O bicentenário da revolução pernambucana é o tema de uma exposição que vai durar todo o ano no Museu da Cidade do Recife (MCR), localizado no Forte das Cinco Pontas – local que faz parte da própria história da insurreição. A abertura ocorre hoje (12), no dia do aniversário de 480 anos da capital do estado.
A exposição, feita em parceria com o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), é dividida em cinco eixos. A ideia, segundo a arquiteta e diretora do Museu Betânia Corrêa de Araújo, é transmitir as ideias que nortearam a revolução. “A gente quer olhar a exposição a partir dos ideais republicanos, da liberdade, da democracia, que estão presentes ainda hoje. E olha também para a memória da própria cidade, da nossa bandeira e a valorização dessa memória”.
No ponto de partida são destacados os ideais propagados pela revolta e inspirados por episódios como a Revolução Francesa. Há também projeção dos nomes dos 150 homens presos no Forte quando a revolução foi reprimida pelo Império português. O Recife da época – chamado de Vila de Santo Antônio do Recife de Pernambuco – é o tema do segundo eixo. Vídeos com desenhos da época, de autoria dos franceses Jean-Baptiste Debret e Louis-François de Tollenare, mostram ao visitante o cotidiano da região.
Na terceira etapa, documentos e objetos históricos ligados à revolução estão disponíveis. Um deles é a espada de Leão Coroado, o capitão do Exército José de Barros Lima, membro do grupo revolucionário e autor do assassinato do brigadeiro Manuel Joaquim Barbosa de Castro, que fez eclodir a revolta.
Os locais considerados marcos da revolução são expostos em vídeos na quarta parte da exposição, Cidade Memória, junto a depoimentos de historiadores. O último eixo é interativo: o visitante pode criar e expor sua própria bandeira, uma referência à criação da bandeira de Pernambuco pelos revolucionários. Com poucas alterações, ela é a mesma até hoje.
Betânia destaca a liberdade como um dos ideais presentes na exposição. “A liberdade foi um dos grandes problemas da própria revolução, até porque existia uma mão de obra escrava e a cidade e o país dependia dessa mão de obra. E no Brasil a gente ainda tem diversos problemas que precisam ser resolvidos com relação à liberdade e democracia”.
Dois livros também vão ser lançados com a exposição: uma reedição da História da Revolução de Pernambuco em 1817, escrito ainda no século 19 por um dos revolucionários, monsenhor Francisco Muniz Tavares e o ABCdário da Revolução Republicana de 1817, organizado pela diretora do Museu. São quase 70 verbetes de palavras que evocam aspectos do acontecimento histórico. O Instituto Histórico ainda espera lançar documentos manuscritos inéditos referentes à revolução.
Amor em tempos de revolução
Nem só de registros puramente históricos vive a memória da revolução pernambucana. Há 10 anos o jornalista e escritor Paulo Santos de Oliveira lançava A Noiva da Revolução, romance proibido – e real – da época entre o brasileiro Domingos José Martins, um dos líderes da insurreição, e Maria Teodora da Costa, filha de portugueses ricos de uma família tradicional do Recife. Nesse bicentenário, a obra foi adaptada em duas novas publicações em formato de história em quadrinhos.
Uma delas tem roteiro do próprio Paulo Santos, publicada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), com ilustração de Pedro Zenival Ramos Ferraz. 1817 – Amor e Revolução ainda não tem previsão de lançamento, mas ocorrerá neste ano. Com traços detalhados determinados por uma pesquisa histórica, o material deve reunir cerca de 100 páginas.
A outra, A Noiva, é a publicação de estreia da produtora Ueon Productions, do ilustrador Thony Silas, colaborador da editora Marvel, dos Estados Unidos. Serão oito volumes em uma linguagem mais próxima aos quadrinhos de super-heróis. A edição de estreia será apresentada ao público na Comic Com Experience Tour Nordeste, entre 13 e 16 de abril.