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Mostra no Ibirapuera recria Via Crucis e faz referência a várias religiões

Pela criatividade, a Via Crucis chama a atenção de quem passa pelo Ibirapuera. (Foto: Fernanda Cruz/Agência Brasil)

A Via Crucis, que mostra Jesus Cristo recebendo o abraço de Buda enquanto é condenado, encontrando conforto na alegria de Iemanjá e Oxalá, sendo consolado por três bruxas Wicca e tendo o espírito recebido por Allan Kardec. Essa mistura de diferentes referências religiosas na releitura do martírio de Jesus é tema da exposição Paixão – Caminhando no Amor, na União e na Justiça, aberta no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

O escultor Gilmar Pina explica que o objetivo foi promover a tolerância religiosa. “A minha mensagem é sobre a tolerância, de religiões, de raças. Eu misturei todas as religiões. Os anjos de Deus são os ícones de outras religiões, que vieram ajudar Jesus, como se fosse hoje o seu calvário”, disse.

São 46 grandes esculturas, confeccionadas com aço inoxidável, que ficam expostas ao ar livre. A preferida de Pina pesa 1,5 tonelada e tem 5 metros de altura. Trata-se do rosto de Jesus Cristo sob uma auréola que “levita”. “Ninguém percebe como a auréola está presa na cabeça do monumento”, observou.

Crítica aos abusos contra a mulher
Entre as religiões abordadas na mostra estão candomblé, umbanda, wicca, espiritismo, judaísmo, cristianismo e religiões indígenas e nórdicas. Uma das esculturas da mostra traz uma crítica aos abusos contra a mulher. Nela, a sociedade machista é representada por um juiz. “Existe a diferença salarial, ela apanha em casa. A mulher é julgada de todos os aspectos”, afirmou o artista.

Nelson Crispin Silva, 41 anos, técnico de segurança do trabalho, disse que gostou da mostra, mas discordou da interferência de outras religiões na Via Crucis. “Tolerar tudo bem, mas isso aqui não é a verdade como está na bíblia. Se você ler a bíblia, não tem nada disso que eles colocam aqui, essa mistura”, argumenta ele, que é evangélico.

A católica Nazaré de Souza, 71 anos, enfermeira aposentada, acredita que a mistura de religiões pode ajudar na promoção da tolerância. “Está muito bonita, muito bem feita [a exposição]. Temos que respeitar, faz parte. Concordo que cada um tem a sua religião e acredita nela. Eu acredito na minha”, disse.

A mostra gratuita pode ser vista na praça Aldo Chioratto, em frente ao Parque do Ibirapuera, até 6 de maio. No local, são recolhidas doações de um quilo de alimento não perecível.

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