováquia de abusos e violações de direitos. Todos os trabalhos do artista foram confiscados pelo governo e só voltaram a ser expostos após a queda do comunismo, nos anos 1990.
Nos anos 1960 e 1970, Kolá havia trabalhado com as chamadas anticollages, em que são feitas a remoção do elemento principal de uma imagem e a silhueta é explorada com outros elementos. A produção desta fase também é marcada pelo protesto contra práticas ditatoriais em seu país.
O artista começou a desenvolver as obras com colagem nos anos 1930. No entanto, durante vários anos, ele dedicou mais à poesia. A literatura, por outro lado, influenciou o seu trabalho nas artes visuais, que ganhou continuidade na década de 1940, com princípios como a sobreposição de temas e o ritmo de composição.
Explorou, ainda, diversas técnicas, como a que chamou de stratifie, quando cortava papéis coloridos com bisturi para formar imagens. Trabalhou com reproduções de livros, mapas e manuscritos para criar padrões e composições. Algumas vezes, associava a colagem à xilogravura.
Kolá chegou a ter obras vistas no Brasil na exposição coletiva Além dos Preceitos, no Paço Imperial (Rio de Janeiro) e no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2001 e 2002.