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Djavan entra na reta final da turnê nacional e visita o Vale

O cantor se apresenta dia 13 de maio em Lorena. (Foto: Marcos Hermes)

Um dos mais prolíficos compositores da música popular brasileira, Djavan dá prosseguimento à turnê de “Vidas pra contar”, vigésimo terceiro álbum de sua discografia, que desde o início de 2016 já percorreu mais de 40 cidades do Brasil e do exterior, com passagens por Santiago, Buenos Aires, Lisboa, Porto e Estoril.

Além de canções do novo disco, o repertório do espetáculo traz também sucessos do artista alagoano, que conquistou o quarto Grammy Latino de sua trajetória, no ano passado, na categoria melhor canção em português, com a música que dá título ao último trabalho e ao show. Na edição anterior da premiação, quando completou 40 anos de carreira, Djavan foi contemplado com o troféu na categoria Excelência Musical, pelo conjunto de sua obra.

Entre as canções confirmadas no roteiro estão “Não é um Bolero” e “Encontrar-te”, do último álbum, e as clássicas “Oceano”, “Outono”, “Boa Noite”, “Eu te Devoro”. A última etapa da turnê, que se encerra em julho deste ano, vai passar ainda por Maceió, Recife, Salvador, Feira de Santana, Belém e Sorocaba.

Acompanhado por Carlos Bala (bateria), Jessé Sadoc (flügelhorn, trompete e vocal), Marcelo Mariano (baixo e vocal), Marcelo Martins (flauta, saxofone e vocal), Paulo Calasans (teclados e piano) e João Castilho (guitarras, violões e vocal), o artista é quem assina a direção do espetáculo, que tem iluminação de Binho Schaefer e figurino de Roberta Stamato.

“Existe entre nós, eu e os músicos, um código musical que permite voos para todas as direções, e isto é uma coisa que me ajuda muito, uma vez que persigo sempre a diversidade. Eu acho que a diversidade me impõe a estar sempre correndo riscos, e eu preciso disso”, conta o músico.

O cenário da turnê, concebido por Suzane Queiroz, foi desenhado a partir do conceito de que a vida de cada pessoa é um grande livro em branco que vai sendo preenchido linha por linha, página por página a cada alegria, a cada tristeza, a cada conquista, a cada novo amor que chega e que parte, ao longo do tempo.

Pode-se começar a audição de “Vidas pra contar” pulando a primeira faixa, assim, apenas como um exercício de análise. E vai-se encontrar um Djavan exercitando no limite o seu estilo consagrado. “Só pra ser o sol” é uma daquelas canções matadoras, de tocar no rádio a vida inteira (e sempre soando nova), de grudar no ouvido.

Calcada na linha de baixo de Marcelo Mariano e com desenhos inusitados do naipe de sopros tocado por Jessé Sadoc (trompete) e Marcelo Martins (sax tenor), a canção logo conquista pela fluência melódica dentro de uma estrutura harmônica surpreendente, cheia de modulações. E pela letra, a poética de Djavan burilada como só ele faz, o uso de gírias (“uhu”) em meio a imagens inusitadas (como a da moça revirando o armário): “Uhu, você disse que vinha e veio/Não acreditei/E cheguei a tremer/Pensei em você virando armário/Pra chegar em mim/Que bom! Te ver/Tão linda e desejada”.

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Agora pense na última vez que ouviu uma canção pop tão bem feita no sentido técnico, tão fácil de ouvir e mesmo assim tão diferente de tudo, como essa descrição do espanto do homem diante da beleza da mulher por quem está apaixonado.

Mas pode-se começar a audição, num outro exercício de análise, como deve ser, pela primeira faixa. E aí vai-se encontrar um Djavan diferente do esperado, exercitando-se num outro estilo, só na aparência menos pessoal.

O xote “Vida nordestina” traz o compositor dialogando com uma das suas influências mais importantes embora das menos explícitas, Luiz Gonzaga. E a música tem a simplicidade de Gonzaga, com aquele tipo de melodia que parece ter sempre existido mas que foi criada solidamente por um compositor.

“Vida nordestina” nasce assim, clássica, e com uma letra que Humberto Teixeira, sei não, até assinaria, sobretudo no paradoxo que propõe ao afirmar logo nos primeiros versos, “A vida não é de festa/Para o povo do sertão” e, alguns versos abaixo, poeticamente negar a própria afirmação: “Mas quando é dia de festa/Todo povo do sertão/Dança para aparar as arestas/Do coração/As moças já tão bonitas/Ficam lindas como quê/E o homem nem acredita/No que vê”.

Agora pense na última vez que ouviu uma canção nordestina tão típica e ao mesmo tempo estranhamente original. Como aliás é a vida no sertão ou qualquer vida, original e sempre a mesma. Ou, como na letra de “Vida nordestina”: “Até o lar onde falta o pão/Tem lá seus dias de alegria”.

“Vidas pra contar”, vigésimo terceiro disco de Djavan, conta vidas assim, reais mas sob o filtro da poesia, do espanto pelo detalhe. E revela um compositor tão maduro que consegue ser pessoal seja exercitando seu estilo consagrado, como em “Só pra ser o sol”, seja experimentando outras linguagens, como em “Vidas pra contar”.

Tal maturidade leva Djavan a exercer seu estilo tão marcante em gêneros diversos de música popular – lembrando que sua primeira educação musical foi, ainda menino em Maceió, na eclética coleção de discos do pai de um amigo de colégio e nos programas de auditório não menos ecléticos da Rádio Nacional, que ouvia com a mãe.

Aliás, a canção autobiográfica “Dona do horizonte” narra exatamente essa relação de Djavan com a música a partir da influência da mãe que o fez ouvir Orlando Silva, “Dalva de Oliveira e Angela Maria/Todo dia…”.

No passeio por estilos da música popular, “Ânsia de viver” é um samba sincopado típico de Djavan, que nos lembra ser ele autor de clássicos do gênero (“Flor-de-lis”, “Fato consumado”, etc.). “Não é um bolero” é um bolero estilizado na música e um bolero típico na letra que lamenta a ausência de amor:

13/05 – Lorena – SP

Cervejaria do Gordo

19/05 – Maceió – AL

Acrópole

20/05 – Recife – PE

Classic Hall

26/05 – Salvador – BA

Concha Acústica / TCA

27/05 – Feira de Santana – BA

Ária Hall

09/06 – Belém – PA

Hangar

23/06 – Sorocaba – SP

Clube Recreativo

01/07 – Rio de Janeiro – RJ

Fundição Progresso (Encerramento da turnê)

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